Prévia do livro: Um dia de cada vez memórias de uma família (Meu pai hoje)
Meu pai hoje
A cada segundo, meu pai tem a oportunidade de reconhecer e multiplicar seu reconhecimento por estar limpo hoje e por múltiplos anos. Mostra, em determinados momentos, sendo um homem agradecido por tudo que conseguiu, mas não conhecia o que o reconhecimento tinha a oferecer-lhe, sua vida e o todo em volta. Na vida limpa, é tudo mais fácil que poderia imaginar. Quando entendeu a maneira como ela funciona e o poder que há dentro dele, apreciando o paraíso da vida em sobriedade, houve uma metamorfose incrível em sua vida, comparada entre o passado e hoje. Enquanto vive confuso no cotidiano, e também de época em época, ao parar de viver no aqui e no agora, seus problemas só aumentam progressivamente. Muitas vezes, a vida parece complicada para se entender, segundo ele, principalmente quando se ignoram os problemas. No momento em que parou de beber, confronta-se com um dia confuso, monstruoso até. Querendo acelerar e resolver todos os problemas da vida de uma só vez, isso pode ser desesperador. O poder da mente não alcança a solução quando se pensa que é fraco e incapaz de realizar seus ideais. Em relação a tudo isso, há uma estratégia, que é a meditação. Não ocultando coisa alguma, concluiu que o raciocínio inconsciente sustenta a si próprio e, mais que depressa, fica imobilizado pela imaginação complicada que fez da vida. Satisfeito com a intuição, não precisou de corrigir tudo de uma só vez. Compreendeu ser melhor resolver apenas um problema por dia. Assim as coisas funcionam melhores. Hoje, vive cada momento, assim que ele vai chegando gradualmente. Aprendeu a estar limpo só por hoje e lida com seus problemas do mesmo modo, sempre um momento por dia. O período em que aceitou a adicção serviu como base para o retorno a si mesmo. Não só apenas estacionou a doença, mas se tornou parte do que está estacionado e não, no deserto da adicção. Hoje, meu pai vive com seus filhos e netos, sóbrio, com uma harmonia irradiante. É comum que há discussões em todas as relações. Nunca há vida coletiva perfeita. Uma música de Renato Russo, “Há tempos”, tem o seguinte início: “Parece cocaína, mas é só tristeza”. E finaliza assim: “Disciplina é liberdade; compaixão é fortaleza; ter bondade é ter coragem”. Com essa linda canção filosófica e forças mentais, pode-se esclarecer a vários adictos a importância do ser livre. No tempo do Woodstock, sexo, drogas e rock simbolizavam a liberdade; hoje, inverteu-se a ordem, pois o que simboliza a liberdade é a sobriedade, a serenidade, a força, a fé, a esperança e o esporte, ou seja, as pessoas que praticam esportes, sexo seguro e buscam um equilíbrio alimentar e comportamental são os mais propícios a ter uma longa vida, com qualidade. Sendo uma pessoa viva e inteligente, com todos esses conhecimentos, meu pai se mantém de pé e seguro por um longo tempo e pretende carregar o só por hoje pelo resto da vida. De momentos em momentos, tem uma vida maravilhosa. Fala mais sobre aquilo que leva ao progresso espiritual, o amor ao próximo e uma consequente liberdade em recuperação. Livre como um pássaro, agradece a Deus por ter-se livrado da adicção ativa e pela satisfação de enxergar o mundo de forma diferente, limpo, sereno, sem temer as desgraças que a adicção ativa traz a seu ego e à sua família. Nada é impossível quando a pessoa quer realizar seus ideais, seja eles quais forem, especialmente o de se recuperar e se abster de alguma substância nociva à saúde. Só quem vive esse momento é que sabe que o mais importante é não se expor a essas infidelidades. Nós convidamos para dentro de nós as maiorias das doenças que existem no Universo: enlatados industrializados, legumes, vegetais e frutas com agrotóxicos. Câncer, AIDS, diabetes, hipertensão, AVC, infarto, etc., são consequências de hábitos e costumes que nos conduzem a tais enfermidades. A humanidade não perde por renunciar a alguns desejos e procurar buscar uma nova maneira de viver. É importante trabalhar dentro de cada um de nós a satisfação e o prazer de vivermos limpos e sóbrios em um novo caminho que o mundo nos possa oferecer. Por volta de 2012, meu pai tornou-se uma pessoa dedicada à família, ao trabalho e a si mesmo, sentindo prazer em desfrutar dos anseios naturais da vida, fazendo terapia ocupacional, tais como hortas orgânicas em sua casa, para usufruir de uma série