João Pernambuco
Os irmãos João, Pedro e José com um amigo, por volta de 1913.
De 1928 até 1935 João Pernambuco morou no casarão da Avenida Mem de Sá, 81, onde funcionava uma república que abrigava, em sua maioria, músicos e jogadores de futebol. Lá João Pernambuco organizava animadas e concorridas rodas de choro que contavam com a participação de Donga, Pixinguinha, Patrício Teixeira, Rogério Guimarães e, ocasionalmente, Villa-Lobos. Foi também neste lugar que João Pernambuco conheceu, por intermédio de seu amigo Levino, um então jovem e promissor violonista chamado Dilermando Reis.
JOÃO TEIXEIRA GUIMARÃES
(63 anos)
Compositor e Violonista
* Jatobá, PE (02/11/1883)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/10/1947) - escorpião
Filho de índia Caeté e de português, com o falecimento do pai em 1891 a mãe casou-se novamente, transferindo-se com a família para o Recife. Começou a tocar viola na infância, por influência dos cantadores e violeiros locais.
Aprendeu a tocar violão com cantadores sertanejos como Bem-Te-Vi, Mandapolão,Manuel Cabeceira, o cego Sinfrônio, Fabião das Queimadas e Cirino Guajurema.
Em 1902 mudou-se para o Rio de Janeiro, passando a residir com sua irmã e empregando-se numa fundição. Seis anos depois passou a trabalhar como servente na prefeitura do Rio, mudando-se para uma pensão no centro da cidade. No Rio travou contato com violonistas populares, ao mesmo tempo em que trabalhava como ferreiro, em jornadas de até dezesseis horas diárias. Para os seus amigos e admiradores, em número sempre crescente, contava e cantava coisas de sua terra, daí o apelido de João Pernambuco.
Já em 1908 era considerado um dos bambas do choro, ao lado de nomes como Quincas Laranjeiras, Ernani Figueiredo, Zé Cavaquinho e Satyro Bilhar.
Compunha músicas de inspiração nordestina, baseadas em cantigas folclóricas. É o caso do hino Luar do Sertão, composto em 1911, seu maior sucesso, não creditado pelo parceiro letrista Catulo da Paixão Cearense, que ficou como o único autor. Pixinguinha certificou em sua entrevista no Museu da Imagem e do Somque ele ouviu João Pernambuco tocá-la antes de Catulo colocar a letra.João Pernambuco e Catulo apresentavam-se juntos em reuniões da classe alta carioca.
Paralelamente ao choro, desenvolvia seu trabalho nas canções regionais através de composições suas e de violeiros e cantadores nordestinos. João Pernambuco também cantava e cantava bem. Nas cordas, além do violão, que manejava com maestria e no qual desenvolveu uma técnica peculiar, era hábil na viola. Compôs mais de cem músicas entre choros, valsas, jongos, maxixes, emboladas, toadas, cocos, prelúdios e estudos.
Em 1916 montou a Troupe Sertaneja, com que se apresentou em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Participou dos Turunas Pernambucanos e dos Oito Batutas, entre 1919 e 1922, ao lado de Pixinguinha, que mais tarde alcançaria fama ao excursionar pela Europa.
Amigos desde 1912, Donga, Pixinguinha, este com quatorze anos, e João Pernambuco, moravam numa república na Rua do Riachuelo 268. Era de lá que saia nos carnavais o Grupo Caxangá e foi também nesta época que produziram Sabia, Os Três Companheiros e Estou Voltando. Estiveram juntos de 1914 até 1919 no Grupo Caxangá e de 1919 até 1922 nos Oito Batutas, que nesta fase era um conjunto predominantemente sertanejo.
Os irmãos João, Pedro e José com um amigo, por volta de 1913.
De 1928 até 1935 João Pernambuco morou no casarão da Avenida Mem de Sá, 81, onde funcionava uma república que abrigava, em sua maioria, músicos e jogadores de futebol. Lá João Pernambuco organizava animadas e concorridas rodas de choro que contavam com a participação de Donga, Pixinguinha, Patrício Teixeira, Rogério Guimarães e, ocasionalmente, Villa-Lobos. Foi também neste lugar que João Pernambuco conheceu, por intermédio de seu amigo Levino, um então jovem e promissor violonista chamado Dilermando Reis.
A santíssima trindade dos precursores do violão brasileiro é constituída por Quincas Laranjeiras, João Pernambuco e Levino Albano da Conceição e a obra violonística de João era de tal densidade e profundidade que a ela assim Villa-Lobos se manifestou:
"…Bach não se envergonharia em assinar os estudos de João Pernambuco como sendo seus…"
O renomado musicólogo Mozart de Araújo não fez por menos:
"João Pernambuco está para o violão assim como Ernesto Nazareth está para o Piano"
O exímio violonista Maurício Carrilho certa vez escreveu o seguinte sobre João Pernambuco e sua música:
"Dificilmente se encontra um violonista brasileiro, seja ele músico erudito ou popular, que não tenha em seu repertório alguma música do João"
Junto com a música de Heitor Villa-Lobos, a obra de João Pernambuco tornou-se "a mais legítima expressão do jeito brasileiro de tocar o violão", acrescentou Maurício.