Candeia
(43 anos)
Cantor e Compositor
* Rio de Janeiro, RJ (17/08/1935)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/11/1978)
Cantor e Compositor
* Rio de Janeiro, RJ (17/08/1935)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/11/1978)
Era de filho de sambista. Em seus aniversários, a festa era mesmo com feijoada, limão e muito partido alto. No Natal, a situação se repetia.
Seu pai, tipógrafo e flautista, foi, segundo alguns, o criador das Comissões de Frente das escolas de samba. Passava os domingos cantando com os amigos debaixo das amendoeiras do bairro de Oswaldo Cruz. Assim, nascido em casa de bamba, o garoto já frequentava as rodas onde conheceria Zé Com Fome, Luperce Miranda, Claudionor Cruz e outros. Com o tempo, aprendeu violão e cavaquinho, começou a jogar capoeira e a frequentar terreiros de candomblé. Estava se forjando ali o líder que mais tarde seria um dos maiores defensores da cultura afro-brasileira.
Candeia começou a fazer músicas ainda na adolescência. Seu pai tocava flauta e carregava o filho para rodas de samba e de choro em Oswaldo Cruz e Madureira.
Compôs em 1953, aos 17 anos, seu primeiro enredo, Seis Datas Magnas, com Altair Prego: foi quando a Portela realizou a façanha inédita de obter nota máxima em todos os quesitos do desfile (total 400 pontos). É até hoje um dos grandes nomes no panteão da Portela.
No início dos anos 60, dirigiu o conjunto Mensageiros do Samba, no qual participavam Arlindo, Jorge do violão, Picolino, Casquinha e Casemiro.
Em 1961, entrou para a polícia. Tinha fama de truculento e suas atitudes começaram a causar ressentimentos entre seus antigos companheiros. Provavelmente, não imaginava que começava a se abrir caminho para a tragédia que mudaria sua vida. Diz-se que, ao esbofetear uma prostituta no ano de 1965, ela rogou-lhe uma praga; na noite seguinte, após bater em um caminhão de peixe e atirar nos pneus do caminhão, Candeia levou cinco tiros entre eles um atingiu a medula óssea que paralisou para sempre suas pernas.
Viveu os seus últimos treze anos de vida numa cadeira de rodas, em decorrência daquele tiro.
Candeia se aposentou por invalidez após o acidente e pôde, então, se dedicar exclusivamente à música.
Sua vida e obra se transformaram completamente. Em seus sambas, podemos assistir seu doloroso e sereno diálogo com a deficiência e com a morte pressentida: Pintura sem Arte, Peso dos Anos, Anjo Moreno e Eterna Paz são só alguns exemplos.
Recolheu-se em sua casa; não recebia praticamente ninguém. Foi um custo para os amigos como Martinho da Vila e Bibi Ferreira trazerem-no de volta. "De qualquer maneira, meu amor, eu canto", diria ele depois num dos versos que marcaram seu reencontro com a vida.
No curto reinado que lhe restava, dono de uma personalidade rica e forte, Candeia foi líder carismático, afinado com as amarguras e aspirações de seu povo. Fiel à sua vocação de sambista, cantou sua luta em músicas como Dia de Graça e Minha Gente do Morro. Coerente com seus ideais, em dezembro de 1975 fundou a Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico. O documento que delineava os objetivos de sua nova escola dizia: "Escola de Samba é povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura de nosso povo".
No mesmo ano de 75, Candeia compunha seu Testamento de Partideiro, onde dizia: "Quem rezar por mim que o faça sambando".
Em 1978, ano de sua morte, gravou Axé um dos mais importantes discos da história do Samba, porém não chegou a ver o disco pronto. Ainda viu publicado seu livro escrito juntamente com Isnard: Escola de Samba, Árvore que Esqueceu a Raiz.
No dia 16 de Novembro de 1978 decorrente de uma infecção generalizada Candeia parte deixando esposa, filhos, amigos e fãs inconsoláveis.
Porém o maior reconhecimento veio da passarela paulistana durante o ano de 1981, com o enredo "Axé, Sonho de Candeia", a Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, homenageou o grande baluarte em seu desfile...
Voltou a ser lembrado em 1995, quando Martinho da Vila gravou o disco Tá delícia, tá gostoso, no qual incluiu um pout-pourri chamado Em memória de Candeia, que tinha as faixas Dia de graça, Filosofia do samba, De qualquer maneira, Peixeiro grã-fino e Não tem vencedor.
