Contatos alucinatórios de terceiro grau
Contatos alucinatórios de terceiro grau
Semana passada estive conversando com a pessoa que, certa feita, me disse que as aulas de pós que eu ministrava aos sábados, não existiam!
Evidentemente a minha primeira reação na época foi de espanto e preocupação (mais o segundo). Afinal eu me preparava, preparava as aulas, os slides e tudo o mais. Ao menos eu tinha esta percepção. Esta sensação.
Na oportunidade tentei racionalizar. A primeira reação foi a de achar que eu estava inscrito no PAC (Programa Alucinatório Complexo), tal o nível de “criatividade alucinatória” pelo qual eu estaria passando.
Eu praticamente me travestia de Comenio (Didactica Magna) para dar as aulas de didática, onde buscava ensinar que era possível ensinar tudo a todos.
E as discussões pós-aula? Isso tornava a tal alucinação ainda mais complexa e criativa. E como se tal não bastasse, eu ainda recebia mails dos alunos com dúvidas e solicitações de material complementar.
Neste caso, seria um caso de alucinação digital ou coisa que o valha.
O fato de eu responder os e mails e anexar arquivos, deveria fazer tudo parte do tal processo.
O mais estranho de tudo era que eu era remunerado pelas aulas dadas. Acho que entraria na rubrica alucinação pecuniária ou remuneratória.
Mais estranho ainda era que eu conseguia pagar contar com a remuneração alucinatória. Deveria se enquadrar em quitação alucinatória.
Tal era a complexidade do processo que eu supunha alucinatório que decidi por um caminho “herético” (herege: aquele que “ousa” decidir) e me decidi por tomar como real aquilo que havia sido classificado como alucinatório. Afinal seria um trabalho de Sísifo, desconstruir tudo aquilo construído com um esmero alucinatório.
Continuei ministrando aulas. Sempre evitei comentar que adorava ensinar pois acho que correria o risco de ouvir falar em “prazer alucinatório”. E me sentir feliz com as alucinações digitais que me pediam novos materiais.
Mas voltando ao tal encontro, não me furtei de comentar com a tal afirmação. Na época, me recordo de que um amigo em comum testemunhou. De tal sorte que até ele achou estranha a afirmação. Ele até disse que tinha a alucinação de me ver dando aulas. Este arcabouço realmente parecia de uma complexidade alucinatória ímpar!
Mas qual não foi a minha surpresa ao comentar com ela a afirmação de anos atrás e ouvir: “Eu nunca falei isso!”
Eu estava chegando ao terceiro nível alucinatório e, o pior, desta vez eu não contava com uma testemunha ocular (e auditiva).
Procuro desesperadamente o e mail do Sipielberg para propor uma parceria para a filmagem. Acho que dá Oscar!
“Otários do mundo, uni-vos!”