CAMPOS SALLES
* Campinas, SP (15/02/1841) - + Santos, SP (28/06/1913)
(72 anos)
Advogado, Político e Presidente do Brasil
MANUEL FERRAZ DE CAMPOS SALLES
* Campinas, SP (15/02/1841) - + Santos, SP (28/06/1913)
(72 anos)
Advogado, Político e Presidente do Brasil
MANUEL FERRAZ DE CAMPOS SALLES
Manuel Ferraz de Campos Salles foi um advogado e político brasileiro, segundo presidente do estado de São Paulo, de 1896 a 1897 e o quarto presidente da República, entre 1898 e 1902. Filho de Francisco de Paula Salles e Ana Cândida Ferraz de Salles. Casou-se com Anna Gabriella de Campos Salles e tiveram os filhos Leonor e Paulo Campos Salles.
Recebeu o apelido de "Campos Selos", por causa do imposto do selo, sendo vaiado ao deixar a presidência também por causa de sua política de ajuste financeiro que incluiu a retirada de circulação de papel-moeda, o que dificultou o consumo interno e o comércio, política econômica essa que fora mal compreendida pela população brasileira.
Formação e Carreira Política
Bacharel em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo da turma de 1863, ingressou, logo após se formar, no Partido Liberal. A seguir, participou da criação do Partido Republicano Paulista (PRP), em 1873, sendo, portanto, um republicano histórico.
Deputado provincial de 1867 a 1871, vereador em 1872, novamente deputado provincial em 1881, deputado geral, hoje se diz deputado federal, de 1885 a 1888, e deputado provincial em 1889, sempre pelo Partido Republicano Paulista. Foi um dos três únicos republicanos a serem eleitos deputados gerais durante o Império do Brasil.
Com a proclamação da República, foi nomeado ministro da Justiça do governo provisório de Deodoro da Fonseca quando promoveu a instituição do casamento civil e iniciou a elaboração de um Código Civil na República. Substituiu o Código Criminal do Império de 1830, pelo Código Penal da República, através do decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890.
Eleito senador da república em 1891, renunciou ao cargo, em 1896, para se tornar presidente do Estado de São Paulo, cargo que exerceu até 1897, quando renunciou para poder ser candidato à presidência da república. Na comissão de justiça do Senado Federal, trabalhou, entre outros, no projeto de lei sobre crimes de responsabilidade do presidente da República.
Como governador, na época se dizia presidente, enfrentou um surto de febre amarela em todo o estado, um conflito na colônia italiana na capital, uma onda de violência na cidade de Araraquara, no episódio que ficou conhecido como "Linchaquara", e enviou tropas estaduais para combater na Guerra de Canudos - (Veja também: Antônio Conselheiro).
A Estabilidade Política do Brasil
Em 1 de março de 1898, eleito presidente da República. Teve 420.286 votos contra 38.929 votos do seu principal oponente Lauro Sodré. Seu vice-presidente foi Francisco de Assis Rosa e Silva. Campos Salles sucedeu, em 15 de novembro de 1898, o presidente Prudente de Morais, em uma época que a economia brasileira, baseada na exportação de café e borracha, não ia bem. Campos Salles julgava que todos os problemas do Brasil tinham uma única causa: a desvalorização da moeda.
Fez um governo desligado dos partidos políticos, assim expressando sua visão sobre seu governo: "Entendi dever consagrar o meu governo a uma obra puramente de administração, separando-o dos interesses e paixões partidárias, para só cuidar da solução dos complicados problemas que constituem o legado de um longo passado. Compreendi que não seria através da vivacidade incandescente das lutas políticas, aliás sem objetivo, que eu chegaria a salvar os créditos da nação, comprometidos em uma concordata com os credores externos!"
Procurou escolher para seus ministérios técnicos não ligados à política partidária, e se inspirou nos conselhos do presidente americano Benjamin Harrison para organizar sua administração. No livro "Da Propaganda À Presidência", Campos Salles cita o livro de Harrison chamado "Governo E Administração Dos Estados Unidos". Desenvolveu a sua Política dos Estados mais conhecida como Política dos Governadores, através da qual afastou os militares da política e estabeleceu a República Oligárquica, segunda fase da República Velha. E assim se manifestou a respeito: "Outros deram à minha política a denominação de 'Política dos Governadores'. Teriam acertado se dissessem 'Política dos Estados'. Esta denominação exprimiria melhor o meu pensamento!"
