segunda parte
Apesar de tudo, Ayrton Senna e todos os outros pilotos concordaram em correr. Ele saiu em primeiro, mas J.J. Lehto deixou morrer sua Benetton, fazendo os outros pilotos desviarem dele. Porém Pedro Lamy, da Lotus-Mugen, bateu na parte traseira de J.J. Lehto, o que levou o safety car à pista por cinco voltas.
Na sétima volta a corrida foi reiniciada, e Ayrton Senna rapidamente fez a terceira melhor volta da corrida, seguido por Michael Schumacher. Ayrton Senna iniciara o que seria a sua última volta. Ele entrou na Curva Tamburello e perdeu o controle do carro, seguindo reto e chocando-se violentamente contra o muro de concreto. A telemetria mostrou que Ayrton Senna, ao notar o descontrole do carro, ainda conseguiu, nessa fração de segundo, reduzir a velocidade de cerca de 300 km/h (195 mph) para cerca de 200 km/h (135 mph).
Os oficiais de pista chegaram à cena do acidente e, ao perceber a gravidade, só puderam esperar a equipe médica. Por um momento a cabeça de Ayrton Senna se mexeu levemente, e o mundo, que assistia pela TV, imaginou que ele estivesse bem, mas esse movimento havia sido causado por um profundo dano cerebral.
Ayrton Senna foi removido de seu carro pelo professor Sidney Watkins, neurocirurgião de renome mundial pertencente aos quadros da Comissão Médica e de Segurança da Fórmula 1 e chefe da equipe médica da corrida, e recebeu os primeiros socorros ainda na pista, ao lado de seu carro destruído, antes de ser levado de helicóptero para o Hospital Maggiore de Bolonha onde, poucas horas depois, foi declarado morto.
Mais tarde o professor Sidney Watkins declarou:
"Ele estava sereno. Eu levantei suas pálpebras e estava claro, por suas pupilas, que ele teve um ferimento maciço no cérebro. Nós o tiramos do cockpit e o pusemos no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, eu senti sua alma partir nesse momento."
Foi encontrado no carro de Ayrton Senna uma bandeira austríaca que, em caso de uma possível vitória, ele empunharia em homenagem ao austríaco Roland Ratzenberger, morto um dia antes.
Foi um Grande Prêmio trágico. Além do acidente de Rubens Barrichello e das mortes de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, o acidente entre J.J. Lehto e Pedro Lamy fez arremessar dois pneus para a arquibancada, ferindo vários torcedores. O italiano Michele Alboreto, da Minardi, perdeu um pneu na saída dos boxes e se chocou contra os mecânicos da Ferrari, ferindo também um mecânico da Lotus.
Não bastando isso, durante alguns minutos as comunicações no circuito entraram em colapso, permitindo que o piloto Erik Comas, da equipe Larousse, deixasse o pit-stop e retornasse à corrida quando ela já havia sido interrompida. Erik Comas somente entendeu o que estava acontecendo quando os fiscais de pista mais próximos ao acidente tremularam nervosamente suas bandeiras vermelhas indicando-lhe a situação. Se não fosse por essa atitude, ele poderia ter se chocado com o helicóptero que se encontrava pousado no asfalto da pista aguardando para levar Ayrton Senna ao hospital.
A imagem de Ayrton Senna apoiado na sua Williams, flagrado pelas TVs, com o olhar distante e perdido, pouco antes do início do Grande Prêmio, ficaria marcada para sempre entre seus fãs.
No Brasil, ficou muito difundida uma frase dita pelo jornalista Roberto Cabrini ao Plantão da Globo, boletim de notícias extraordinário da Rede Globo. Logo após a confirmação da morte de Ayrton Senna, pelo hospital, Roberto Cabrini noticiou dizendo, por telefone:
"Morreu Ayrton Senna da Silva... Uma notícia que a gente nunca gostaria de dar."
Ainda se discute por que Ayrton Senna não foi declarado morto na pista. Especula-se que isso se deve à lei italiana que diz que, quando uma pessoa morre em um evento desportivo, essa morte deve ser investigada, fazendo com que o evento seja cancelado. O diretor do instituto legal de medicina do Porto, Portugal, o professor José Eduardo Pinto da Costa, informa o seguinte:
"Do ponto de vista ético, o tratamento dado a Senna foi errado. Isso se chama distanásia, que significa que uma pessoa esteve mantida viva impropriamente depois que a morte biológica devido aos ferimentos de cérebro tão sérios que o paciente nunca poderia permanecer vivo sem meios mecânicos da sustentação. Não haveria nenhuma perspectiva de vida normal. Mesmo se ele tivesse sido removido do carro quando seu coração ainda estava batendo é irrelevante à determinação de quando morreu. A autópsia mostrou que Senna sofreu fraturas múltiplas na base do crânio, esmagando a testa e rompendo a artéria temporal com hemorragia nas vias respiratórias.
