NOSSA LONGA HISTORIA DE ESTRADA

NOSSA LONGA HISTORIA DE ESTRADA

a ilusão de ótica deixava o asfalto laminado e ondulado

do ponto onde eu estava.

placas e rostos eram meros expectadores

naquela longa estrada que tinha o meu nome.

ora corria, ora os passos eram pesados

e não deixavam rastros quando me sentava .

por vezes ouvia um lamento, um murmurio,

risos dilacerados e conversas desconexas.

a sombra que as vezes me abrigava,

tambem escondiam ameaças.

pedidos de socorro

onde eu era intimado

a prestar ajuda.

inumeras vezes era eu quem pedia

um som de vozes,

uma companhia,

um guarda sol...

experimentava sabores de frutas diversas,

o olfato percebia de longe

o cheiro de mato cortado,

o aroma de chuva na poeira,

e o vento gelado que denunciava um temporal.

havia a oportunidade de mostrar o que eu sabia

e a beleza de aprender o que nunca tinha visto.

por noites era seguido

sem nunca descobrir aquele rosto

e a prece vinha acelerada

para afugentar o medo instalado.

as folhas de papel onde relatava minha viagem,

estavam amareladas e muitas palavras inacabadas

pela falta do lapis que caiu pelo buraco do alforge.

era preciso um desespero para correr

e uma paz para sentir o gosto de cada metro vencido.

na longa estrada eu sou

o que a vida me levou.

eram manhãs que vinham com orações

eram orações que se acumulavam

no bolso da camisa

onde o suor pingava, regava...

conhecer a estrada era um desejo,

mas vive-la era uma aventura

que muitas vezes eu amaldiçoava

pela falta de carinho nos cabelos.

andava e negava o caminho

quando a bifurcação me deixava ansioso.

parecia que sempre estava mais perto da chegada

do que olhar pra trás e sentir

que não tinha nem saido do ponto inicial.

a estrada parecia tão longa

e o tempo de vida nem tanto.

havia uma pressa

que me fazia reter,

mas nunca conseguia dar um passo pra traz.

a cada colina no horizonte

guardava um sonho, um rosto diferente,

uma emoção latejante

para que eu aumentasse os passos.

quando alcançava

ja havia outra,

onde meus olhos demarcava.

onde o coração palpitava

e a adrenalina subia,

e o sorriso de esperança

carregava sem perceber a mochila que pesava.

nem longa e nem tão curta.

é a minha estrada,

são os meus passos,

é a minha vez.

di camargo, 10/03/2011

Di Camargo
Enviado por Di Camargo em 10/03/2011
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