E esse seu pensamento foi definido assim por Campos Salles:
"Neste regime, disse eu na minha última mensagem, a verdadeira força política, que no apertado unitarismo do Império residia no poder central, deslocou-se para os Estados. A Política dos Estados, isto é, a política que fortifica os vínculos de harmonia entre os Estados e a União é, pois, na sua essência, a política nacional. É lá, na soma destas unidades autônomas, que se encontra a verdadeira soberania da opinião. O que pensam os Estados pensa a União!"
Através da Política dos Estados, obteve o apoio do Congresso através de relações de apoio mútuo e favorecimento político entre o governo central, representado pelos presidentes da república e os estados, representados pelos respectivos governadores, e municípios, representados pelos coronéis. Era preservada a autonomia e independência dos governos municipais e estaduais desde que os governos municipais apoiassem a política dos governos estaduais, e que, por sua vez, os governos estaduais apoiassem a política do governo federal. Com esta forma de governar Campos Salles conseguiu a estabilidade política do Brasil. Esta política fora iniciada e testada, anteriormente, quando Campos Salles, como governador de São Paulo, garantiu o poder local dos coronéis desde que eles se filiassem ao Partido Republicano Paulista e apoiassem os governadores de São Paulo.
Conseguiu também estabelecer um equilíbrio entre o poder dos estados, como o rodízio de mineiros e paulistas na presidência e na vice-presidência da república, chamada "política do café-com-leite", que foi explicado assim por Campos Salles, assim se expressando em relação à necessidade de ele próprio conduzir sua sucessão presidencial que se daria em 1 de março de 1902, para a qual Campos Salles indicou o paulista Rodrigues Alves como candidato à presidência, e explicou ainda a necessidade de um vice-presidente mineiro: "Se nos achássemos em condições normais de vida política, com partidos políticos bem assinalados entre si, obedecendo cada um à autoridade de seus chefes legítimos… conservar-me-ia em posição neutra para oferecer aos contendores todas as garantias eleitorais, mas bem diversa é a situação da república… e é preciso evitar, com decidido empenho, as agitações sem base no interesse nacional que não serviriam senão para levar à arena política as ambições perturbadoras que têm sido e serão sempre os eternos embaraços a proficuidade da ação administrativa... (e explica a necessidade de um vice-presidente mineiro para Rodrigues Alves). Tenho motivos para acreditar que Minas só aceitará a combinação que também entrar um mineiro e para evitar embaraços julgo conveniente indicar Silviano Brandão para vice presidente!"
Atuação Na Área Econômica
Na economia, a presidência Campos Salles decidiu que a resolução do problema da dívida externa era o primeiro passo a ser tomado. Em Londres, o presidente e os ingleses estabeleceram um acordo, conhecido como "funding loan". Com esse acordo, suspendeu-se por 3 anos o pagamento dos juros da dívida; suspendeu-se por 13 anos o pagamento da dívida externa existente; o valor dos juros e das prestações não pagas se somariam à dívida já existente; a dívida externa brasileira começaria a ser paga em 1911, pelo prazo de 63 anos e com juros de 5% ao ano; as rendas da alfândega do Rio de Janeiro e Santos ficariam hipotecadas aos banqueiros ingleses, como garantia. Então, livre do pagamento das prestações, Campos Salles pôde levar adiante a sua política de saneamento econômico. Combateu a inflação, não emitindo mais dinheiro e retirando de circulação uma parte do papel-moeda emitido pelos governos anteriores. Depois combateu os déficits orçamentários, reduzindo a despesa e aumentando a receita. Joaquim Murtinho, Ministro da Fazenda, cortou o orçamento do Governo Federal, elevou todos os impostos existentes e criou outros. Assim, a despesa fixada que era de R$ 372.812:424$169 para o ano de 1898, caiu para R$ 328.623:257$386 para o ano de 1899, R$ 36.973:646$021 em ouro e R$ 263.162:276$044 em papel-moeda para o ano de 1900, e, em 1901, a despesa fixada caiu para R$ 37.509:984$913 em ouro e R$ 244.514:800$507 em papel-moeda. Finalmente, dedicou-se à valorização da moeda, elevando o câmbio de uma taxa de 48 mil-réis por libra para 14 mil-réis por libra. Sua política foi acusada de extremamente recessiva, para usarmos um termo atual, e chamada de"estagnação forçada", em linguagem da época.
