CONTO REAL- MINHAS MELHORES AMIGAS
Está aí uma realidade muito estranha na minha vida. Apesar de ser muito amorosa, não tive muitas amigas na infância e adolescência; a juventude foi uma fase muito diferente, que descreverei logo que possível. Assim que mudamos para a nossa casa com quintal, que foi um dos contos reais descritos neste espaço, não passou muitos dias e já comecei a fazer algumas amizades.A primeira amiguinha que eu conheci foi Leonice Miranda, que muitos anos depois nos tornamos comadres.A Léo foi uma menina muito linda; mas sempre maluquinha, mas eu gosto muito dela até hoje. Tenho muitas recordações da nossa amizade, mesmo que ela tenha sido amiga de minhas outras irmãs.Mas nós vivemos momentos de amizade intensa. Participamos de grupo de jovens, estudamos na mesma sala, estudamos as lições juntas até altas horas da noite, juntávamos para comprar os livros meio a meio, uma estudava num dia, a outra no outro dia, matávamos aula juntas, já adolescentes de 13 a 14 anos, arrumávamos namoradinhos escondidos,enfim , nossa amizade foi muito gratificante. Sempre estávamos juntas, íamos juntas para o ginásio, voltávamos juntas, íamos à igreja, participamos de um encontro de jovens que inclusive foi muito emocionante. Conheci a mãe e todos os irmãos dela, gostava muito de passear na casa dela. Dona Alice, sua mãe, foi uma mulher muito sofrida, boa, um exemplo de mãe também. Mas o que mais me agradava na casa da Leonice era ir lá para brincar de boneca e subir nas árvores do quintal da casa dela. Não sei mais quantas bonecas ela tinha, eu ficava fascinada por que não tinha nenhuma, todo natal eu esperava uma boneca de presente mas nunca cheguei a ganhar. A Léo tinha uma boneca de nome Belinha, que realmente era linda, tinha uma de nome Marta Rocha,de louça,mexia o pescoço de um lado e deoutro, muito linda , bem maior que a Belinha e tinha mais não sei quantas. Brincar com a minha amiga era muito bom. Eu cativei outras amigas também, que foram embora da cidade, mudaram para são Paulo, outras para um lugar de nome Mar de Espanha, nunca mais as vi; voltei a ver apenas a Gisa, que pouco tempo atrás,a encontrei em são Paulo e matei a vontade de revê-la.Os meus passeios a casa da Léo eram sempre a tardinha, sua casa ficava a uns duzentos metros da minha ,era muito fácil passear lá. Logo na entrada tinha uma varanda com um muro onde costumávamos sentar para conversarmos. A gente nem precisava ficar muito dentro de casa , às vezes sentávamos num enorme banco na cozinha , conversando, chupando laranjas,e depois íamos para o quintal , que era enorme também; fazíamos como no quintal da minha casa, andávamos debaixo das árvores, subíamos nos pés de manga, goiaba, apreciávamos todas as plantas que víamos. Dona Alice gostava muito de plantas e de criar galinhas. Muitos vasos com variados tipos de plantas cercavam toda a casa, e o galinheiro vivia repleto de frangos, galos e galinhas. Todos os dias, ao amanhecer, pelas madrugadas, da minha cama ouvia os galos da dona Alice cantarem. Tudo era uma nostalgia, tive muitos momentos bons para compensar os maus. E como se fosse coincidência, a bondosa dona Alice também era costureira, fazia tapetes, fazia colchas enfeitadas de fuxicos coloridos, colcha de retalhos, flores, e muitas outras coisas, além de cuidar dos filhos e da casa. Mas cada dia que passava nas nossas vidas , retinha mais imagens e recordações, parece que eu sabia que um dia iria relatar tudo para o mundo inteiro ler. E olhe que nem luz e água tinha na nossa rua, foi uma peleja até que chegasse esses benefícios, junto com calçamento, saneamento, água tratada, energia elétrica,rede de esgoto; mas a nossa mente era tão imune a maldades que nem sentíamos falta dessas coisas. Era tudo natural, o importante era a família estar sempre reunida, passando juntos pelas mesmas aflições, sofrimentos e trabalho.Estou findando mais este conto real, o próximo será de uma amiga em especial. Até breve, caros leitores. Um abraço e mais beijos de luz. Amo vocês.