É possível reanimar uma pessoa depois que o coração para de bater com os procedimentos cardiorrespiratórios. No caso de Ayrton, há um ponto sutil: as medidas da ressuscitação foram executadas. Ainda sob o ponto de vista ético isto pode bem ser condenado, porque as medidas não foram em benefício do paciente, mas um pouco porque serviriam ao interesse comercial da organização. A ressuscitação ocorreu de fato, com a traqueostomia e quando a atividade do coração foi restaurada com o auxílio dos procedimentos cardiorrespiratórios. A atitude na pergunta era certamente controversa. Qualquer médico saberia que não havia nenhuma possibilidade de sucesso em restaurar a vida na circunstância em que o Senna tinha sido encontrado."
Rogério Morais Martins afirmou:
"De acordo com o primeiro boletim clínico emitido pela Drª. Maria Teresa Fiandri às 16:30 hs, o paciente Ayrton Senna teve dano de cérebro com choque hemorrágico e encontrava-se em coma profundo. Entretanto, a equipe de médica não notou nenhuma ferida na caixa torácica ou no abdômen. A hemorragia foi causada pela ruptura da artéria temporal. O neurocirurgião que examinou o Senna no hospital mencionou que as circunstâncias não exigiam uma cirurgia porque a ferida foi generalizada no crânio.
Às 18:05 hs, a Drª Maria Teresa Fiandri leu um outro comunicado, com a voz agitada, anunciando que Senna estava morto. Nesse momento ele ainda estava ligado aos equipamentos que mantiveram sua pulsação. A liberação pelas autoridades italianas dos resultados da autópsia de Senna que revelaram que o piloto tinha morrido instantaneamente durante a corrida em Imola, inflamou ainda mais controvérsia. Agora haviam perguntas a serem respondidas pelo diretor da corrida e pelas autoridades médicas. Embora os porta-vozes do hospital indicassem que Senna ainda estava respirando na chegada a Bolonha, a autópsia em Roland Ratzenberger (que morreu um dia antes) indicou que a morte tinha sido instantânea. Sob a lei italiana, uma morte dentro do circuito exigiria o cancelamento da corrida e toda a área deveria ser mantida intacta para a investigação."
Dessa forma, eles teriam evitado a morte de Ayrton Senna.
Os médicos não são capazes de afirmar se Ayrton Senna morreu instantaneamente. Não obstante, estavam bem cientes de que suas possibilidades de sobrevivência eram mínimas. Se vivesse, o dano no cérebro deixá-lo-ia severamente deficiente. Os acidentes como este são quase sempre fatais. Além disso, existem os efeitos no cérebro da desaceleração brusca, que causa dano estrutural aos tecidos cerebrais.
Estima-se que as forças envolvidas no acidente de Ayrton Senna sugerem uma taxa de desaceleração equivalente a uma queda vertical de 30 metros. A autópsia revelou que o impacto a 208 km/h causou os ferimentos múltiplos na base do crânio, tendo por resultado a insuficiência respiratória. Havia um esmagamento do cérebro, que foi arremessado junto à parede do crânio que causa o edema, a hemorragia e o aumento de pressão intra-cranial, junto com a ruptura da artéria temporal que causou a hemorragia nas vias respiratórias e a consequente parada cardíaca.
Funeral
A morte do piloto foi considerada pelos brasileiros como uma tragédia nacional e o governo brasileiro declarou três dias de luto oficial. O governo brasileiro também lhe concedeu honras de chefe de Estado, com a característica salva de tiros. Estima-se que mais de um milhão de pessoas foram às ruas para ver seu ídolo e render-lhe as últimas homenagens, sem contar os milhões que acompanharam pela televisão desde a chegada do avião que trouxe seu corpo no Aeroporto de Guarulhos, às 5h30 hs.
