Luiz Bonfá
LUIZ FLORIANO BONFÁ
(78 anos)
Cantor, Compositor e Violonista
* Rio de Janeiro, RJ (17/10/1922)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/01/2001)-LIBRA
Um dos integrantes do primeiro grupo de músicos da Bossa Nova, compositor de clássicos como "Manhã de Carnaval" e "Samba do Orfeu" (ambas com Antônio Maria), Bonfá começou a tocar violão de ouvido, na infância, no Rio.
Quando completou 12 anos passou a ter aulas com o Uruguaio Isaías Sávio. Tais aulas se tornaram muitos cansativas para Bonfá, que tinha de sair de sua casa na periferia do Rio, andar uma grande parte do caminho a pé e depois pegar um bonde para Santa Teresa, onde morava o professor. Devido à extraordinária dedicação de Bonfá, Isaías não lhe cobrava as aulas.
Na década de 1940 tocou na Rádio Nacional, ao lado de Garoto. Participou de alguns conjuntos, como o Quitandinha Serenaders, até começar a carreira solo, como violonista.
Teve atuação destacada como compositor, e seus primeiros sucessos foram gravados por Dick Farney, em 1953. A peça "Orfeu da Conceição", de Vinicius de Moraes, foi um marco em sua carreira. Tocou violão na gravação do disco da peça em 1956 e, três anos depois, compôs algumas das faixas que compunham a trilha sonora do filme de Marcel Camus, "Orfeu do Carnaval", inspirado na peça.
Manhã de Carnaval, feita para o filme "Orfeu do Carnaval" (1959), tem incontáveis gravações em todo o mundo, a primeira delas feita por Agostinho de Santos. "Não há violonista que não saiba tocar Manhã de Carnaval", sentencia Toquinho, que foi discípulo do mesmo professor de violão de Bonfá, o uruguaio Isaías Sávio. "Manhã de Carnaval é uma música muito simples e muito profunda, por isso é tão especial", explica o violonista Paulinho Nogueira, que conhecia Bonfá de longa data. "Lembro que uma vez, há mais de 30 anos, ele foi me visitar na minha casa, faltou luz e ficamos várias horas tocando no escuro. Esse tipo de coisa não se esquece", diz Nogueira.
Participou do Festival de Bossa Nova no Carnegie Hall em Nova York, 1962, sempre respeitado como compositor refinado e exímio violonista. Uma de suas características é tocar fazendo amplo uso do recurso das cordas soltas, o que confere uma sonoridade ampla e grandiosa. Gravou diversos discos nos EUA que não foram lançados no Brasil. Voltou a gravar no Brasil no fim dos anos 1980 e anos 1990, lançando discos bem-sucedidos também nos Estados Unidos.
"Almost In Love", composição de Bonfá, foi a única música brasileira gravada por Elvis Presley. Frank Sinatra, Sarah Vaughan, George Benson, Tony Bennett, Julio Iglesias, Diana Krall e Luciano Pavarotti são outros intérpretes que já cantaram músicas de Bonfá.
Bonfá foi, como compositor, um dos responsáveis pela transição do samba-canção para a bossa nova, com suas composições do início da década de 50, interpretadas por nomes como Nora Ney, Lúcio Alves e Johnny Alf.
Outros sucessos são "De Cigarro em Cigarro", "Correnteza" (em parceria com Tom Jobim), "The Gentle Rain", "Menina Flor", "Mania de Maria" e "Sem Esse Céu".
Luiz Bonfá sofria de Câncer de Próstata, agravado por Metástase Óssea e uma Isquemia. Ficou internado por 7 dias na clínica Núcleo Integrado de Geriatria (NIG), na Barra da Tijuca, zona oeste, bairro onde morava desde os anos 70, morreu na madrugada do dia 12 de janeiro de 2001, aos 78 anos. Foi enterrado no mesmo dia, às 16h30, no Cemitério Jardim da Saudade.