Conto real- Continuação de Infinitas Lembranças
 
Nesta minha  nova narração quero falar sobre um passeio que fiz com o meu tio-avô,irmão do meu avô, que  apareceu na nossa cidade, em nossa casa, pra visitar os meus pais e também para vender fumo de rolo para o meu pai vender no mercado. Todos já sabem da estória dos meus pais. Entretanto, esse meu tio-avô de nome Sebastião Rafael, aparecia sempre  em casa para o comércio do fumo. Numa de suas vindas, pedi a minha mãe que me deixasse  ir com ele para Tuparecê, onde depois eu voltaria e ficaria uns dias na casa da minha tia Zilda Rafael, irmã do meu pai.Contente com a liberação da minha mãe, arrumei  as poucas roupas, vestidos, que eu tinha coloquei numa sacola e peguei a estrada , quer dizer, o ônibus que iria nos levar até Medina. E de lá ainda não sabia como chegaria a Tuparecê.
Durante a viagem, uma paisagem que muito me encantou ,e me encanta até hoje, é o rio Jequitinhonha, que atravessa  as cidades de Itaobim e Medina. Pois bem,  antes de chegar a Medina, meu tio pediu  ao motorista que parasse, e logo me vi andando por uma estrada bastante pedregosa, cheia de curvas, um pouco íngreme  e perguntei ao tio se a gente ia a pé. Ele respondeu que sim. Como eu ainda era uma criança de dez anos não reclamei, pois  caminhar era muito bom. No percurso  passei por lajedos, que na época era uma característica da estrada, passar sobre eles era muito bom, e ainda com uma aguazinha escorrendo para ir derramar em uma pequena cachoeira  cercada de várias árvores frondosas. Havia também as porteiras que eu abria com o maior prazer. Lembro que estávamos no mês de Janeiro, e o sol neste dia estava escaldante.
Depois de umas três a quatro horas de caminhada avistava-se um pequeno povoado no meio de vários montes e colinas verdejantes, ao longe também se via o gado branquinho que pastava pelas montanhas. Mas a essa altura eu já estava cansada, mas rapidinho acabamos de chegar. Foi o tempo de chegar, tomar um banho , comer alguma coisa, conhecer a minha tia, duas primas que eu não esqueci até hoje e cair na cama. Foi um sono só. Ah! Que cansaço gostoso!!! Como criança se recupera logo, acordei cedo no outro dia; e junto comigo as minhas primas. Assim  que pudemos, minha tia pediu que elas me levassem no meu avô Antônio, ele estava lá , quer dizer ele morava lá. Foi um reencontro  amoroso. Rever a minha avó Ana, o meu avô Antônio, conhecer a humilde casa que eles moravam também. Casa muito simples, acho que até mais simples que a do meu pai. Já tinha ouvido na minha casa que o meu avô Antônio tinha sido dono de loja em Tuparecê, mas não sei qual o fim da estória. Mas  a casa era aconchegante. Café quentinho, bolo, biscoito de goma, camas muito rústicas, mas como foi bom deitar nelas!!!Parecia que eu estava na melhor cama do mundo.
Mais  tarde fui conhecer minha tia Zulmira, mãe de muitos primos meus, mas lembro apenas da minha prima Dora, prima Ana, o meu tio que foi casado com ela, era irmão do meu pai, mas era  falecido. Era tocador de voilão. Mas não cheguei a conhecê-lo. A minha prima Dora, por ser mais velha que eu, quando me viu, me pegou nos seus braços e até me levantou no ar. Fiquei muito emocionada com tamanha recepção. À tardinha voltamos para casa do tio Sebastião. Ainda fiquei uns três dias lá antes de ir para  a roça de outros parentes para conhecê-los. Arrumei a minha sacolinha de roupas  acompanhada pelas minhas primas. Embrenhamos caminho adentro para chegarmos na roça da minha tia Gina, outra irmã do meu pai. No caminho, via-se muitos precipícios, que abrigavam enormes árvores, um emaranhado de galhos e folhas, uns passarinhos que cantavam uma melodia triste a medida que passávamos pelo caminho. Também