DE FEIRANTE A EMPRESÁRIO, UMA ESPINHOSA VIAGEM...

No início dos anos noventa eu era um jovem de vinte anos de idade recém-casado com uma adolescente de quinze anos, buscando meus caminhos na vida. Eram tempos difíceis, de poucas oportunidades, muitas dificuldades financeiras e grandes desafios.

Enquanto eu sonhava com empregos, carreira e ascensão profissional, minha jovem esposa, modestamente, sonhava com um vestido hippie de algum cru, bordado à mão e enfeitado com barbantes; que era vendido na feira hippie, que naquela época funcionava aos domingos em plena Avenida Goiás, no centro de Goiânia. Eu estava desempregado, mas havia recebido o PIS, por conta do meu casamento (pois quem se casava tinha este direito) e depois de fazer algumas compras de mantimentos, fui até aquela feira para satisfazer seu desejo.

Compramos o tal vestido; pronto, sonho realizado. Mas saí dali extremamente impressionado, pois algo havia me chamado a atenção de forma peculiar: A extrema movimentação comercial daquele negócio. Eu nunca tinha visto alguém vender tanto em tão pouco tempo; o pessoal daquele comércio ou banca, mal conseguia atender tantos compradores... Que negócio bom, eu pensei.

Isto “martelou” em minha cabeça por alguns dias até que não aguentei e comentei com minha irmã que prontamente comprou a ideia. Arrancou os forros das cortinas de sua casa, que também eram de algodão cru, e, sendo nossa mãe costureira, nos pusemos a fabricar o produto. Para tanto, desmontamos o vestido que compramos; copiados e o melhoramos, e no domingo seguinte já estávamos lá feira hippie com um pano no chão e cinco vestidos para vender.

A sorte foi lançada e os resultados não tardaram. Vendemos aquelas cinco peças em minutos e fomos reinvestindo o capital em mais produtos...

Foi uma longa e espinhosa viagem, repleta de muito trabalho, dificuldades, determinação, controle e perseverança. Foram anos sem saber o que era viajar, descansar aos finais de semana ou tirar férias; mas, doze anos depois, contávamos quatro lojas em centros comerciais de relevância, como Avenidas 85 e Bernardo Sayão, além de uma indústria que empregava diretamente cento e vinte colaboradores e uma clientela de fazer inveja até aos grandes comerciantes.

Infelizmente esta história não tem um final feliz, pois meu casamento acabou por motivos particulares, e em respeito à minha ex-mulher e filhos, e também à minha irmã que era sócia, optei por deixar a Empresa com elas, já que não aceitaram a divisão. Entendi que para mim seria mais fácil “me virar” dada às experiências e formações que eu tenho. Passados alguns anos depois do meu distanciamento, e sem me deixar ajudá-las, devido ao orgulho, a Empresa veio a falir se desmantelando totalmente.

Lamentável quando vemos nosso trabalho e nossa luta de tantos anos se desfazer e não produzir os resultados que pretendíamos. “A bíblia diz que o salário do pecado é a morte”. Portanto, tiremos essa lição: Executivos não podem pecar contra suas corporações, pois uma Empresa quando morre, morrem juntos empregos, riquezas, oportunidades, esperanças e até mesmo a história de seres humanos.

Dom Luizito
Enviado por Dom Luizito em 10/02/2021
Reeditado em 10/02/2021
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