CHARLES BAUDELAIRE
E a colheita das Flores do Mal
Para a poesia, e a literatura como um todo, o ano de 1857 marca um divisor de águas – talvez, o primeiro sopro do modernismo, que afetou também as outras artes, como a pintura e a música. Vivendo ainda os ecos do turbilhão que foi o Romantismo, o poeta francês Charles Baudelaire publicava naquele ano “As Flores do Mal”, escrevendo definitivamente seu nome na história das letras.
Porém, a aceitação do livro, bem como a vida do poeta, não foram fáceis. O livro, considerado pelas autoridades imoral e ofensivo à religião, lhe rendeu um processo, a apreensão dos exemplares e a condenação ao pagamento de uma multa de 300 francos. Seis poemas tiveram de ser suprimidos. Como ressalta o poeta Manuel Bandeira, em seu prefácio para a tradução de algumas das flores do mal por Guilherme de Almeida, “por causa do título, porque nos seus poemas falasse muito de Satã, de vinho e dos paraísos artificiais que se encontram nos entorpecentes, o poeta foi mal compreendido”.
Charles Baudelaire nasceu em 9 de abril de 1821, em Paris, em família abastada, mas viveu seu primeiro revés aos seis anos de idade, com a morte de seu pai. A mãe casou-se de novo, mas o espírito naturalmente rebelde e sensível do jovem Baudelaire não permitiu que ele e seu padrasto se entendessem. Teve uma vida escolar atribulada, e, aos 19 anos, foi “embarcado” pelo padrasto em um navio para uma viagem a Índia, com o objetivo de afastá-lo da vida boêmia e da vocação literária.
No meio da viagem, Baudelaire retorna a Paris, vivendo longe da família – sem recursos e com a saúde instável. Porém, é nesse período que começa a ser notado por outros grandes poetas, como Téophile Gautier – que comporia com o próprio Baudelaire, com Leconte de Lisle e Théodore de Banville o grupo que ficou conhecido como “Os Tetrarcas”. Quando atinge a maioridade e toma posse da herança deixada pelo pai, o poeta vive de forma pródiga durante dois anos, até ser interditado pela mãe.
Mesmo com a grandeza inegável de As Flores do Mal, Baudelaire ainda deixou marcadas outras obras relevantes, que não podem ser afastadas de sua biografia, com temas que, muitas vezes, provocaram escândalo em sua época. Algumas dessas obras foram publicadas apenas depois da morte do escritor. Destaque para “La Farfalo” (1847), “Paraísos Artificiais” (1860), “Miudezas” (1866), “Pequenos poemas em prosa” (1869) e “O Princípio Poético” (1876).
Não só por seus poemas, como também pelas críticas de arte e traduções que publicava, Baudelaire obteve notoriedade. Seus textos sobre as drogas, como o haxixe e o ópio, anteciparam em um século a estética pop lisérgica da geração hippie. A má recepção de “As Flores do Mal” pelas autoridades não refletiu a influência do livro nos meios intelectuais na França e em todo o mundo, em fins do século XIX. Foram poemas definitivos.
Baudelaire, após mais de um ano sofrendo por uma paralisia, resultante de sífilis, morreu nos braços da mãe em 31 de agosto de 1867, em Paris.
(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)
Porém, a aceitação do livro, bem como a vida do poeta, não foram fáceis. O livro, considerado pelas autoridades imoral e ofensivo à religião, lhe rendeu um processo, a apreensão dos exemplares e a condenação ao pagamento de uma multa de 300 francos. Seis poemas tiveram de ser suprimidos. Como ressalta o poeta Manuel Bandeira, em seu prefácio para a tradução de algumas das flores do mal por Guilherme de Almeida, “por causa do título, porque nos seus poemas falasse muito de Satã, de vinho e dos paraísos artificiais que se encontram nos entorpecentes, o poeta foi mal compreendido”.
Charles Baudelaire nasceu em 9 de abril de 1821, em Paris, em família abastada, mas viveu seu primeiro revés aos seis anos de idade, com a morte de seu pai. A mãe casou-se de novo, mas o espírito naturalmente rebelde e sensível do jovem Baudelaire não permitiu que ele e seu padrasto se entendessem. Teve uma vida escolar atribulada, e, aos 19 anos, foi “embarcado” pelo padrasto em um navio para uma viagem a Índia, com o objetivo de afastá-lo da vida boêmia e da vocação literária.
No meio da viagem, Baudelaire retorna a Paris, vivendo longe da família – sem recursos e com a saúde instável. Porém, é nesse período que começa a ser notado por outros grandes poetas, como Téophile Gautier – que comporia com o próprio Baudelaire, com Leconte de Lisle e Théodore de Banville o grupo que ficou conhecido como “Os Tetrarcas”. Quando atinge a maioridade e toma posse da herança deixada pelo pai, o poeta vive de forma pródiga durante dois anos, até ser interditado pela mãe.
Mesmo com a grandeza inegável de As Flores do Mal, Baudelaire ainda deixou marcadas outras obras relevantes, que não podem ser afastadas de sua biografia, com temas que, muitas vezes, provocaram escândalo em sua época. Algumas dessas obras foram publicadas apenas depois da morte do escritor. Destaque para “La Farfalo” (1847), “Paraísos Artificiais” (1860), “Miudezas” (1866), “Pequenos poemas em prosa” (1869) e “O Princípio Poético” (1876).
Não só por seus poemas, como também pelas críticas de arte e traduções que publicava, Baudelaire obteve notoriedade. Seus textos sobre as drogas, como o haxixe e o ópio, anteciparam em um século a estética pop lisérgica da geração hippie. A má recepção de “As Flores do Mal” pelas autoridades não refletiu a influência do livro nos meios intelectuais na França e em todo o mundo, em fins do século XIX. Foram poemas definitivos.
Baudelaire, após mais de um ano sofrendo por uma paralisia, resultante de sífilis, morreu nos braços da mãe em 31 de agosto de 1867, em Paris.
(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)