A maioria dos pilotos de Fórmula 1 estiveram presentes no funeral de Ayrton Senna. Porém o então presidente da FIA, Max Mosley, não compareceu, alegando que estava nos funerais de Roland Ratzenberger no dia 7 de maio, em Salzburgo, na Áustria. Max Mosley disse à imprensa, dez anos depois: "Fui a esse funeral porque todos estavam no de Senna. Achei que era importante alguém ir a esse."
Na corrida seguinte, em Mônaco, a FIA decidiu deixar vazias as duas primeiras posições no grid de largada, e elas foram pintadas com as cores das bandeiras brasileira e austríaca, em homenagem a Ayrton Senna e Roland Ratzenberger.
O corpo de Ayrton Senna está sepultado no jazigo 11, quadra 15, sector 7, do Cemitério do Morumbi, em São Paulo.
Legado
Vida Pessoal
Ayrton Senna era devoto do catolicismo e costumava ler a Bíblia durante os voos que fazia entre São Paulo e Europa. Em Senna, documentário sobre sua carreira de piloto, lançado em 2010, Viviane Senna, irmã de Ayrton, revelou que pouco antes de sua morte, ele abriu a Bíblia em uma página:
"Naquela manhã quando ele acordou, pediu a Deus para falar com ele. Abriu a Bíblia e leu um texto que falava que Deus ia dar para ele o maior presente de todos os presentes. Que era Ele mesmo."
Com ajuda do pai, Milton da Silva, do irmão Leonardo Senna e do primo Fábio Machado, Ayrton Senna comandava a holding de empresas da família, a Ayrton Senna Promoções e Empreendimentos. Entre elas, a Ayrton Senna Licensing - criada em 1990 para administrar a concessão do uso da marca (um "S" estilizado, como uma das curvas do autódromo de Interlagos) e a Senna Import - que entre outros, foi responsável pela importação exclusiva para o Brasil de carros da marca Audi. O próprio carro pessoal de Senna em 1994 era um Audi S4.
Ayrton Senna demonstrava publicamente preocupação com a pobreza generalizada no Brasil, especialmente em relação às crianças. Após sua morte, foi descoberto que ele havia doado em segredo uma porção muito grande de sua fortuna pessoal, estimada em cerca de US$ 400 milhões, para ajudar as crianças pobres. Pouco antes de sua morte, ele criou a estrutura de uma organização dedicada às crianças pobres brasileiras, que mais tarde se tornou o Instituto Ayrton Senna.
No futebol, Ayrton Senna se declarava torcedor do Sport Club Corinthians Paulista, fato muito celebrado pela torcida do referido clube por sua própria condição de ídolo nacional.
Na vida afetiva, Ayrton Senna - sempre muito focado em sua carreira - teve somente quatro casos sérios: Liliane Vasconcellos Souza, Adriane Yasmin, Xuxa Meneghel e Adriane Galisteu. Teve um curto namoro com Rosângela Lago Ferreira da Silva, uma menina de Santana, bairro da zona norte de São Paulo.
Casou-se com Liliane Vasconcellos Souza, amiga de infância e namorada na adolescência no Jardim Tremembé, também bairro da zona norte de São Paulo. Os dois chegaram a viver juntos na época em que o piloto competia pela Fórmula Ford 1600, mas a união durou apenas oito meses.
Teve um breve e agitado relacionamento com Xuxa Meneghel e rápidos casos com diversas mulheres, especialmente modelos, como Patrícia Machado, Vanusa Sppindler e Marcella Praddo, que chegou a reclamar de Ayrton Senna a paternidade da filha, Vitória, algo que foi descartado por exames posteriores.
Ayrton Senna iniciou um namoro com Adriane Galisteu após o Grande Prêmio do Brasil de 1993, em festa em uma danceteria de São Paulo. O relacionamento durou até a morte do piloto.
Em Agosto de 1990, em uma entrevista para a resvista Playboy, Ayrton Senna afirmou que, Nelson Piquet não poderia ter feito a insinuação, sugerindo que tinha tido um caso com Catherine Valentim, então mulher do rival.
"Eu conheci a Catherine (Valentim, então mulher de Piquet).", disse Senna
"Conheceu como?", perguntou-lhe a revista.
"Eu a conheci como mulher." respondeu Senna.
