EXTRACTOS DE VIDA

Esta espécie de desabafo ou extractos de vida talvez não tenham interesse para a maioria das pessoas, mas apetece-me!

Talvez seja mais um impulso (infundado)que lanço para o mar em mensagem SOS.

Não sei se é a idade que me transtorna a visão ou a vida que me entra em doses desmedidas pelo corpo.

Pela minha existência sempre fui a peça a mais da mobília paternal...aquele objecto decorativo que não se enquadra com a restante composição. Eu própria me coloquei várias vezes na mesa da olaria tentando moldar-me ao tempo, mas cada ajuste saía ainda pior. Ofereci o Pão Ázimo de Torga em pedido de auxílio e compreensão, mas o retorno foi sempre o silêncio. Como era possível querer trocar um pano do pó por um livro?! Desgosto da família: não sabe ser dona de casa!

Fui crescendo e sentindo e não percebendo nada deste dominó.Evadi-me à primeira solução encontrada, partilhar a vivência.

Passados 11 anos estou aqui com 34 anos continuando a encaixar as peças e finalmente percebendo algumas definições que encontro para o caminho.

Confesso que não sei muito bem para onde vou mas assumi que gosto das palavras e que me sinto bem com elas e por elas. Confesso que não me identifico com fenómenos de massas como o futebol,as novelas ou a religião.

Apesar de ser humanitária e ter valores cristãos toda a envolvência criada pela instituição igreja me incomoda um pouco porque é valorizado o negócio em desfavor dos pressupostos originais: ajudar o próximo.

Confesso que tenho alguns gostos peculiares: quando gosto de um produto do supermercado não tarda que deixa de ser vendido porque não é sucesso de vendas.

Confesso que gosto de ouvir música em qualquer situação, alegre, triste, nostalgica...

Confesso que reparo nos sapatos e no relógio do homem que me desperta a atenção.

Confesso que o filme que mais gostei é baseado numa história verdadeira que retrata um homem que se apaixona perdidamente por outro homem pensando sempre que é uma mulher.

Confesso que fixo muitos detalhes de algumas vivências e conversas com outras pessoas.

Tanta confissão?! Será que preciso da vossa absolvição?

Não sei se esta mensagem cabe na garrafa nem a que ilha irá parar...mas não importa! Confesso que gostei de a escrever!

Mónica Correia
Enviado por Mónica Correia em 20/09/2006
Reeditado em 20/09/2006
Código do texto: T245233