TCHEKHOV

Mestre do conto e do teatro
 
 
   Um homem que revolucionou a forma de escrever contos e, ao mesmo tempo, conseguiu construir uma obra teatral admirada e encenada mais de um século após a sua morte – esse poderia ser o resumo da importância de Anton Pavlovitch Tchekhov (ou Checov) para as letras modernas. Nascido em 17 de janeiro de 1860 em Taganrog, na Rússia, o escritor era neto de um ex-servo que comprou sua liberdade e filho de um comerciante humilde. Estudou em um dos melhores liceus da cidade, conseguiu uma bolsa de estudos para cursar Medicina e destacou-se pelo talento para escrever.
   Ao longo da vida, o escritor caracterizou-se por tomar atitudes fortes – como, por exemplo, ao romper com a Academia um ano após ter sido aceito, em protesto contra a expulsão por motivos políticos do então jovem escritor Maximo Gorki. Exerceu com sucesso a Medicina, em paralelo à literatura e a publicação de suas histórias em jornais. Era bastante rigoroso e fazia diversas correções em seus textos até alcançar o resultado desejado.
   As peças de Tchekhov foram o veículo ideal para que seu amigo Stanislaviski moldasse uma forma muito realista de fazer teatro (e chegasse ao seu famoso “método”). O autor refletiu em sua obra a crise e a decadência da Rússia czarista e o pessimismo da virada do século. Tchekhov era um hábil cronista social, que denunciava a desigualdade vigente e falava com igual facilidade de todas as classes sociais.
   Sua primeira peça é “Ivanov” (1887) – para escrevê-la, visitou uma penitenciária para pesquisar e denunciar as condições em que viviam os prisioneiros. Essa seria a tônica de sua obra. As peças de maior importância, encenadas até hoje à exaustão, são “A Gaivota” (1896), “Tio Vânia” (1900), “Três irmãs” (1901) e “O jardim das cerejeiras” (1904). Ele inovou especialmente ao desenvolver a chamada “ação indireta” – que se desenvolve fora do palco, com informações que surgiam nos diálogos. O clima era realista, chegando a ser sombrio, e Tchekhov mergulhou na psicologia do povo russo –por extensão, da humanidade.
   É certo que a parceria Stanislaviski-Tchekhov, tendo por veículo o Teatro de Arte de Moscou (Tchekhov, aliás, casou-se com uma atriz do grupo, Olga Leonardovna), criou um novo ponto de mudança na arte teatral, influenciando gerações futuras. O escritor faleceu em 15 de julho de 1904, vítima da tuberculose, em Badenweiler, e sua obra completa – incluindo cartas elivros de viagem – foi publicada em 1929.
 

(Parte da coletânea GENTE DE TEATRO, de William Mendonça. Direitos reservados.)