João Araújo
 
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JOÃO ALFREDO RANGEL DE ARAÚJO
(78 anos)
Empresário e Produtor Musical
* RJ (02/07/1935) + (30/11/2013) - CANCER
 
Caçula de uma família pernambucana com seis filhos, João Alfredo Rangel de Araújo nasceu no Leblon, Rio de Janeiro, em 02/07/1936 e começou sua carreira na indústria musical aos 14 anos, como auxiliar de imprensa na Copacabana Discos, que tinha em seu elenco estrelas como Ângela Maria e Elizeth Cardoso.
 
Passou por diversas gravadoras, incluindo a Odeon, que tinha entre suas estrelas na época  Dorival Caymmi e João Gilberto, e a Philips, na qual foi diretor artístico e ajudou a lançar artistas como Caetano VelosoGal CostaJorge Ben e Djavan.
 
Participou da criação da Som Livre, em 1969. Na gravadora ligada àsOrganizações Globo, que comandou por quase quatro décadas, lançou bem-sucedidas trilhas de novelas e lançou fenômenos de venda como Xuxa. Na empresa, ele possibilitou a criação do disco "Acabou Chorare", dos Novos Baianos.
 
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João Araújo ao lado do filho Cazuza
Sua história como empresário musical ficou em segundo plano a partir do sucesso de Cazuza, seu único filho, nascido do casamento de mais de cinco décadas comLucinha Araújo.
 
Temendo acusações de nepotismo e favorecimento, João Araújo não quis ajudar o filho a princípio, mas foi convencido pelo produtor Guto Graça Melo e pelo jornalista Ezequiel Neves a lançar o disco de estreia do Barão Vermelho, em 1982.
 
A morte de Cazuza foi um baque do qual João Araújo jamais se recuperou. Ele evitava assistir a homenagens ao filho, como o musical teatral atualmente em cartaz.
 
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João Araújo e Lucinha Araujo (Foto: Cristina Granato)
Além de presidir a Som LivreJoão Araújo também foi eleito presidente de honra da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), em 2007, no mesmo ano em que recebeu o prêmio Grammy Latino por sua contribuição à indústria musical.

"A trajetória de João Araújo confunde-se com a história da música brasileira moderna e seus principais movimentos musicais das últimas décadas, desde a Bossa Nova, Jovem Guarda, Tropicalismo e a consolidação do pop rock brasileiro. Sua contribuição para o fortalecimento da indústria da música no Brasil é inestimável."
(Paulo Rosa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Discos na ocasião)
 
"Foi impossível não me lembrar do Cazuza. Ele teria feito alguma gozação, teria achado tudo ridículo, mas depois ia aplaudir e gostar de ver o pai ganhar esse prêmio. Cazuza não teve tempo de ter carreira internacional, ele morreu antes de ver o reconhecimento do seu trabalho fora do Brasil."
(Em entrevista a O Globo logo após ter recebido o Grammy)
 
João Araújo era bom apostador também no pôquer, uma de suas paixões. Tinha emoldurados, na sala de casa, os oito royal street flash -  sequência de dez ao sequências do dez ao ás, todas do mesmo naipe - que fez na vida. Um dos refúgios preferidos de Cazuza, a casa na Fazenda Inglesa, em Petrópolis, foi construída em um terreno ganho no jogo.
 
João Araújo foi representado por Reginaldo Faria no filme "Cazuza - O Tempo Não Para" (2004).
 
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Morte
 
João Araújo morreu às 6:30 hs da manhã de sábado, 30/11/2013, em seu apartamento no Rio de Janeiro, vítima de um ataque cardíaco.
 
João Araújo estava com a saúde fragilizada desde que sofreu uma queda há três semanas, em Angra dos Reis, na qual fraturou a cabeça do fêmur. Internado para uma cirurgia, teve um problema nos rins detectado pelos médicos e passou por hemodiálise. Voltou para casa na segunda-feira, 25/11/2013.
 
"Há dois dias, fumou nove cigarros e tomou um uísque, já proibido pelos médicos. Ele já estava sentindo [que morreria]", disse o deputado federal Miro Teixeira (Pros, RJ), um dos amigos que compareceram ao velório, que aconteceu no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio.
 
O enterro foi marcado para as 17:00 hs de 30/11/2013 no mesmo jazigo em que está Cazuza.
 
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Sérgio Cabral e João Araújo no lançamento do livro "O Tempo Não Para - Viva Cazuza"
(Foto: Cristina Granato)
Em nota, a Som Livre lamentou a morte de João Araújo, a quem chamou de "o mais importante executivo" de sua história.
 
"Ao longo de mais de 35 anos de dedicação à empresa, João estabeleceu as bases da Som Livre, que deve a ele sua história e seu sucesso. João lançou as mais importantes trilhas sonoras da teledramaturgia brasileira e abriu portas para o sucesso de alguns dos principais nomes da música nacional como Novos Baianos, Djavan, Barão Vermelho e, claro, seu querido filho Cazuza. Seu legado como executivo e produtor para a música brasileira pode ser comparado, mas não será superado. Seus amigos, ex-funcionários e admiradores aqui reunidos lhe desejam descanso em paz por eternas e maravilhosas trilhas."
(Comunicado da Som Livre)
 
"Ele é uma pessoa muito querida. Era um amigo pessoal muito querido e uma pessoa de uma importância enorme para a música. É uma perda muito grande!"
(Gloria Perez)
 
"João vai deixar um legado para a música brasileira. Ele fez história"
(Leiloca, ex-As Frenéticas)
 
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Cazuza e seu pai João Araujo
Entre amigos e familiares, estiveram no velório as apresentadoras Xuxa Ana Furtado, o produtor musical Luís Carlos Miele, o escritor Zuenir Ventura, a atrizRosamaria Murtinho, o autor de novelas Gilberto Braga, os diretores da TV GloboDaniel FilhoBoninhoAli Kamel e José Frejat, pai do músico Frejat, que foi parceiro de Cazuza no Barão Vermelho.
 
Xuxa chegou ao velório por volta de 15:00 hs e deixou o cemitério após quase duas horas, chorando muito, ao lado do namorado. O cantor Caetano Veloso também foi ao velório de João Araújo. Ele chegou ao local por volta de 16:30 hs. Pouco depois, a atriz Glória Pires chegou ao velório, acompanhada pelo marido Orlando Morais.
 
"Ele era uma pessoa muito generosa e prestou muito serviço ao país e à música. Temos que reconhecer o trabalho dele. Eu o conhecia há quase tanto tempo quanto Cazuza conheceu Frejat."
(José Frejat)