Rivotril, Venlafaxina, Quetros e Carbolitium – A SAGA
A exatos dois anos nove meses e três dias, esses caras de faixas coloridas passaram a fazer parte da minha vida.
Eu não queria não, mas viraram meus parceiros, e tem andado comigo desde então, depois deles cortei a bebida e o cigarro, troquei por visitas mensais a vários doutores e sacrilégios por uma receita azul.
Tudo começou com uma viagem de volta da praia (poucos sabem disso, porem, depois de algum tempo em um sofá de couro do psicologo eu descobri), uma noite virada no transito, uma noite sem dormir, e um trabalho estressante, fez com que a bomba que eu nem sabia que existia estourasse.
Começou com tonturas e palpitações, estratégicas eu diria, as tonturas chegavam no fim do dia e as palpitações as sextas feiras. Talvez era anemia, algo no coração, labirintite... fome?
Suposições à parte, segui meus dias normais com estes incômodos sorrateiros, e quando eu menos esperava, um desmaio, em um dia qualquer abriu a jaula.
Exames, médicos especialistas: Clinico, Genecologista, Neurologista, Cardiologista, endocrinologista... e antes de eu pegar o resultado dos últimos exames, para saber que meu diagnostico era de saudável, até então graças a Deus, um colega de trabalho comentou que teve sintomas parecidos, e com o grau de estresse que eu estava, me deu um cartão um nome, um numero e uma especialidade, psiquiatria e psicoterapia, neste momento eu senti um frio na barriga, achei engraçado, sorri por fora, e gelei por dentro, brinquei: “Não estou doida não!”
Ele falou que era para eu ir so para conversar...
Meu ultimo exame saiu, e o resultado foi aliviante... Saudável, então marquei a primeira de uma infinidade de consultas... pisando em ovos
Cheguei, sentei, esperei, entrei, contei... dos meus sintomas, falei dos resultados dos exames, contei do meu dia a dia, engoli o choro algumas vezes, o doutor sossegado, com alguns budinhas de enfeite...
– Já ouviu falar em Transtorno de Ansiedade?
– Não doutor
– Pois bem, este transtorno é causado.... (parei de ouvir por alguns minutos)
Eu sempre soube que era ansiosa, não ao ponto de ser “transtornada”
– Você sente falta de ar?
Balancei a cabeça confirmando, toda vez que tinha taquicardia ela vinha acompanhada de falta de ar
– Também sinto formigamento nas mãos – completei.
O doutor atencioso, trocava o olhar entre eu e o papel onde anotava tudo que eu falava...
Ele me perguntou mais algumas coisas referentes a agitação do meu dia a dia, enquanto eu olhava pela janela
– O que você tem se chama Transtorno de Ansiedade Generalizada, ou TAG, e eu vou te receitar dois remédios, você vai tomar, e em duas semanas já vai começar a sentir os efeitos, ai você volta daqui um mês.
Confirmei, levantei, peguei a receita: Venlafaxina e Clonazepam... eis que começou a minha saga.