Foto - Viviane Bueno.

70 anos de Saldino Pires

 

Esse ano o senhor Saldino Antônio Pires comemora 70 anos de vida. Aliás, já comemorou, dia 31 de janeiro. Menciono aqui a passagem de seu aniversário por ser ele uma grande personalidade da cultura charqueadense, uma figura ímpar, eis que não conheço ter existido outra com a mesma vocação e tampouco vejo surgir uma igual para dar prosseguimento ao tipo trabalho específico que ele realiza: com o conteúdo voltado para retratar a comunidade da qual faz parte, em várias frentes de atuação cultural e realização artística.

 

Saldino é jornalista profissional, historiador, escritor, escultor e pintor, sempre, repito, com um trabalho orientado para a história da sua cidade, onde nasceu, sendo descendente de um dos primeiros habitantes dessas terras, Francisco Correia Sarafana. Na área jornalística, foi um dos fundadores e diretor do jornal Folha Mineira, de 1966 a 1986.

 

Além de produtor, é também um ativista da área cultural: foi fundador do Museu de Arte e História de Charqueadas – MAHC, que funciona anexo a prefeitura; primeiro presidente do Conselho Municipal de Cultura; foi responsável pelo acervo do Memorial do Mineiro, situado no Parcão, junto a ERS 401. Isso só para citar uma parte dos frutos de sua militância cultural.

 

Assim, seu nome, por sua produção artística, está ligado aos três dos principais equipamentos culturais da cidade: o Memorial, o MAHC e a Biblioteca Pública Municipal Vera Gauss. No Memorial, sua escultura em cimento armado “Guardião” fica a entrada, lembrando que ali está a tratar-se da atividade exercida pelos trabalhadores mineiros.

 

Na Biblioteca podemos encontrar exemplares de suas três obras sobre a história local: Charqueadas: sua origem, sua história e sua gente, de 1986; Conhecendo Minha Cidade, editada em 1990, 1996 e 2000; e Histórias do povo de Charqueadas: um patrimônio ainda desconhecido, de 2012. No MAHC, suas pinturas já fizeram par com a de outros artistas locais em exposições. Tanto compromisso com a cultura local não passou sem o reconhecimento de seus pares: foi patrono da I Feira do Livro de Charqueadas em 1998 e, em 2006, do II Sarau Literário de Charqueadas, dentre outras homenagens recebidas ao longo dos anos.

 

Na pintura, Saldino começou em 1985, produzindo quadros à óleo, sendo que podemos destacar a série “Retratos de Charqueadas”, onde fez releituras de fotografias referentes a história da cidade. Na capa de seu primeiro livro é possível ver reproduzidas três obras dessa série: “O Sobrado de Charqueadas”, “A Torre de Aço” e “A Procissão dos Navegantes”.

 

Como escritor, ressalta, em seus livros, através de gênero crônica, as histórias características do povo local. Nesse mesmo sentido vão seus trabalhos publicados nas edições da Mostra Literária de Charqueadas de que participou e nos textos expostos nas sete edições do Sarau Literário de Charqueadas, realizadas no Solar Shopping. “O Chafariz da Praça”, crônica publicada em seu mais recente livro, é um exemplo clássico de sua literatura. Podemos citar ainda outros textos marcantes: “Funeral da Pretinha”, “Cadê a ponte, prefeito?” e “Discurso no enterro”.

 

O que está escrito acima resume uma parcela das atividades do cidadão charqueadense Saldino Antônio Pires, cuja biografia se confunde com a cultura e a história local, as quais testemunhou, participou, retratou e traduziu. Realmente, uma figura importante ele. Espero, com esse artigo, fazer justiça a tal importância, divulgando sua dimensão neste ano marcante de sua vida. Valeu seu Saldino!


Publicado dia 25.03.2014 no jornal Portal de Notícias:http://www.portaldenoticias.com.br