Além de Nelson Piquet , o francês Alain Prost, que foi companheiro de Ayrton Senna por duas temporadas na McLaren-Honda, fez uma das rivalidades mais acirradas da história da Fórmula 1. Desde o final do Campeonato de 1988, havia tensão no relacionamento entre ambos, com o francês acusando a McLaren de dar tratamento preferencial a Ayrton Senna. A relação se deteriorou durante a Temporada de 1989, quando ambos já não se falavam. A colisão dos pilotos durante o Grande Prêmio do Japão daquele ano selou o auge da inimizade.
Na Temporada de 1990, Alain Prost trocou a equipe pela Ferrari, e Ayrton Senna daria o troco no rival, em mais um campeonato decidido em uma batida - desta vez favorável ao brasileiro. Mas a relação entre os dois pilotos melhorou após a aposentadoria do francês, e Ayrton Senna e Alain Prost se aproximaram em 1994.
Antes do anúncio da morte de Ayrton Senna, Alain Prost imediatamente havia se solidarizado após o acidente. O francês participou do funeral do piloto.
"O Ayrton e eu tínhamos uma ligação. A sua morte foi o final da minha história com a Fórmula 1. Ninguém pode falar do Ayrton sem falar de mim e ninguém pode falar de mim sem falar dele", declarou Alain Prost. O piloto francês chegou a fazer parte do conselho consultivo do Instituto Ayrton Senna.
Ayrton Senna era amigo íntimo de Gerhard Berger, que foi seu companheiro de equipe na McLaren entre as temporadas 1990 e 1993. Os dois costumavam brincar um com o outro. Gerhard Berger, é citado dizendo: "Ele me ensinou muito sobre nosso esporte, ensinei-o a rir".
No documentário The Right To Win, feito em 2004 como uma homenagem a Ayrton Senna, Frank Williams recordou que, além de um grande piloto, Ayrton Senna "era um homem ainda maior fora do carro que ele estava nele".
Ayrton Senna foi tio do piloto Bruno Senna, filho de Viviane Senna, de quem declarou em 1993: "Se vocês acham que eu sou rápido, esperem para ver meu sobrinho Bruno".
Faleceu aos 34 anos, signo Áries. Até o presente ano de 2012, que se finda, o Brasil não teve mais um piloto brasileiro campeão da Formula 1.
Ayrton Senna, virou lenda, e será cativo nos corações dos fãs e amigos, e porque não dizer até de seus rivais.
billybrasil11@gmail.com
Apesar de tudo, Ayrton Senna e todos os outros pilotos concordaram em correr. Ele saiu em primeiro, mas J.J. Lehto deixou morrer sua Benetton, fazendo os outros pilotos desviarem dele. Porém Pedro Lamy, da Lotus-Mugen, bateu na parte traseira de J.J. Lehto, o que levou o safety car à pista por cinco voltas.
Na sétima volta a corrida foi reiniciada, e Ayrton Senna rapidamente fez a terceira melhor volta da corrida, seguido por Michael Schumacher. Ayrton Senna iniciara o que seria a sua última volta. Ele entrou na Curva Tamburello e perdeu o controle do carro, seguindo reto e chocando-se violentamente contra o muro de concreto. A telemetria mostrou que Ayrton Senna, ao notar o descontrole do carro, ainda conseguiu, nessa fração de segundo, reduzir a velocidade de cerca de 300 km/h (195 mph) para cerca de 200 km/h (135 mph).
Os oficiais de pista chegaram à cena do acidente e, ao perceber a gravidade, só puderam esperar a equipe médica. Por um momento a cabeça de Ayrton Senna se mexeu levemente, e o mundo, que assistia pela TV, imaginou que ele estivesse bem, mas esse movimento havia sido causado por um profundo dano cerebral.
Ayrton Senna foi removido de seu carro pelo professor Sidney Watkins, neurocirurgião de renome mundial pertencente aos quadros da Comissão Médica e de Segurança da Fórmula 1 e chefe da equipe médica da corrida, e recebeu os primeiros socorros ainda na pista, ao lado de seu carro destruído, antes de ser levado de helicóptero para o Hospital Maggiore de Bolonha onde, poucas horas depois, foi declarado morto.
Mais tarde o professor Sidney Watkins declarou:
"Ele estava sereno. Eu levantei suas pálpebras e estava claro, por suas pupilas, que ele teve um ferimento maciço no cérebro. Nós o tiramos do cockpit e o pusemos no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, eu senti sua alma partir nesse momento."
Foi encontrado no carro de Ayrton Senna uma bandeira austríaca que, em caso de uma possível vitória, ele empunharia em homenagem ao austríaco Roland Ratzenberger, morto um dia antes.