Em 1997 foram relançados em CD três discos de Candeia: Samba da antiga, de 1970, Filosofia do samba, lançado originalmente em 1971, e Samba de roda, de 1974.
Seu pai, tipógrafo e flautista, foi, segundo alguns, o criador das Comissões de Frente das escolas de samba. Passava os domingos cantando com os amigos debaixo das amendoeiras do bairro de Oswaldo Cruz. Assim, nascido em casa de bamba, o garoto já frequentava as rodas onde conheceria Zé Com Fome, Luperce Miranda, Claudionor Cruz e outros. Com o tempo, aprendeu violão e cavaquinho, começou a jogar capoeira e a frequentar terreiros de candomblé. Estava se forjando ali o líder que mais tarde seria um dos maiores defensores da cultura afro-brasileira.
Candeia começou a fazer músicas ainda na adolescência. Seu pai tocava flauta e carregava o filho para rodas de samba e de choro em Oswaldo Cruz e Madureira.
Compôs em 1953, aos 17 anos, seu primeiro enredo, Seis Datas Magnas, com Altair Prego: foi quando a Portela realizou a façanha inédita de obter nota máxima em todos os quesitos do desfile (total 400 pontos). É até hoje um dos grandes nomes no panteão da Portela.
No início dos anos 60, dirigiu o conjunto Mensageiros do Samba, no qual participavam Arlindo, Jorge do violão, Picolino, Casquinha e Casemiro.
Em 1961, entrou para a polícia. Tinha fama de truculento e suas atitudes começaram a causar ressentimentos entre seus antigos companheiros. Provavelmente, não imaginava que começava a se abrir caminho para a tragédia que mudaria sua vida. Diz-se que, ao esbofetear uma prostituta no ano de 1965, ela rogou-lhe uma praga; na noite seguinte, após bater em um caminhão de peixe e atirar nos pneus do caminhão, Candeia levou cinco tiros entre eles um atingiu a medula óssea que paralisou para sempre suas pernas.
Viveu os seus últimos treze anos de vida numa cadeira de rodas, em decorrência daquele tiro.
Candeia se aposentou por invalidez após o acidente e pôde, então, se dedicar exclusivamente à música.
Sua vida e obra se transformaram completamente. Em seus sambas, podemos assistir seu doloroso e sereno diálogo com a deficiência e com a morte pressentida: Pintura sem Arte, Peso dos Anos, Anjo Moreno e Eterna Paz são só alguns exemplos.
Recolheu-se em sua casa; não recebia praticamente ninguém. Foi um custo para os amigos como Martinho da Vila e Bibi Ferreira trazerem-no de volta. "De qualquer maneira, meu amor, eu canto", diria ele depois num dos versos que marcaram seu reencontro com a vida.
No curto reinado que lhe restava, dono de uma personalidade rica e forte, Candeia foi líder carismático, afinado com as amarguras e aspirações de seu povo. Fiel à sua vocação de sambista, cantou sua luta em músicas como Dia de Graça e Minha Gente do Morro. Coerente com seus ideais, em dezembro de 1975 fundou a Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico. O documento que delineava os objetivos de sua nova escola dizia: "Escola de Samba é povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura de nosso povo".
No mesmo ano de 75, Candeia compunha seu Testamento de Partideiro, onde dizia: "Quem rezar por mim que o faça sambando".
Em 1978, ano de sua morte, gravou Axé um dos mais importantes discos da história do Samba, porém não chegou a ver o disco pronto. Ainda viu publicado seu livro escrito juntamente com Isnard: Escola de Samba, Árvore que Esqueceu a Raiz.
No dia 16 de Novembro de 1978 decorrente de uma infecção generalizada Candeia parte deixando esposa, filhos, amigos e fãs inconsoláveis.
Porém o maior reconhecimento veio da passarela paulistana durante o ano de 1981, com o enredo "Axé, Sonho de Candeia", a Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, homenageou o grande baluarte em seu desfile...
Voltou a ser lembrado em 1995, quando Martinho da Vila gravou o disco Tá delícia, tá gostoso, no qual incluiu um pout-pourri chamado Em memória de Candeia, que tinha as faixas Dia de graça, Filosofia do samba, De qualquer maneira, Peixeiro grã-fino e Não tem vencedor.
Em 1997 foram relançados em CD três discos de Candeia: Samba da antiga, de 1970, Filosofia do samba, lançado originalmente em 1971, e Samba de roda, de 1974.