MISTÉRIO...SEM EXPLICAÇÃO
Não sei precisar minha idade, mas o certo é que eu era muito pequena, talvez cinco anos, calculo. Morávamos em Campos Sales, no Ceará numa rua um pouco afastada, pois de fato consigo me lembrar de um beco sem casas, pouco iluminado, um pouco sombrio, interminável, que a gente passava e foi nesse cenário que aconteceu...
Minha mãe, muito elegante, com seu vestido de cetim de "cor grafite", bordado, bem cinturado e justo, mostrando um par de pernas bem torneadas no equilíbrio de um sapato Luis XV vermelho, que ela adorava. Estava muito bonita, muito elegante. Uma filha de cada lado, segurando sua mão. Também estávamos bem vestidas, iguais (naquela época vestiam as crianças iguais) e seguíamos nosso passeio por esse beco - íamos para a Igreja, único passeio que se podia fazer à noite naquela pequena cidade. Era festejo religioso. Meu pai era músico, mas de dia trabalhava numa beneficiadora e exportadora de algodão e a noite exercia sua profissão de músico e nessa ocasião, estava tocando no Adro da Igreja.
Minha mãe estava distraída, conversando conosco, de repente se deparou com uma figura extremamente alta, magérrima, fantasmagórica, toda vestida de preto e com um chapelão na cabeça, cobrindo quase por completo seu rosto. Ao se aproximar de minha mãe, com sua rosto fino, comprido, olhou-a quase se abaixando, de tão alta que era e falou com uma voz grave, quase masculina: Boa noite! minha mãe ia responder, mas quando olhou para cima e viu aquela estranha criatura sentiu arrepios e um medo assombroso, então ela gritou, tão alto, tão estridente quanto foi possível e nós seguimos gritando em coro! Minha mãe, seguiu correndo, arrastando a minha irmã e eu, se equilibrando naquele salto altíssimo.... nessa altura a elegância já não contava, mas eis que ainda reuniu força e coragem para dar mais uma olhada e.....nada viu!!!!!!!!! sumiu!!!!!!!!!! mais pavor...mais gritos e mais correria, só paramos na Igreja. Ufa!!!!!
De volta para casa, sem coragem para encarar outro encontro fantasmagórico, minha mãe contou o ocorrido e consegiu arrastar algumas pessoas para nos acompanhar. Seguiu aquele cortejo e um vozerio, todo mundo querendo contar história de assombração, nos acompanhando até a nossa residência.
De vez em quando, já adulta, eu sempre perguntava a minha mãe o que ela achava que tinha acontecido, quem seria aquela figura que apareceu na nossa frente, como um fantasma, uma assombração e nunca tivemos uma explicação para tal acontecimento, tampouco pudemos esquecer o episódio, ficou registrado na nossa memória.