Foi um Grande Prêmio trágico. Além do acidente de Rubens Barrichello e das mortes de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, o acidente entre J.J. Lehto e Pedro Lamy fez arremessar dois pneus para a arquibancada, ferindo vários torcedores. O italiano Michele Alboreto, da Minardi, perdeu um pneu na saída dos boxes e se chocou contra os mecânicos da Ferrari, ferindo também um mecânico da Lotus.
Não bastando isso, durante alguns minutos as comunicações no circuito entraram em colapso, permitindo que o piloto Erik Comas, da equipe Larousse, deixasse o pit-stop e retornasse à corrida quando ela já havia sido interrompida. Erik Comas somente entendeu o que estava acontecendo quando os fiscais de pista mais próximos ao acidente tremularam nervosamente suas bandeiras vermelhas indicando-lhe a situação. Se não fosse por essa atitude, ele poderia ter se chocado com o helicóptero que se encontrava pousado no asfalto da pista aguardando para levar Ayrton Senna ao hospital.
A imagem de Ayrton Senna apoiado na sua Williams, flagrado pelas TVs, com o olhar distante e perdido, pouco antes do início do Grande Prêmio, ficaria marcada para sempre entre seus fãs.
No Brasil, ficou muito difundida uma frase dita pelo jornalista Roberto Cabrini ao Plantão da Globo, boletim de notícias extraordinário da Rede Globo. Logo após a confirmação da morte de Ayrton Senna, pelo hospital, Roberto Cabrini noticiou dizendo, por telefone:
"Morreu Ayrton Senna da Silva... Uma notícia que a gente nunca gostaria de dar."
Ainda se discute por que Ayrton Senna não foi declarado morto na pista. Especula-se que isso se deve à lei italiana que diz que, quando uma pessoa morre em um evento desportivo, essa morte deve ser investigada, fazendo com que o evento seja cancelado. O diretor do instituto legal de medicina do Porto, Portugal, o professor José Eduardo Pinto da Costa, informa o seguinte:
"Do ponto de vista ético, o tratamento dado a Senna foi errado. Isso se chama distanásia, que significa que uma pessoa esteve mantida viva impropriamente depois que a morte biológica devido aos ferimentos de cérebro tão sérios que o paciente nunca poderia permanecer vivo sem meios mecânicos da sustentação. Não haveria nenhuma perspectiva de vida normal. Mesmo se ele tivesse sido removido do carro quando seu coração ainda estava batendo é irrelevante à determinação de quando morreu. A autópsia mostrou que Senna sofreu fraturas múltiplas na base do crânio, esmagando a testa e rompendo a artéria temporal com hemorragia nas vias respiratórias.
É possível reanimar uma pessoa depois que o coração para de bater com os procedimentos cardiorrespiratórios. No caso de Ayrton, há um ponto sutil: as medidas da ressuscitação foram executadas. Ainda sob o ponto de vista ético isto pode bem ser condenado, porque as medidas não foram em benefício do paciente, mas um pouco porque serviriam ao interesse comercial da organização. A ressuscitação ocorreu de fato, com a traqueostomia e quando a atividade do coração foi restaurada com o auxílio dos procedimentos cardiorrespiratórios. A atitude na pergunta era certamente controversa. Qualquer médico saberia que não havia nenhuma possibilidade de sucesso em restaurar a vida na circunstância em que o Senna tinha sido encontrado."
Rogério Morais Martins afirmou:
"De acordo com o primeiro boletim clínico emitido pela Drª. Maria Teresa Fiandri às 16:30 hs, o paciente Ayrton Senna teve dano de cérebro com choque hemorrágico e encontrava-se em coma profundo. Entretanto, a equipe de médica não notou nenhuma ferida na caixa torácica ou no abdômen. A hemorragia foi causada pela ruptura da artéria temporal. O neurocirurgião que examinou o Senna no hospital mencionou que as circunstâncias não exigiam uma cirurgia porque a ferida foi generalizada no crânio.