Em 1899, o presidente da Argentina Júlio Roca, visitou o Rio de Janeiro, e, em 1900, Campos Salles retribuiu a sua visita, sendo recebido por um grande público, cerca de um quarto da população portenha, em Buenos Aires (300.000 pessoas do total de 1,2 milhão de habitantes da capital argentina). Campos Salles foi o primeiro presidente brasileiro a viajar ao exterior.
Durante seu governo, Campos Sales criou ainda o Instituto de Manguinhos, que entre outras coisas dedicava-se a fabricação de vacinas contra a peste bubônica. Quando finalmente seu mandato chegou ao fim, Campos Salles governou até 15 de novembro de 1902, deixou o posto vaiado pela população que não foi capaz de compreender a política de ajuste financeiro necessária tomada por Campos Sales. Mas mesmo assim, conseguiu que o Conselheiro Rodrigues Alves, o candidato que indicou para sucessão, vencesse o pleito eleitoral, e como vice-presidente, o mineiro Silviano Brandão, que faleceu, sendo substituído por outro mineiro, o Conselheiro Afonso Pena.
Após o mandato presidencial, foi senador por São Paulo e diplomata na Argentina onde trabalhou com Júlio Roca que também era diplomata e do qual ficara amigo quando ambos foram presidentes. Durante as articulações (demárches) para a eleição presidencial de 1914, seu nome chegou a ser lembrado para a presidência da república, mas faleceu repentinamente, em 1913, quando passava por dificuldades financeiras.
Campos Salles faleceu no dia 28/06/1913, às 3:30 hs, no chalé 17, Hotel de La Plage, Santos, SP, vítima de Hemorragia Cerebral. Campos Salles foi sepultado no Cemitério da Consolação, na cidade de São Paulo.
É homenageado dando seu nome a uma cidade do Ceará: Campos Salles; outra em São Paulo: Salesópolis; a uma importante avenida em Belo Horizonte, Avenida Campos Salles; a uma rua em Campo Grande, MS, a Rua Presidente Manoel Ferraz de Campos Salles, onde está localizado a chefia do Ministério Público daquele estado. Cruzando o Rio Tietê, ligando Barra Bonita a Igaraçu do Tietê, há a Ponte Campos Salles, inaugurada em 1915, obra construída por iniciativa do próprio Campos Salles. Dá o nome a uma importante avenida onde residiu, na cidade de Campinas, Avenida Campos Salles. Na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca também existe uma rua com seu nome. Campos Salles também empresta seu nome a uma importante avenida em Porto Velho, Rondônia.
Ministério de Campos Salles
• Ministério da Justiça e Negócios Interiores:
1. Epitácio da Silva Pessoa (15 de novembro de 1898 - 6 de agosto de 1901)
2. Sabino Barroso (6 de agosto de 1901 - 15 de novembro de 1902)
• Ministério da Marinha:
1. Carlos Baltasar da Silveira, Almirante (15 de novembro de 1898 - 9 de agosto de 1899)
2. José Pinto da Luz, Contra-Almirante (19 de agosto de 1899 - 15 de novembro de 1902)
• Ministério da Guerra:
1. João Nepomuceno de Medeiros Mallet (15 de novembro de 1898 - 5 de novembro de 1902)
2. João Tomás de Cantuária
• Ministério das Relações Exteriores:
1. Olinto de Magalhães (15 de novembro de 1898 - 15 de novembro de 1902)
2. Joaquim Tomás do Amaral (Visconde de Cabo Frio) - Interino
• Ministério da Fazenda:
1. Joaquim Duarte Murtinho (15 de novembro de 1898 - 2 de setembro de 1902)
2. Sabino Alves Barroso Júnior (2 de setembro de 1902 - 15 de novembro de 1902)
• Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas:
1. Severino dos Santos Vieira (15 de novembro de 1898 - 27 de janeiro de 1900)
2. Alfredo Eugênio de Almeida Maia (27 de janeiro de 1900 - 8 de março de 1902)
3. Epitácio da Silva Pessoa (Interino)
4. Antônio Augusto da Silva (8 de março de 1902 - 15 de novembro de 1902)