Julinho Botelho
Faleceu aos 73 anos de idade vítima de problemas cardíacos. Estava morando no bairro da Penha, na zona leste de São Paulo. Aliás, jamais deixou a Penha: nasceu, morreu e foi sepultado na Penha que tanto amava. Tanto que a saudade da Penha foi um dos motivos a determinar sua volta ao futebol do Brasil, para desespero dos torcedores da Fiorentina que simplesmente o idolatravam e continuam a reverenciá-lo.
JÚLIO BOTELHO
(73 anos)
Jogador de Futebol
* São Paulo, SP (29/07/1929)
+ São Paulo, SP (10/01/2003) - LEÃO
Foi um jogador de futebol, um dos maiores pontas direita da história do futebol brasileiro. É um dos maiores ídolos da Portuguesa, Palmeiras e Fiorentina. Sua primeira e única aparição em Copa do Mundo foi em 1954, sendo considerado pela imprensa mundial daquela época um dos melhores jogadores da Copa.
O Ínício de Carreira
Após ser dispensado da categoria de base do Corinthians, onde não se adaptou à posição de ponta-direita, Julinho, com 19 anos, chegou ao clube Atlético Juventus. No entanto sua passagem pelo clube da Mooca foi curta. Sendo promovido para a equipe profissional em 1950, depois de apenas seis meses foi contratado pela Portuguesa por Cr$ 50 mil.
Portuguesa
O recém chegado, logo se tornou titular, estreando contra o Flamengo, no Maracanã, no dia 18 de fevereiro de 1951, jogo que a Portuguesa perdeu por 5 a 2. Seis dias depois, em seu segundo jogo, marcou os seus 2 primeiros gols pela Portuguesa, na vitória de 4 a 2 sobre o América Futebol Clube, no Pacaembu.
Fez 191 partidas pela Portuguesa e marcou 101 gols. Chegango a marcar 4 gols em um mesmo jogo na vitória da Portuguesa sobre o Corinthians por 7 a 3, em 25 de novembro de 1951, no Pacaembu.
Suas atuações lhe renderam a convocação para a Copa do Mundo de 1954. Em julho de 1955, após conquistar seu segundo Torneio Rio-São Paulo, pela Portuguesa, foi vendido para a Fiorentina, da Itália, por US$ 5.500.
Fiorentina
Contratação mais cara da Fiorentina no ano de 1955, Julinho foi destaque na conquista do título italiano da temporada de 1955/1956, na primeira vez em que a equipe de Florença conquistou este título. A Fiorentina foi ainda, com Julinho, vice campeã italiana, nas duas temporadas seguintes.
Certa vez, quando andava de trem na Itália, precisou passar a viagem inteira escondido no banheiro para evitar o assédio dos fãs. Mas, em 1958, já mostrava seu desejo, de retornar à São Paulo. A Fiorentina fez uma proposta irrecusável e ele ficou. Ficou por mais um ano, mas pela vontade de voltar lhe deram o apelido de Senhor Tristeza.
Palmeiras
Voltou ao Brasil em 1959, quando passou a defender o Palmeiras. Fez parte do time que ficou conhecido como Primeira Academia, logo se tornou um dos maiores ídolos do Palmeiras.
Conquistou o Super-Campeonato Paulista contra o Santos Futebol Clube de Pelé. Foi fundamental logo neste seu primeiro título no Palmeiras.
Ganhou ainda, com o Palmeiras, a primeira, Taça Brasil da história do clube. Fez parte do elenco que disputou o jogo histórico em que o Palmeiras vestiu a camisa da Seleção Brasileira e goleou a Seleção Uruguaia por 3 x 0 na inauguração do Mineirão.
Na sua despedida contra o Náutico, saiu aos 32 minutos do primeiro tempo e deu lugar ao peruano Gallardo. Na primeira bola que o peruano errou o estádio inteiro puxou em coro: "Volta Julinho!"
Seleção Brasileira
Defendendo a Seleção Brasileira, realizou um total de 31 partidas, marcando 13 gols. Conquistou o Campeonato Pan-Americano de Futebol de 1952, o vice-campeonato sul-americano em 1953 , disputou a Copa do Mundo de 1954, sendo eleito melhor jogador do torneio, e venceu a Copa Roca de 1960.
Declinou a convocação para Seleção Brasileira de Futebol que disputaria a Copa do Mundo de 1958, alegando como motivo, o fato de que, como não atuava no futebol brasileiro, não seria justo para com os jogadores que atuavam no Brasil, que ele representasse o país em um campeonato mundial.
O dia 13 de maio de 1959 foi marcante para a vida de Júlio Botelho. Naquela ocasião, a Seleção Brasileira enfrentaria no estádio do Maracanã, a Seleção Inglesa em uma partida amistosa.
Quando Júlio Botelho entrou em campo, a expectativa de mais de 100 mil torcedores no Maracanã era de que ele fracassasse, mesmo vestindo na ocasião a camisa sete do Brasil. Era treze de maio de 1959 e o Brasil, recém campeão mundial, recebia em casa a Seleção da Inglaterra para uma partida amistosa. Ponta-direito de qualidade inquestionável, naquela partida o jogador sofria pressão da torcida carioca porque quem amargava o banco de reservas de sua posição era ninguém menos que o botafoguense Mané Garrincha. Ao entrar no gramado e ser anunciado pelo locutor como o titular, Julinho recebeu vaias de toda torcida presente no estádio (protesto que estava sendo preparado há uma semana). Mas, não fosse por ele ter tropeçado no último degrau das escadarias quando subiu ao campo, ninguém diria que realmente as ouviu. Quem impediu que ele caísse foi o goleiro da Inglaterra, que o segurou. Mas o que lhe deu forças de verdade foi o conselho ao pé do ouvido dado pelo companheiro Nilton Santos: "Vai lá e faz eles engolirem essa vaia!". Julinho obedeceu e em cinco minutos de jogo fez jogada na ponta direita e marcou o primeiro. Dez minutos depois deu passe pra Henriquefazer o segundo. Final: Brasil 2 a 0. Saiu aplaudido pela mesma torcida que não o queria em campo e, na manhã seguinte, os jornais ingleses anunciavam: "O Brasil agora tem dois Garrinchas".
Títulos
- Torneio Rio-São Paulo: Portuguesa (1952 e 1955) e Palmeiras (1965)
- Campeonato Italiano: Fiorentina (1955)
- Taça Brasil de Futebol: Palmeiras (1960)
- Campeonato Paulista: Palmeiras (1959, 1963 e 1966)
- Copa Roca: Seleção Brasileira(1960)
- Campeonato Pan-americano: Seleção Brasileira (1956)
Vice-Campeonatos
- Campeonato Italiano: Fiorentina (1956 e 1957)
Morte
Faleceu aos 73 anos de idade vítima de problemas cardíacos. Estava morando no bairro da Penha, na zona leste de São Paulo. Aliás, jamais deixou a Penha: nasceu, morreu e foi sepultado na Penha que tanto amava. Tanto que a saudade da Penha foi um dos motivos a determinar sua volta ao futebol do Brasil, para desespero dos torcedores da Fiorentina que simplesmente o idolatravam e continuam a reverenciá-lo.