Às 18:05 hs, a Drª Maria Teresa Fiandri leu um outro comunicado, com a voz agitada, anunciando que Senna estava morto. Nesse momento ele ainda estava ligado aos equipamentos que mantiveram sua pulsação. A liberação pelas autoridades italianas dos resultados da autópsia de Senna que revelaram que o piloto tinha morrido instantaneamente durante a corrida em Imola, inflamou ainda mais controvérsia. Agora haviam perguntas a serem respondidas pelo diretor da corrida e pelas autoridades médicas. Embora os porta-vozes do hospital indicassem que Senna ainda estava respirando na chegada a Bolonha, a autópsia em Roland Ratzenberger (que morreu um dia antes) indicou que a morte tinha sido instantânea. Sob a lei italiana, uma morte dentro do circuito exigiria o cancelamento da corrida e toda a área deveria ser mantida intacta para a investigação."
Dessa forma, eles teriam evitado a morte de Ayrton Senna.
Os médicos não são capazes de afirmar se Ayrton Senna morreu instantaneamente. Não obstante, estavam bem cientes de que suas possibilidades de sobrevivência eram mínimas. Se vivesse, o dano no cérebro deixá-lo-ia severamente deficiente. Os acidentes como este são quase sempre fatais. Além disso, existem os efeitos no cérebro da desaceleração brusca, que causa dano estrutural aos tecidos cerebrais.
Estima-se que as forças envolvidas no acidente de Ayrton Senna sugerem uma taxa de desaceleração equivalente a uma queda vertical de 30 metros. A autópsia revelou que o impacto a 208 km/h causou os ferimentos múltiplos na base do crânio, tendo por resultado a insuficiência respiratória. Havia um esmagamento do cérebro, que foi arremessado junto à parede do crânio que causa o edema, a hemorragia e o aumento de pressão intra-cranial, junto com a ruptura da artéria temporal que causou a hemorragia nas vias respiratórias e a consequente parada cardíaca.
Funeral
A morte do piloto foi considerada pelos brasileiros como uma tragédia nacional e o governo brasileiro declarou três dias de luto oficial. O governo brasileiro também lhe concedeu honras de chefe de Estado, com a característica salva de tiros. Estima-se que mais de um milhão de pessoas foram às ruas para ver seu ídolo e render-lhe as últimas homenagens, sem contar os milhões que acompanharam pela televisão desde a chegada do avião que trouxe seu corpo no Aeroporto de Guarulhos, às 5h30 hs.
A maioria dos pilotos de Fórmula 1 estiveram presentes no funeral de Ayrton Senna. Porém o então presidente da FIA, Max Mosley, não compareceu, alegando que estava nos funerais de Roland Ratzenberger no dia 7 de maio, em Salzburgo, na Áustria. Max Mosley disse à imprensa, dez anos depois: "Fui a esse funeral porque todos estavam no de Senna. Achei que era importante alguém ir a esse."
Na corrida seguinte, em Mônaco, a FIA decidiu deixar vazias as duas primeiras posições no grid de largada, e elas foram pintadas com as cores das bandeiras brasileira e austríaca, em homenagem a Ayrton Senna e Roland Ratzenberger.
O corpo de Ayrton Senna está sepultado no jazigo 11, quadra 15, sector 7, do Cemitério do Morumbi, em São Paulo.
Legado
Vida Pessoal
Ayrton Senna era devoto do catolicismo e costumava ler a Bíblia durante os voos que fazia entre São Paulo e Europa. Em Senna, documentário sobre sua carreira de piloto, lançado em 2010, Viviane Senna, irmã de Ayrton, revelou que pouco antes de sua morte, ele abriu a Bíblia em uma página:
"Naquela manhã quando ele acordou, pediu a Deus para falar com ele. Abriu a Bíblia e leu um texto que falava que Deus ia dar para ele o maior presente de todos os presentes. Que era Ele mesmo."
Com ajuda do pai, Milton da Silva, do irmão Leonardo Senna e do primo Fábio Machado, Ayrton Senna comandava a holding de empresas da família, a Ayrton Senna Promoções e Empreendimentos. Entre elas, a Ayrton Senna Licensing - criada em 1990 para administrar a concessão do uso da marca (um "S" estilizado, como uma das curvas do autódromo de Interlagos) e a Senna Import - que entre outros, foi responsável pela importação exclusiva para o Brasil de carros da marca Audi. O próprio carro pessoal de Senna em 1994 era um Audi S4.
Ayrton Senna demonstrava publicamente preocupação com a pobreza generalizada no Brasil, especialmente em relação às crianças. Após sua morte, foi descoberto que ele havia doado em segredo uma porção muito grande de sua fortuna pessoal, estimada em cerca de US$ 400 milhões, para ajudar as crianças pobres. Pouco antes de sua morte, ele criou a estrutura de uma organização dedicada às crianças pobres brasileiras, que mais tarde se tornou o Instituto Ayrton Senna.
