Tia Lelé - uma mulher Santa, a maior parteira de Urucará AM

RAIMUNDA LOBATO FERREIRA era seu nome, nasceu em 23/01/1910 e faleceu em 24/02/2015 com 105 anos, ontem faria 111 anos. Foi casada com o senhor Mariano Teixeira dos Anjos, (em memória), com quem teve os filhos Roldão, Darcy e Rosária (em memória).

Com a morte de Mariano, foi casada com o senhor Tibúrcio Ferreira da Silva, com quem teve a filha Maria da Luz. Moravam ali bem no final da Rua Crispim Lobo, que depois vinha uma baixada de caminho, até o Bairro dos Pereira. Lembro da casa como se fosse hoje.

Todos os filhos bem criados, orientados para a vida, considero-os meus irmãos, pois tínhamos uma ligação muito afetiva e irmã em Cristo Jesus.

Hoje, já são 36 netos e mais de 100 bisnetos fruto da família dos Anjos da Tia Lelé, uma das famílias mais conhecidas de Urucará.

A Tia Lelé era uma como se fosse uma santa, uma das parteiras mais conhecidas de Urucará. Ela não media esforços para ajudar, estava sempre pronta a atender de dia, a noite, de madrugada, de baixo de chuva... sempre com aquele sorriso e simplicidade.

Na sua profissão como parteira, fez pra mais de 6 mil partos em Urucará e lugares vizinhos, com a intercessão de suas mãos abençoadas. Nós, da família PAES, os 11 filhos da Dona Marion (em memória), nascemos sob os cuidados da Tia Lelé. As pessoas dessa época devem lembrar, quantas famílias que os filhos passaram pelas mãos dela.. não tinha hospital, nem médico, as mulheres tinham as crianças em casa, muitas morriam por não poder ter o bebê. Tinham todo cuidado pós-parto, eram 40 dias de resguardo, de acolhimento e amamentação do bebê, eram alimentadas com galinha de quintal e muito bem cuidadas pela família.

Tia Lelé foi sem igual, nada mais justo um hospital na cidade de Urucará ter feito essa homenagem em seu nome: HOSPITAL RAIMUNDA LOBATO FERREIRA, um hospital de referência na cidade, bem grande e acolhedor.

Tia Lelé, era uma mulher caridosa e ajudava a todos, foi escolhida por Deus para fazer esse trabalho, cuidar dos anjinhos que nasciam. Ela veio à terra com essa missão e soube muito bem cumprir o seu destino e o fazia muito bem feito. Só nos resta agradecer a parteira Tia Lelé, pelos serviços humanitários prestados à população da cidade. Aqui fica meu testemunho e de muitos que ainda estão vivos em Urucará, que podem fazê-lo.

Já era pra ter feito essa homenagem, mas faltava o contato com a família. Nas minhas recordações, ela era uma das principais personalidades da cidade, com a sua dedicação e o seu trabalho comunitário. Não devemos esquecer nunca da parteira Tia Lelé.

Esse registro é para que, não esqueçamos a nossas origens, vivendo o presente e lembrando no futuro do nosso passado.

Salve os escritores e poetas

Viva a Poesia regional

Que de melhor não se tem igual

Manaus, 24/01/2020

José Gomes Paes

Escritor e poeta membro da ABEPPA

Acadêmico e fundador da ALCAMA