CAMÕES
Por mares nunca de antes navegados
Um poeta lírico primoroso, autor de alguns dos mais belos sonetos de todos os tempos, que foi imortalizado ao escrever o maior poema épico em língua portuguesa – seguramente, um dos mais importantes do mundo. Este foi Luís Vaz de Camões, personagem que, a despeito de uma vida em que a miséria e a dor lhe foram companheiras, representou, como ninguém, a alma da nação portuguesa e influenciou incontáveis gerações de poetas.
Pode-se dizer que, mesmo sem estar presente na viagem às Índias empreendida pelo navegador Vasco da Gama, entre 1497 e 1498, Camões escreveu um poema em “live-action”, como se lá estivesse. Para isto contribuiu a atribulada vida do próprio poeta como marinheiro, seu longo tempo pelas colônias ultramarinas portuguesas, e o talento narrativo. Nascido mais de vinte e cinco anos após a viagem de seu herói, provavelmente em 1524, em data incerta, Camões publicou os versos de “Os Lusíadas” somente em 1572.
Camões alistou-se na força militar ainda na juventude, e foi mandado para a África. Combatendo os ceutas no Marrocos, perdeu o olho direito. De volta a Portugal, após cinco anos, o poeta vive uma vida de boemia, que chega a leva-lo à cadeia, após uma briga com um funcionário do governo. Data deste período o início da escrita de “Os Lusíadas”. Em 1553, integra uma das expedições de comércio à Índia, repetindo o caminho que Vasco da Gama fizera mais de meio século antes.
O poeta viveu em Goa, participou de ações militares e, ao fim de três anos, acabou por ficar no Oriente, sem condições de voltar a Portugal. Seriam 16 anos longe da terra natal. Há registro de que seu “Auto de Filodemo” chegou a ser representado na Índia. Em uma viagem à China, Camões conhece sua musa oriental, Dinamene. A morte da companheira, afogada, quando os dois navegavam em um rio da Indochina, abalou profundamente o poeta. Camões se salva, assim como preserva os originais de “Os Lusíadas”.
Dinamene é a inspiração para algumas das pérolas da poesia lírica de Camões, como “A saudade do ser amado”, e, após a tragédia pessoal, o poeta vive sempre em situação precária até que amigos conseguem repatria-lo, já em 1570. A sorte começa a virar quando “Os Lusíadas” é publicado, em 1572, com o apoio do rei, D. Sebastião – a quem Camões dedica a obra.
Imediatamente considerado como um incrível feito da poesia épica, comparável às obras de Homero, Virgílio e Dante, o épico português dá ao autor certa tranquilidade no fim da vida, graças a uma pensão paga pelo rei. A obra obtém sucesso de público e crítica, e uma permanência merecida. No texto, Camões fala sobre episódios marcantes da história de Portugal, como se o próprio Vasco da Gama os contasse ao Rei de Melinde – enquanto apresenta a interferência dos deuses gregos.
Camões morre em 10 de junho de 1580, dois anos após D. Sebastião e meses após o sucessor deste, Henrique I, ter morrido sem deixar sucessor – o que iniciaria o domínio espanhol sobre Portugal, a União Ibérica, que duraria 60 anos.
(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)
Por mares nunca de antes navegados
Um poeta lírico primoroso, autor de alguns dos mais belos sonetos de todos os tempos, que foi imortalizado ao escrever o maior poema épico em língua portuguesa – seguramente, um dos mais importantes do mundo. Este foi Luís Vaz de Camões, personagem que, a despeito de uma vida em que a miséria e a dor lhe foram companheiras, representou, como ninguém, a alma da nação portuguesa e influenciou incontáveis gerações de poetas.
Pode-se dizer que, mesmo sem estar presente na viagem às Índias empreendida pelo navegador Vasco da Gama, entre 1497 e 1498, Camões escreveu um poema em “live-action”, como se lá estivesse. Para isto contribuiu a atribulada vida do próprio poeta como marinheiro, seu longo tempo pelas colônias ultramarinas portuguesas, e o talento narrativo. Nascido mais de vinte e cinco anos após a viagem de seu herói, provavelmente em 1524, em data incerta, Camões publicou os versos de “Os Lusíadas” somente em 1572.
Camões alistou-se na força militar ainda na juventude, e foi mandado para a África. Combatendo os ceutas no Marrocos, perdeu o olho direito. De volta a Portugal, após cinco anos, o poeta vive uma vida de boemia, que chega a leva-lo à cadeia, após uma briga com um funcionário do governo. Data deste período o início da escrita de “Os Lusíadas”. Em 1553, integra uma das expedições de comércio à Índia, repetindo o caminho que Vasco da Gama fizera mais de meio século antes.
O poeta viveu em Goa, participou de ações militares e, ao fim de três anos, acabou por ficar no Oriente, sem condições de voltar a Portugal. Seriam 16 anos longe da terra natal. Há registro de que seu “Auto de Filodemo” chegou a ser representado na Índia. Em uma viagem à China, Camões conhece sua musa oriental, Dinamene. A morte da companheira, afogada, quando os dois navegavam em um rio da Indochina, abalou profundamente o poeta. Camões se salva, assim como preserva os originais de “Os Lusíadas”.
Dinamene é a inspiração para algumas das pérolas da poesia lírica de Camões, como “A saudade do ser amado”, e, após a tragédia pessoal, o poeta vive sempre em situação precária até que amigos conseguem repatria-lo, já em 1570. A sorte começa a virar quando “Os Lusíadas” é publicado, em 1572, com o apoio do rei, D. Sebastião – a quem Camões dedica a obra.
Imediatamente considerado como um incrível feito da poesia épica, comparável às obras de Homero, Virgílio e Dante, o épico português dá ao autor certa tranquilidade no fim da vida, graças a uma pensão paga pelo rei. A obra obtém sucesso de público e crítica, e uma permanência merecida. No texto, Camões fala sobre episódios marcantes da história de Portugal, como se o próprio Vasco da Gama os contasse ao Rei de Melinde – enquanto apresenta a interferência dos deuses gregos.
Camões morre em 10 de junho de 1580, dois anos após D. Sebastião e meses após o sucessor deste, Henrique I, ter morrido sem deixar sucessor – o que iniciaria o domínio espanhol sobre Portugal, a União Ibérica, que duraria 60 anos.
(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)