Nascida à beira do rio...
num casebre sem eira,
nem beira...
onde as andorinhas
não pousavam,
não cantavam,
nem encantavam.
Os cheiros...
do capinzeiro
adornavam o terreiro.
As águas rolavam...
levavam as dores,
as saudades,
os desejos,
a incompletude.
Os amores...
passeavam pelos arredores,
pelo imaginário,
pelas histórias contadas
na oralidade.
Vida simples,
pé no chão...
fogão a lenha.
Chuveiro de latão.
Com a gênese definida,
pele vermelha de um lado
e a brancura da imigração,
marcaram a estrutura
da vida que se formava.
Para este momento
de pura indefinição
cabe apenas existir.
Embora com a pele branca
sou a alma Puri...
habitante desta Nação.
Na minha suposta
completude...
Indígena
Eu sou!
(Um grito...
neste rito...
confuso e obscuro...
onde serpenteia a emoção brasileira.)
foto by Aldaisa Gonçalves, minha Amiga