RICARDO FONTOURA - SUPER-HERÓI E MELHOR AMIGO PARA OS QUATRO FILHOS

Como pai, Ricardo teve três características marcantes: foi amoroso, exigente e presente. Os quatro filhos – Rodrigo, Tereza, Henrique e Júlia – tinha verdadeira adoração e admiração pelo pai, uma espécie de herói sem capa.

“A gente era muito próximo. Ele foi meu melhor amigo. Ele me falava tudo, eu falava tudo pra ele. A gente se falava praticamente todos os dias”, disse o primogênito Rodrigo.

Tereza também tem algo a dizer sobre o pai. “Sempre foi um pai muito carinhoso, gostava de brincar com a gente, nos jogava para cima. Quando estava em casa estava sempre nos ensinando, seja a andar de bicicleta, a dirigir. Meu pai sempre me apoiou em tudo, especialmente nos assuntos de educação. Sempre sonhou junto com a gente”.

“Um pai muito amoroso, carinhoso, rigoroso e participativo. Não tinha muito tempo para a gente, mas quando estava conosco estava realmente”, define Henrique. “Quando criança, eu gostava de estar agarrado nas costas dele. Ele entrava na piscina comigo nas costas e saía, dez metros do outro lado”.

A caçula Júlia falou sobre as qualidades de Ricardo. “Meu pai foi uma pessoa especial, um exemplo para a gente de força, de superação, de trabalho. Uma pessoa que sempre conseguiu ser alegre apesar das dificuldades. Era uma pessoa muito cativante também, conquistava as pessoas fácil”.

VIAGENS

Uma marca da relação de Ricardo e Myrinha com os filhos pode ser definida no prazer de compartilhar as muitas viagens. Uma em especial ficou marcada para os quatro: a última viagem que fizeram juntas, só os seis, para a Europa. Estiveram em sete países e, para aproveitar o tempo, às vezes almoçavam dentro do carro, apertado, mas em momentos de amor e comunhão.

LEMBRANÇAS

“Tenho muitas lembranças de nadar com ele na piscina, ele me colocava nas costas e saía mergulhando, eu achava muito bom. Lembro quando íamos ao cinema, quando eu era menor, pegava no braço dele, adorava também”, se recorda Júlia.

Tereza disse não esquecer jamais da viagem que fizeram a Miami, para comprar o enxoval da Alice, sua filha, que nasceu um mês após a morte do avô. “Para ele, do ponto de vista físico, foi um sacrifício, mas ele curtiu cada momento. No último dia, fui agradecer e ele me disse para não demorar a ter outro filho, que ele queria participar também do enxoval do próximo”.

Rodrigo foi a primeira pessoa a saber da morte do pai. Estava no hospital e viu seu mundo desabar. “Foi muito triste, eu estava sozinho, sem ninguém. Fiquei uns 10 minutos, talvez meia hora, no corredor, sem conseguir entrar no quarto, sozinho, chorando muito”.

Henrique conta que, pouco tempo após a morte do pai, sonhou que ele tinha ido à sua casa. Henrique teria mostrado a ele a parte superior do sobrado e, pela primeira vez ele subiu as escadas e esteve ali. “Foi como uma mensagem de que ele está bem, sem dor, sem limitação, em cima, no céu, olhando por nós”.

PAI PRESENTE

O primogênito Rodrigo define o pai como um homem simples, cativante e sem vaidade. “Apesar de todas as adversidades da doença, ele era o mais positivo e alto astral da nossa família, colocando todos para cima. Um exemplo diário de superação e alegria de viver”.

“Saí de casa aos 10 anos para estudar, mas nunca deixamos de ser próximos. Todas as vezes que eu encontrava alguma dificuldade era pra ele que ligava, para ouvir seus conselhos. Ele tinha uma leveza e sensatez para resolver problemas e aconselhar. Simplificava as coisas sem dramatizar. Sempre foi um grande amigo, meu melhor amigo”, completa Rodrigo.

Outra qualidade que o filho admirava no pai era sua fé no potencial das pessoas e o incentivo que dava à formação e a busca por conhecimento. “Meu pai falava sempre que conhecimento era algo que nunca perderíamos, nunca seria tirado de nós”.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 12/04/2022
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