de benefícios, extrair propriedades curativas, com excelência e de procedência. Tudo que deseja é ser e manter a harmonia com os familiares. Quando pensa ou fala algo a respeito de seus ideais, reflete antes e faz cálculos para evitar erros em seus planos de viver livre e limpo, isto é, viver sobriamente. Assim, vai descobrindo que vale a pena ficar limpo só por hoje. Tudo tem funcionado com grande perfeição em seu dia a dia. O que de fato se torna humano é tudo isso que se imagina, raciocina, recorda e que é capaz de ver o conjunto de características comportamentais. Com ligação a esse conjunto, é possível distinguir o que pode daquilo que não pode. Ao descobrir que, quando controlou a auto-obsessão, sentiu um prazer imenso de ter uma visão panorâmica do hoje livre, sendo carinhoso, sereno, dedicado à família, bom amigo e excelente filho, que gosta muito de contos históricos e piadas engraçadas. Dia após dia, ao amanhecer, ele tem um hábito cristão, orar antes de se levantar da cama e ao anoitecer. Isso é o despertar de uma nova maneira de viver e de moralidade. Há uma libertação da razão diante da ética e do convívio social, neste momento de sobriedade em que vive intensamente o hoje. Eudaimonia, segundo o filósofo Aristóteles, é a felicidade que vem de uma vida ativa. O homem quer ser feliz, porém muitas vezes se confunde por não saber o que seja vida feliz. Segundo o pensador, há três tipos de vida: a dos prazeres, a política e a contemplativa. A vida dos prazeres é aquela que se assemelha à vida dos animais, uma busca do prazer desmedido que não seja a felicidade. Vida contemplativa é aquela que leva o homem a tomar consciência de todos seus atos, fazendo-o realmente buscar a felicidade eudaimônica, ou seja, que as práticas sejam voltadas para o fim último para o qual todas as coisas tendem. Aristóteles ainda afirmou que a vida contemplativa levará o homem à felicidade e que as virtudes são o meio-termo das ações humanas, afastando-se das ações viciosas. Hoje, meu pai tem a felicidade de saber que seus netos, Arthur Alves, Amanda Alves, Marcela, Isabela, Mell Luíza e Maria Clara, Rodrigo, o amam muito. São crianças que ele escolheu para serem seus amigos. Graças ao Poder Superior, os netos não pegaram essa fase de adicção ativa. Todos nós somos influenciados na vida, especialmente as crianças, que, ao verem os adultos bebendo, tendem a seguir-lhes o exemplo. Vivemos de exemplos. Somos os costumes e culturas. Se olharmos e enxergarmos as pessoas com alguma ocupação, queremos fazer o mesmo, ou seja, seremos conquistados por tudo aquilo que nos atrai. Todavia há exceções. Existem pessoas e pais alcoólatras e fumantes, porém os filhos e vizinhos não seguem os mesmos caminhos errados. O meu ver, em relação aos comportamentos, há uma porcentagem mínima dos que sabem discernir o certo do errado. De 100 pessoas, tira-se uma, no meio delas que não segue o mesmo caminho. Um exemplo claro é meu pai, fumante. Dos quatro filhos, dois homens e duas mulheres, todos aprenderam a fumar. Eu me conscientizei e deixei esse vício há mais de 15 anos. Cheguei a fumar 3 maços de cigarros por dia. Adquiri complicações de bronquite e circulação sanguínea. Repito que vivemos para satisfazer nossos prazeres, mas com equilíbrio, para evitar os prazeres desmedidos, já que seguimos exemplos, os quais temos de saber filtrar e colocar em prática apenas os bons. Minha mãe costuma dizer que o tempo que passa não volta mais. Por isso, é de suma importância saber usá-lo. Meu pai aprendeu que a felicidade não está no vício das bebidas alcoólicas, mas nos anseios naturais da vida. Com o passar do tempo, a adicção em recuperação só vai fortalecendo a vida. É um perigo parar de buscar apoio em grupos de mútua ajuda. É como se fosse uma membrana que impede o adicto de voltar à velha maneira de viver e pensar. Ao perambular pelas ruas, fica atento à sua adicção, pois, em cada esquina do País, há um bar. Precisamos pôr um fim no passado e não nos agarrar-lhe. Mesmo não frequentando as reuniões, ele consegue equilibrar seu emocional e cultivar o hábito e pensamentos que lhe permitem fazer escolhas com prudência e juízo. Meu pai chegou à conclusão de que, para ter uma vida realizada, feliz e limpa, é necessário renunciar a alguns prazeres. Deve-se evitar ir a locais de ativa, falar sobre seu passado, etc. Posso afirmar que meu pai é uma pessoa feliz e realizada.