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HÉLIO OITICICA
(42 anos)
Artista Plástico
* RJ (26/07/1937) + (22/03/1980) - LEÃO
 
Hélio Oiticica foi um pintor, escultor, artista plástico e performático de aspirações anarquistas. É considerado por muitos um dos artistas mais revolucionários de seu tempo e sua obra experimental e inovadora é reconhecida internacionalmente.
 
Hélio Oiticica era filho de José Oiticica Filho, um dos importantes fotógrafos brasileiros, que também era engenheiro, professor de matemática e entomólogo e de Ângela Santos Oiticica. Teve mais dois irmãos, César Cláudio, nascidos respectivamente em 1939 e 1941.
 
A educação de Hélio e seus irmãos começou em sua casa, onde tiveram aulas de matemática, ciências, línguas, história e geografia dadas pelo pai e a mãe. Também teve grande influência em sua formação o avô José Oiticica, conhecido intelectual filólogo, professor, escritor, anarquista e jornalista.
 
No ano de 1947, seu pai, José Oiticica Filho foi premiado com uma bolsa daFundação Guggenheim. A família se mudou para Washington, Estados Unidos, e seu pai passou a trabalhar no United States National Museum - Smithsonian Institution. Ficaram lá por dois anos e Hélio, então com 10, e seus irmãos foram matriculados pela primeira vez numa escola oficial, a Thomson School. A a proximação com a arte se deu nessa época. Hélio e os irmãos tinham à disposição galerias de arte e museus.
 
A família retornou ao Rio de Janeiro, em 1950, e, em 1952, Hélio começou a escrever e a traduzir peças de teatro que encenava em casa com os irmãos. Sua tia, a atriz Sônia Oiticica, passou a o incentivá-lo nessa empreitada.
 
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Primeiras Exposições
 
Durante a II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, realizada em 1953,Hélio Oiticica tomou contato com a obra de Paul KleeAlexander CalderPiet Mondrian e Pablo Picasso, e no ano seguinte começou a estudar pintura com Ivan Serpa. Entrou para o Grupo Frente e junto fez a sua primeira exposição no Museu de Arte Moderna. Nessa época começou a conviver com artistas e críticos, comoLygia ClarkFerreira Gullar e Mário Pedrosa. Sua obra desse período (1955-1957) são pinturas geométricas sob guache e cartão, que resultou em 27 trabalhos nessa técnica, intitulados "Secos", que foram expostos no Rio de Janeiro, naExposição Nacional de Arte Concreta.
 
Paralelo a esse evento esteve presente à polêmica conferência proferida por Décio Pignatari, na "Noite de Arte Concreta" na União Nacional dos Estudantes. Esse evento teve grande importância pois lançou as bases da arte concreta e colocou, de um lado, poetas e críticos como Haroldo de CamposAugusto de Campos,Décio Pignatari e Ferreira Gullar, e de outro, os defensores da arte tradicional.
 
Em 1959, convidado por Lygia Clark e Ferreira Gullar, integrou o Grupo Neoconcreto do Rio de Janeiro e passou a realizar pinturas a óleo sobre tela e compensado. São obras monocromáticas que incluem pinturas triangulares em vermelho e branco. Nesse mesmo ano participou da V Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1960 trabalhou como auxiliar técnico de seu pai, José Oiticica Filho, no Museu Nacional.
 
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Parangolés e Penetráveis
 
A partir do início dos anos 60, Hélio Oiticica começou a definir qual seria o seu papel nas artes plásticas brasileiras e a conceituar uma nova forma de trabalhar, fazendo uso de maneiras que rompiam com a ideia de contemplação estática da tela. Surgiu aí uma proposta da apreciação sensorial mais ampla da obra, através do tato, do olfato, da audição e do paladar. Exemplo disso é o penetrável PN1 e a maquete do "Projeto Cães de Caça", composto de cinco penetráveis (1961) e os bólides, que são as estruturas manuseáveis, chamados de B1 Bólide Caixa 1(1963).
 
No período de 1964, aproximou-se da cultura popular e passou a frequentar aEscola de Samba Estação Primeira de Mangueira, tornando-se passista e integrando-se na comunidade do morro. Vem dessa época o uso da palavraparangolé que passou a designar as obras em que estava trabalhando naquele momento. Os primeiros parangolés se compunham de tenda, estandarte e bandeira e P4, a primeira capa para ser usada sobre o corpo. São obras que causaram polêmicas e ele definia como "antiarte por excelência". Na exposiçãoOpinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, foi proibido de desfilar - os passistas da Mangueira vestiam seus parangolés - nas dependências do museu. Hélio Oiticica realizou a apresentação no jardim, com grande aceitação pública.
 
Hélio Oiticica, além de realizar as sua obras, também teorizava sobre elas em textos como "Os Bólides e o Sistema Espacial Que Neles Se Revela""Bases Fundamentais Para Definição do Parangolé", e "Anotações Sobre o Parangolé", entre muitos outros, que divulgava mimeografadas.
 
Em 1965, começou carreira internacional e realizou exposição, Soundings Two, em Londres, ao lado de obras de DuchampKleeKandinskyMondrianLéger, entre outros.
 
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Em 1967, iniciou suas propostas supra-sensoriais, com os bólides da "Trilogia Sensorial", além dos penetráveis PN2 PN3 que faziam parte da obra Tropicália, mostrada na exposição Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
 
Caetano Veloso usou como cenário a bandeira "Seja Marginal Seja Herói", de Hélio Oiticica, em show na boate Sucata no Rio de Janeiro. A bandeira foi apreendida e o espetáculo suspenso pela Polícia Federal. Essa aproximação com Hélio Oiticica foi de grande importância na definição dos rumos da música brasileira.
 
Além da militância artística no Brasil, a carreira internacional de Hélio Oiticicapassou a tomar grande parte de seu tempo, com exposições e intervenções em Londres, Nova York e Pamplona, a partir dos fins dos de 60 e início dos anos 70.
 
Em 1972, usou o formato super 8 e realizou o filme "Agripina é Roma - Manhattan". O cinema passou a ser uma referência, e em 1973 criou o projeto Quase-Cinema, com a obra "Helena Inventa Ângela Maria", série de slides que evocam a carreira da cantora Ângela Maria.
 
Uma nova série de penetráveis intitulados Magic Square e os objetos Topological Ready-Made Landscapesarrow-10x10.png foram mostrados na exposição Projeto Construtivo Brasileiro, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1977.
 
Em 1979, criou o seu último penetrável chamado "Azul In Azul". Neste ano, Ivan Cardoso realizou o filme "HO", retratando a obra de Hélio Oiticica.
 
No dia 22/03/1980, Hélio Oiticica sofreu um acidente vascular cerebral, vindo a falecer, no Rio de Janeiro.