MULHER CELTA - UMA ARTESÃ DA ILHA DE SANTA CATARINA

No dia 13 de junho de 1958 às 22h, numa sexta-feira de lua cheia; "Dia de Santo Antônio", nasceu uma menina na Ilha de Santa Catarina/BR. Ela chorou forte ao sair do ventre materno, proclamando ao mundo a sua vinda. Uma menina com muitos dons, capaz de encantar o mundo com seu jeito de ser e estar... A menina se tornou Mãe, Esposa, Contadora de Histórias... Uma pessoa especial! Assim nasceu uma Celta no Santuário das Bruxas. Alguns dizem que ela é Fada, já outros afirmam que é uma Bruxa. Será?

Assim, uma jovem senhora, conhecedora da "Alquimia da Reciclagem", teve um sonho onde se viu criando e recriando coisas, com materiais muito simples - coisas que podem ser encontradas em qualquer lugar, principalmente nas lixeiras das casa, dos edifícios... No lixão mais próximo.

Ao acordar, a jovem senhora já não era mais a mesma. Sua cabeça trabalhou, praticamente, uma noite inteira, imaginando um pouco de tudo o que ela poderia fazer com os objetos descartados, sem utilidades para seus antigos donos. Ainda bem que ela acordou dessa noite inequecível... Foi fazer sua higiene matutina, tomar o primeiro café do dia (ela tomava muitos cafézinhos), chamou o marido e falou:

__ Querido, hoje o dia promete... Tive um sonho muito importante e não posso perdê-lo, por isso, hoje não poderei fazer o almoço, nem coisa algum, somente o que me foi mostarado nessa noite. Sente-se que vou te contar o que aconteceu.

O maridão, como sempre, sentou pra ouvir as boas novas da criativa esposa. Após contar tudo nos mínimos detalhes ao companheiro, a jovem senhora lhe perguntou com aquele jeitinho todo especial:

__ Hoje, você faz o almoço pra mim?

__ Claro que faço!

__ Cuida das crianças, também? Você sabe, assim que me sentar para fazer tudo o que está aqui dentro de minha cabeça, posso esquecer de fazer as coisas de casa.

__ Vá, ande logo..., antes que tudo o que está nesta cabecinho se evapore! Eheheheh....

A jovem senhora beijou carinhosamente o esposo, e saiu correndo ao encontro do novo mundo que acabara de se abrir para ela. O dia foi cheio na vida deste casal, que a partir daí, a mulher nunca mais parou de procurar coisas usadas, velhas e descartadas, com as quais ela criou maravilhas. E o marido nunca mais teve sossego, tendo que cozinhar todos dias.

O tempo foi passando muito rápido na vida do casal, onde tudo foi acontecendo do jeito que a jovem senhora ia imaginando. Com garrafas PET, ela fazia formas figurativas (bonecos, animais, brinquedos e jogos educativos, amuletos...), tudo o que se possa imaginar. Suas mãos pareciam mágicas... Com folhas de jornais, revistas, etc. e outros objetos (garrafas, caixas, potes plásticos, fita crepe (o único máterial não reciclável), cola caseira (grude de farinha de trigo velho), tintas de todas as marcas (recicladas) e muita imaginação), a misteriosa mulher fazia tudo o que queria.

Assim, a jovem senhora que nunca aparentava a idade que tinha, passou a ser conhecida, no século atual, como "Bruxa da Mata - A Mulher Celta", que nascera numa noite de lua cheia, "Dia de Sto Antônio", numa pacata cidade, cercado de matas e pelo mar, no tempo em que o tempo levava muito tempo pra passar. Tempo em que os vizinhos se conheciam, se falavam debruçados(as) nas janelas de suas casas à beira mar, saiam de casa para os seus afazeres, deixando portas e janelas abertas, roupas no varal de arames enfarpados - sem medo de serem roubados e nem agredidos.

A cidade, mais tarde conhecida pela sua beleza e magia, atraiu pessoas de todas as partes do país e do mundo. A cidade cresceu em nome do progresso e o sosego dos ilhéus acabou. Mas a Mulher Celta, continua firme no seu laboratório.

Esta mulher arranja tempo pra tudo... Para criar, acariciar os filhos, o marido, os seus animais de estimação, dar atenção à sua mãe que ainda vive, às irmãs...

A Mulher Celta não nasceu num berço de ouro. Nasceu numa família simples, onde mulher precisava somente de algumas coisas: aprender a escrever o seu nome, casar virgem e novinha (se passasse dos 18, entrava para a lista das prováveis solteironas), cozinhar, cuidar da casa, do marido e da educação dos filhos, e aprender a fazer renda e bordar...

Mas com esta mulher, tudo foi diferente, pois, ela foi contra todas as tradições da época. Repetiu a primeira série (cinco anos consecutivos) do antigo primário por se negar a decorar a tabuada. Abandonou a escola aos 12 anos, na segunda série, aos 24 anos retornou aos estudos, fez faculdade, casou aos 31 anos com um viúvo (seu grande companheiro), teve um casal de filhos, se tornou uma profissional respeitada..., fez e ainda continua fazendo, sua caminhada por vontade própria.

E a Mulher Celta se tornou uma Contadora de Histórias da tradição oral, escreve contos, poesias e roteiros teatrais... Se vocês desejar conhecê-la um pouco mais, entre no seu blog: http://nocaldeiraodoscontosdeencantos.blogspot.com/ ou procure no Google por claudete t. da mata

E o maridão nunca mais teve sossego, tendo que cozinhar todos os dias, porque a sua companheira sempre arranja o que fazer, ou, se não arranja, inventa, criando e recriando o mundo ao seu redor.

Bruxa da Mata
Enviado por Bruxa da Mata em 13/05/2011
Código do texto: T2966864
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