No futebol, Ayrton Senna se declarava torcedor do Sport Club Corinthians Paulista, fato muito celebrado pela torcida do referido clube por sua própria condição de ídolo nacional.
Na vida afetiva, Ayrton Senna - sempre muito focado em sua carreira - teve somente quatro casos sérios: Liliane Vasconcellos Souza, Adriane Yasmin, Xuxa Meneghel e Adriane Galisteu. Teve um curto namoro com Rosângela Lago Ferreira da Silva, uma menina de Santana, bairro da zona norte de São Paulo.
Casou-se com Liliane Vasconcellos Souza, amiga de infância e namorada na adolescência no Jardim Tremembé, também bairro da zona norte de São Paulo. Os dois chegaram a viver juntos na época em que o piloto competia pela Fórmula Ford 1600, mas a união durou apenas oito meses.
Teve um breve e agitado relacionamento com Xuxa Meneghel e rápidos casos com diversas mulheres, especialmente modelos, como Patrícia Machado, Vanusa Sppindler e Marcella Praddo, que chegou a reclamar de Ayrton Senna a paternidade da filha, Vitória, algo que foi descartado por exames posteriores.
Ayrton Senna iniciou um namoro com Adriane Galisteu após o Grande Prêmio do Brasil de 1993, em festa em uma danceteria de São Paulo. O relacionamento durou até a morte do piloto.
Em Agosto de 1990, em uma entrevista para a resvista Playboy, Ayrton Senna afirmou que, Nelson Piquet não poderia ter feito a insinuação, sugerindo que tinha tido um caso com Catherine Valentim, então mulher do rival.
"Eu conheci a Catherine (Valentim, então mulher de Piquet).", disse Senna
"Conheceu como?", perguntou-lhe a revista.
"Eu a conheci como mulher." respondeu Senna.
Além de Nelson Piquet , o francês Alain Prost, que foi companheiro de Ayrton Senna por duas temporadas na McLaren-Honda, fez uma das rivalidades mais acirradas da história da Fórmula 1. Desde o final do Campeonato de 1988, havia tensão no relacionamento entre ambos, com o francês acusando a McLaren de dar tratamento preferencial a Ayrton Senna. A relação se deteriorou durante a Temporada de 1989, quando ambos já não se falavam. A colisão dos pilotos durante o Grande Prêmio do Japão daquele ano selou o auge da inimizade.
Na Temporada de 1990, Alain Prost trocou a equipe pela Ferrari, e Ayrton Senna daria o troco no rival, em mais um campeonato decidido em uma batida - desta vez favorável ao brasileiro. Mas a relação entre os dois pilotos melhorou após a aposentadoria do francês, e Ayrton Senna e Alain Prost se aproximaram em 1994.
Antes do anúncio da morte de Ayrton Senna, Alain Prost imediatamente havia se solidarizado após o acidente. O francês participou do funeral do piloto.
"O Ayrton e eu tínhamos uma ligação. A sua morte foi o final da minha história com a Fórmula 1. Ninguém pode falar do Ayrton sem falar de mim e ninguém pode falar de mim sem falar dele", declarou Alain Prost. O piloto francês chegou a fazer parte do conselho consultivo do Instituto Ayrton Senna.
Ayrton Senna era amigo íntimo de Gerhard Berger, que foi seu companheiro de equipe na McLaren entre as temporadas 1990 e 1993. Os dois costumavam brincar um com o outro. Gerhard Berger, é citado dizendo: "Ele me ensinou muito sobre nosso esporte, ensinei-o a rir".
No documentário The Right To Win, feito em 2004 como uma homenagem a Ayrton Senna, Frank Williams recordou que, além de um grande piloto, Ayrton Senna "era um homem ainda maior fora do carro que ele estava nele".
Ayrton Senna foi tio do piloto Bruno Senna, filho de Viviane Senna, de quem declarou em 1993: "Se vocês acham que eu sou rápido, esperem para ver meu sobrinho Bruno".
Faleceu aos 34 anos, signo Áries. Até o presente ano de 2012, que se finda, o Brasil não teve mais um piloto brasileiro campeão da Formula 1.
Ayrton Senna, virou lenda, e será cativo nos corações dos fãs e amigos, e porque não dizer até de seus rivais.
billybrasil11@gmail.com