MINHA EXISTÊNCIA

Nasci num casarão amplo, portas e janelas sem luxos, pisos de tábuas largas, onde poderia correr solto, e se tombos aconteciam, a mamãe cuidadosa aplicava salmouras que ardiam muito, mas curavam as feridas.

Mais crescido, admirava o Sol nascendo no horizonte lindo e sua amplitude iluminava o céu todo azul, desde o nascente até o poente, e eu, mesmo criança, me extasiava com toda sua pomposidade.

A noite então era uma fulgurante exibição de luzes, onde as estrelinhas piscando, piscando sem cessar, pareciam até querer brincar, como se crianças sapecas fossem.

As Constelações emitiam os primeiros sinais, meio embaçadas, mas já conhecia a Constelação Cruzeiro do Sul, fulgurante e bela e numa simetria perfeita, as Três Marias, estrelas maiores, como se fossem irmãs das estrelinhas sapecas.

Até que, num êxtase de encantamento, via a Lua surgindo toda bela no horizonte distante, iluminando a noite escura e os encantamentos iam aos poucos se revelando, com a calmaria se estendendo em todas as dimensões e a natureza se quedava em silêncio para um necessário repouso.

Tudo isso após o Sol ter cumprido sua estafante jornada e oferecer no seu repousar no horizonte distante, um espetáculo extasiante, pincelando as nuvens adjacentes de lindas cores, desde o amarelo calmo, o laranja um tanto ousado até o vermelho mais forte, e a natureza então convidava todos para um descanso, calmo, sereno, sem atropelos, em busca de um retemperar de energias.

Jairo Valio - 22-11-2020