Aníbal Machado
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ANÍBAL MONTEIRO MACHADO
(69 anos)
Escritor, Professor, Jogador de Futebol e Homem de Teatro
* Sabará, MG (09/12/1894)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/01/1964) - SAGITÁRIO
 
Aníbal Monteiro Machado fez os estudos secundários em Belo Horizonte, no Colégio Dom Viçoso, e no Externato do Ginásioarrow-10x10.png Mineiro, hoje Colégio Estadual. Iniciou o curso superior na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, transferindo-se depois para a de Belo Horizonte, onde se formou em dezembro de 1917.
 
Tornou-se então professor de História Universal num colégio estadual de Minas Gerais e crítico de artes plásticas no Diário de Minas, onde trabalhou com os poetas Carlos Drummond de Andrade e João Alphonsus de Guimaraens. Depois foi Promotor Público, primeiro em Minas Gerais, e em seguida no Rio de Janeiro, na época capital do país (1924).
 
Por não se sentir com vocação para a carreira jurídica, deixou a promotoria para ser professor de literatura do Colégio Pedro II. Exercia o magistério paralelamente a um cargo burocrático no Ministério da Justiça, do qual se demitiu diante da movimentação política que resultou na Revolução de 1930.
 
Começou na literatura quando estudante e, no Rio de Janeiro, ligou-se aos Modernistas, com assídua colaboração nos periódicos Revista de Antropofagia,Estética, Revista Acadêmica e Boletim de Ariel.
 
Eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores organizou, com Sérgio Milliet, o 1º Congresso Brasileiro de Escritores, em 1945. Este congresso, ao defender a liberdade democrática, precipitou o fim da ditadura de Getúlio Vargas.
 
Apesar de sua atuação no meio literário, o primeiro livro, um ensaio sobre cinema, surgiu apenas em 1941 quando já tinha 46 anos. Na ficção, sua estreia em livro foi Vida Feliz (1944), seguindo-se Histórias Reunidas (1955), Cadernos de João(1957) e, postumamente, João Ternura (1965).
 
Marcou sua presença de destaque no panorama do conto brasileiro com textos antológicos, como Viagem aos Seios de Duília, Tati, a Garota e A Morte da Porta-Estandarte.
 
Ligado ao teatro, ajudou a fundar vários grupos teatrais, tais como Os Comediantes, o Teatro Experimental do Negro, Teatro O Tablado e o Teatro Popular Brasileiro.
 
Traduziu peças de Anton Checov e Franz Kafka e escreveu a peça O Piano, adaptada da novela de mesmo nome. Por esta peça, recebeu o Prêmio Cláudio de Sousa, da Academia Brasileira de Letras. Também foi condecorado com a Legião de Honra.
 
Na década de 1960, seus contos A Morte da Porta-EstandarteTati, a Garota e Viagem aos Seios de Duília ganharam versões para o cinema, com colaboração do próprio Aníbal Machado nos roteiros. Manoel Carlos adaptou vários contos de sua obra na telenovela Felicidade, exibida pela Rede Globo em 1991.
 
Teve seis filhas, entre elas a famosa escritora e teatróloga Maria Clara Machado, uma grande cultuadora e guardiã de sua obra.
 
Atlético
 
Aníbal Machado foi também jogador de futebol, e participou do primeiro time titular do Clube Atlético Mineiro, em 1909, entrando para a história do clube por ter marcado o primeiro gol da história do Atlético Mineiro. Jogou por três anos, até se formar em Direito, participando também da diretoria do clube.
 
Importância de Sua Obra
 
Tendo publicado apenas 13 contos, Aníbal Machado produziu, pelo menos, uma obra-prima, Viagem aos Seios de Duília, além de uns cinco ou seis contos notáveis, como O Iniciado do VentoO PianoTati, a Garota e O Telegrama de Ataxerxes (este com um forte acento Kafkiano, embora revestido de um certo humor).
 
Viagem aos Seios de Duília, na opinião dos críticos, não é apenas um dos maiores contos brasileiros, mas merece figurar entre os maiores do conto universal.
 
Este conto narra as desventuras de José Maria, um funcionário público, que sublimou na dedicação ao trabalho a sua solidão, a falta de convívio com as mulheres, a incomunicabilidade. José Maria jamais se libertou da visão de um seio de Duília, quando ambos eram adolescentes. Ao se ver aposentado, depois de estéreis tentativas de, enfim, "viver a vida", o velho funcionário, mais do que nunca, se volta para aquela visão do passado e decide ir à procura da mocinha que lhe proporcionou, talvez, a única coisa boa da sua vida.
 
É um texto magistral sobre a coragem do ser e do vir a ser, sobre a busca de novos desafios e a recusa a considerar aposentadoria como sinônimo de morte, embora esta busca e esta recusa possam ser inúteis.