BICHOS
 
 
   A cadela Hasta na Praça Seca, uma dálmata. Não era minha, era de meu avô Sildo. Ele tinha canil e negociava algumas raças de cães, porém alguns ficavam na casa e foi o caso da Hasta. Viveu por mais de 15 anos e me lembro que era muito carinhosa com crianças, inclusive comigo. Mostrava os dentes como que “sorrindo” para mim quando voltava do colégio. Da mesma época uma gata bem peluda da qual tenho uns negativos e um porquinho da Índia que residia no alto de uma mangueira nos fundos da casa na Rua Doutor Jacundino Barreto.
   Depois dali, no Pechincha, um jabuti fêmea presenteado por meu pai. Fora-me dado por volta de 1981, ele o trouxe no bolso de sua camisa. Hoje ela (demorei anos para descobrir que era fêmea) encontra-se “casada” numa casa em Nova Iguaçu com seus 30 anos aproximadamente. Escrevi um livrinho, que ainda tenho, chamado: Jabuti Caba. Quando em 1989, no falecimento de meu pai, me mudei para Minas, o jabuti ficou numa casa em Nova Iguaçu, fugiu para outra onde se encontra hoje e quando voltei o atual dono quis me devolver, porém não aceitei pelo fato do mesmo ter construído uma casinha e ter arrumado um par para a mesma.
   Em Niterói veio a época dos passarinhos. Cheguei a ter quase 20 pássaros, entre coleiros, pássaros pretos, melros, maritaca, biquinhos de lacre, tié sangue, periquito brasileiro e australianos. Dos periquitos australianos, um deles que andava solto no apartamento, que subia em nosso ombro e que um dia, caindo na privada do banheiro de serviço, morrera afogado. Chorei muito. Também alguns gatos que não me foi permitido mantê-los no apartamento. Começou também meu gosto por aquário. Me lembro numa das muitas ocasiões em que meu pai me acordava para me surrar, que o mesmo me acordou dando uma martelada em meu aquário e lá se foram uns 30 peixes...
   Em Caxias, devido à última surra que meu pai me dera que virou caso de delegacia, me vi obrigado a ir morar com minha mãe, continuei assim com aquário.
   Depois dali, voltando em 1989 à casa de meu pai, agora em Nova Iguaçu, dois dobermanns, mãe e filho: Catita e Argos. Argos dormia em minha cama, me acordava para ir ao colégio e me acompanhava até o ponto de ônibus, onde diariamente tentava entrar no ônibus.
   Iniciei minhas viagens e não tive bichos por um bom período, até que em Barra do Piraí, em meu 1° casamento, Marta, amante de animais como era, me trouxe em 1994, gatos e mais gatos que nos acompanhariam durante nossos sete anos de relacionamento. Tive ainda nessa época alguns vira-latas, Kiko, um labrador negro dado por Doutor João Domingos, padrinho de meu filho João Marcos, galinhas, 
vacas, cavalos e porcos. Quase todos os bichos tinham nomes e nos rendiam muita despesa na época.
   Novamente um bom período sem bichos, até que em 2005 na Vila da Penha, agora com Isabel, os gatos novamente. Mathieu e Adelaide, nomes dados em homenagem a um casal de franceses que conheci num passeio de bonde à Santa Teresa. Gatos que ganhei ainda bem filhotes, num bar na Freguesia da Ilha do Governador. Quando nos mudamos para uma quitinete no Itanhangá tivemos que nos “livrar” dos mesmos juntamente com os filhotes de Adelaide.
   Em Alcântara, no carnaval de 2006, voltando para casa, muitos vidros sujos de cimento postos no lixo. Recolhi, limpei, mandei cortá-los e montei meu atual aquário. Cabe dizer: meu primeiro aquário onde os peixes morrem de velhice! Vieram também do Campo de Santana, duas gatas por lá abandonadas, a branquinha e a pretinha. Ambas tiveram muitos filhotes, dois deles meu filho mais velho levou para São Paulo e fui me desfazendo dos mesmos, até ficar somente com a pretinha. Depois desses gatos, nunca mais os problemas de ratos acordando a todos na madrugada devido aos latidos dos cinco cachorros que aqui residem. O cheiro de gatos inibe os ratos, daqui pelo menos...
 
Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 10/05/2011
Reeditado em 19/07/2011
Código do texto: T2960371
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