Oswald de Andrade
JOSÉ OSWALD DE SOUSA DE ANDRADE NOGUEIRA
(64 anos)
Escritor, Ensaísta e Dramaturgo
* SP (11/01/1890)
+ SP (22/10/1954) - CAPRICORNIO
Era filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e de Inês Henriqueta Inglês de Sousa Andrade. Seu nome pronuncia-se com acento na letra a (Oswáld).
Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo, sendo o mais inovador entre estes.
O Papel de Oswald no Modernismo Brasileiro
Um dos mais importantes introdutores do Modernismo no Brasil, foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o Manifesto da Poesia Pau-Brasile o Manifesto Antropófago, bem como do primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloquência romântica, Pau-Brasil.
Muito próximo, no princípio de sua carreira literária, da pessoa de Mário de Andrade, ambos os autores funcionaram como um dínamo na introdução e experimentação do movimento, unidos por uma profunda amizade que durou muito tempo.
Porém, possuindo profundas distinções estéticas em seu trabalho, Oswald de Andrade foi também mais provocador que o seu colega modernista, podendo hoje ser classificado como um polemista. Nesse aspecto não só os seus escritos como as suas aparições públicas serviram para moldar o ambiente modernista da década de 1920 e de 1930.
Foi um dos interventores na Semana de Arte Moderna de 1922. Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência política do país colonizador, Portugal, e por outro consequentemente, havia uma necessidade de se definir o que era a cultura brasileira, o que era o sentir brasileiro, quais os seus modos de expressão próprios. No fundo procurava-se aquilo que Johann Gottfried von Herder definiu como alma nacional (Volksgeist). Esta necessidade de definição do espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro como um todo vai a par com as vanguardas europeias do princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo.
Na sua busca por um caráter nacional (ou falta dele, que Mário de Andrade mostra em Macunaíma), Oswald de Andrade, porém, foi muito além do pensamento romântico, diferentemente de outros modernistas. Nos anos vinte Oswald de Andrade voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte. Fossem elas o romance de idéias, o teatro de tese, o naturalismo, o realismo, o racionalismo e o parnasianismo (por exemplo Olavo Bilac). Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas, primitivas, ou um certo abstracionismo geométrico latente nestas, a recuperação de elementos locais, aliados ao progresso da técnica.
Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em Paris na época do futurismo e do cubismo, que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a africana ou a polinésia, estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da Europa industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de outros povos.
Oswald de Andrade percebeu-se que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes. A partir daí, volta sua poesia para um certo primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.
Representações na cultura
Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Colé Santana no filme Tabu (1982), Flávio Galvão e Ítala Nandi no filme O Homem do Pau-Brasil (1982), Antônio Fagundes no filme Eternamente Pagu (1987) e José Rubens Chachá, nas minisséries Um Só Coração (2004) e JK (2006).
As ideias de Oswald de Andrade influenciaram também diversas áreas da criação artística: na música o Tropicalismo, na poesia o movimento dos concretistas, e no teatro grupos como Teatro Oficina e Cia. Antropofágica têm sua trajetória ligada ao poeta.
Principais obras
Além do Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924) e Manifesto Antropófago (1928), Oswald escreveu:
Poesia
Sendo o mais inovador da linguagem entre os modernistas, abriu caminhos que influenciaram muito a poesia brasileira posterior como a de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto, o Concretismo e Manoel de Barros, bem como à obra do poeta francês Blaise Cendrars, considerado um dos 10 maiores poetas franceses do século XX pelo poeta Paul Eluard.
1925 - Pau-Brasil
1927 - Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade
1945 - Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão
1945 - O Escaravelho de Ouro
1947 - O Cavalo Azul
1947 - Manhã
Romance
Seus romances ainda não são devidamente conhecidos, porém Memórias Sentimentais de João Miramar, por exemplo, foi escrito antes de 1922, antecipando toda a linguagem do Modernismo Brasileiro.
1922-1934 - Os Condenados (trilogia)
1924 - Memórias Sentimentais de João Miramar
1933 - Serafim Ponte Grande
1943 - Marco Zero à Revolução Melancólica
Teatro
Escreveu um dos mais importantes textos teatrais do Brasil, O Rei da Vela, que só foi montado em 1967 pelo diretor José Celso Martinez. As peças de 1916 foram escritas em francês em parceria com Guilherme de Almeida. Os textos da década de 30 trazem conteúdo político e a constante discussão das idéias socialistas e foram os primeiros textos modernos do teatro brasileiro, antecedendo, inclusive, a Nelson Rodrigues.
1916 - Mon Couer Balance e Leur Ame (parceria com Guilherme de Almeida)
1934 - O Homem e o Cavalo
1937 - A Morta
1937 - O Rei da Vela