CASIMIRO DE ABREU: O POETA DA SAUDADE

Notas Biográficas

 

Casimiro José Marques de Abreu (Casimiro de Abreu), um dos mais populares poetas do romantismo, nasceu em Barra de São João, estado do Rio, a quatro de janeiro de 1839. Filho natural dum comerciante português e uma viúva fazendeira. Seu pai quer que o poeta, também, pratique o comércio, profissão a que este era totalmente avesso - a vida literária e boêmia era muito mais sedutora. Entretanto, a contragosto divide seu tempo entre a atividade comercial e a literária. Em 1853 embarca Para Portugal. Em Lisboa inicia sua produção literária; além de vários poemas, escreve (1856) e encena num dos teatros da capital portuguesa a peça teatral Camões e o Jaú. Em 1857 retorna ao Brasil para trabalhar no armazém de seu pai. 

Casimiro pertence à segunda geração da poesia romântica; geração de poetas que morreram prematuramente, na casa dos vinte anos, acometidos do "mal" byroniano ou "mal" do século. Sua poesia, reflexo autobiográfico dos transes imaginários e verídicos, está centrada em dois temas fundamentais: a saudade (da terra natal, da infância e da família) e o lirismo-amoroso (desilusões e emoções do amor adolescente). A melancolia que atravessa os dois primeiros poemas, sustentando a nota depressiva que os caracteriza, atinge o ápice em Minh'alma é Triste:

Minh'alma é Triste (fragmento)

Minh'alma é triste como a voz do sino

Carpindo¹ o morto sobre a laje fria;             ¹chorando, pranteando.

E doce e grave qual no templo um hino,

Ou como a prece ao desmaiar do dia.

Poeta nato, Casimiro soube exprimir com muita fluência e naturalidade, as crises próprias.

Amor e Medo (fragmento)

Como te enganas! Meu amor é chama

Que se alimenta no voraz segredo,

E se te fujo é que te adoro louco...

És bela – eu moço; tens amor – eu medo!...

Casimiro, o poeta do amor e da saudade, cantou a sua terra, os sítios de sua infância e as recordações de toda a ordem com sentida e comovedora emoção; veja o fragmento abaixo:

Eis meu lar, minha casa, meus amores,

A terra onde nasci, meu teto amigo,

A gruta, a sombra, a solidão, o rio

Onde o amor me nasceu, cresceu comigo.

Em 1859, publica, com recursos paternos, seu único livro de poemas As Primaveras; porventura um dos mais lidos de nossos livros de versos. No ano seguinte se manifesta a tuberculose que o vitimaria a 18 de outubro 1860, com a idade de 23 anos.. Afora o livro de poesia deixou duas narrativas: Carolina e Camila.

Debalde eu olho e procuro...

Tudo escuro

Só vejo em roda de mim!

Falta a luz do lar paterno

Doce e terno,

Doce e terno para mim. ®Sérgio.

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Para Saber Mais: Obras de Casimiro de Abreu, organizado por Souza da Silveira, São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1940. / Magalhães Junior. Poesia e Vida de Casimiro de Abreu. São Paulo, Ed. Américas, 1965.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 22/12/2011
Reeditado em 22/12/2011
Código do texto: T3401553