não demorou muito para chegarmos. Eram tantos primos que nem sei falar o nome de todos, mas era uma família batalhadora e muito hospitaleira. Fiquei vários dias na roça, uns dez dias que passei naquele lugar encantador. A casa era construída mais em cima de um morro, toda cercada de madeira, com porteira que dava subida para ir mais alto no morro,dentro da casa logo na soleira da porta , via-se  um fogão a lenha, bem grande , branquinho, pois era pintado de tabatinga todos os dias para não empretar por causa da fumaça que saía da lenha. Mas  aquilo pra mim era lindo, pois logo me veio a lembrança  do fogão a lenha na fazenda do meu avô Clemente Moreira, na Itinga. Os quartos da casa ficavam mais escondidos,  a sala enorme era bem centralizada, com mesa e cadeira de madeira bem rústicas, toalha florida, vaso com flores naturais, margaridas se não me engano, no canto da parede uma  bacia pequena de lavar rosto, com uma toalha branca pendurada num prego, e um jarro com água fresca, água que vinha da nascente que ficava  ali perto mesmo,nascente que ia descendo, descendo até desembocar num poço. Era neste poço que tomávamos banho, pois fazia calor naquele mês. Eu estava de férias e queria passear. Sei que desfrutei da comida caseira da minha tia, biscoitos de goma, beiju doce e salgado, pamonha, milho verde cozido,mingau de milho, angu,frango caipira cozido com cheiro verde, nossa, era tanta coisa gostosa que sinto o gosto na minha boca até hoje. Costumava ir no lugar onde se preparava a  farinha, depois o beiju. Só não consegui aprender como se faz.Fui tão feliz ali, que nunca mais experimentei aquela sensação de tamanha felicidade junto a meus parentes. Como também não havia luz elétrica, a noite era iluminada pela lua, pelas estrelas e pelos vários lampiões a querosene que tinha na casa. As camas eram limpinhas, lençóis cheirosos, aroma de flores vindo de fora. Havia uma escada dentro da sala que levava a outra sala, bem maior que a que descrevi primeiro,onde era rodeada com enormes bancos, com redes pra descansar e para ali naquele canto da casa sempre íamos e conversávamos bastante sobre tudo que vinha na nossa cabeça.
Mas os dias passaram e tive que voltar para Tuparecê.  Mas ainda deu tempo de conhecer a minha prima Kátia, de ir na casa dela, andarmos a cavalo pelas pradarias verdes,tomar leite fresquinho tirado na hora, conhecer mais uma irmã do meu pai, a tia Alzeni, que hoje mora em Belo-Horizonte.Ainda em tuparecê conheci um lugar de nome Buraquinho, onde havia tipo uma cachoeira, que descia formando enormes poços , onde várias mulheres apanhavam água nos potes, lavavam roupas, rvores.jpg?width=500crianças tomavam banho. Aquele  lugar também não esqueci jamais. Ao passar esses dias em  tuparecê  meu tio  me trouxe para Medina, onde eu iria conhecer o meu padrinho de nome Eugênio, que só me vira, quando me batizou, e também conhecer a minha tia Zilda. Também fiquei muito surpresa pois conheci mais primos , e reencontrei os meus avós que estavam lá olhando a casa, pois meus tios iam viajar. Depois que conheci o meu padrinho, e foi a primeira e última vez que o vi, pois não passara muitos anos e ele falecera, conheci também o meu primo Jáder Rafael , um menino muito lindo de olhos verdes. Os quais nunca esqueci a doçura com que me olhava, mas foi tudo ilusão de criança.
  Alguém me colocou no ônibus de volta para Itambacuri, não me lembro quem,sei que voltei com a mente colorida de tantos passeios  e brincadeiras, ressalto que dias felizes como aqueles nunca mais passei em minha vida.
 
Deixo um abraço a todos. Retornarei breve.

margarethrafael
Enviado por margarethrafael em 30/06/2012
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