MISS THERESA BERKLEY

_______________________________________________

A Rainha do Flagelo

 

Você, por acaso, já ouviu falar na Madame Theresa Berkley? Bem, se não ouviu, vou lhe contar algo interessante sobre ela. Se já ouviu, paciência; vou contar assim mesmo.

Theresa Berkley foi dona de um bordel no número 28 da Charlotte Street, Portland Place, bairro de Londres. Mas sua casa de entretenimento masculino e feminino não era como outra qualquer do ramo.

Em 1718, quando foi publicado, na Inglaterra, anonimamente, um livro chamado Tratado sobre o Uso do Açoite. Embora o título tenha um caráter um tanto científico, o conteúdo continha um teor claramente pornográfico. Rapidamente, o tratado se espalhou pela Europa e virou moda com o nome de “vício inglês”. O que equivalia dizer que ninguém gostava mais de apanhar na cama do que um inglês. É aí que entra madame Berkley. Determinada a atuar na área do entretenimento masculino e tendo ciência do gosto de seus conterrâneos, montou no mencionado endereço, um bordel especializado em tortura e flagelação e, assim, tornou-se a pioneira do sadomasoquismo.

Theresa era uma amante perfeita dessa arte, por isso não ficou só na tradicional coleira e dolorido chicotinho. Sua casa era realmente um local de tortura. Para satisfazer os clientes, ela aprimorou e criou numerosos instrumentos de tortura. Usava diversos tipos de chicotes, de vários tamanhos com nove correias de couro, conhecido como gato de nove rabos, porque tinham nas pontas, unhas de metal, semelhantes a dos felinos.  Varas para o açoite, mantidas na água, de modo que estivessem sempre verdes e flexíveis. Cinta feita de exclusivo couro grosso com pregos de uma polegada, que perfuravam a pele mais dura, e deixavam flagelos que levavam um bom tempo para cicatrizarem. Vários tipos de escovas; como, por exemplo, a escova de furze (uma sempre-viva espinhosa), de urtigas. Além de tudo, na primavera de 1828, uma obra-prima de tortura foi inventada para sua casa: o Cavalo de Berkley.

A descrição desse aparelho, responsável pelos gritos dos clientes de Madame, vem de um nobre inglês vitoriano, aficionado em sacanagens, chamado Henry Spencer Ashbee: “era uma espécie de pau-de-arara móvel que podia ser girado tanto na vertical como na horizontal. Assim, sem muito esforço, a Madame, ou as moças e rapazes que trabalhavam para ela, infligiam a dor exatamente no ponto desejado pelo cliente”. E, por incrível que pareça, conclui Henry, “muitos nobres exibiam com orgulho as marcas e cicatrizes deixadas pelas torturas a que se submeteram”. O cavalo original está, até hoje, exposto na Sociedade Real de Artes, e foi doado pelo Doutor Vance, o testamenteiro dela.

Assim, no bordel de Madame Theresa Berkley, quem ia com bastante dinheiro, poderia ser açoitado, chicoteado, fustigado, agulhado, pendurado, escovado, perfurado, ou seja, torturado até ficar satisfeito.

Segundo o texto abaixo, extraído da correspondência de um devoto apaixonado pela flagelação, e profundo conhecedor do assunto, naquela época, as mulheres eram muito mais apaixonadas em brandir a vara e vice-versa, que os homens:

"Em minha experiência eu conheci pessoalmente várias senhoras da nobreza que tiveram uma paixão extraordinária e uma severidade impiedosa em administrar a vara. Eu conheci a esposa de um clérigo, jovem e bonito, que levou o gosto ao excesso. Eu soube que a pessoa quando bebia tornava-se vulgar e se permitia ser açoitada até que o fundo dela ficasse totalmente em carne viva e a vara saturada com sangue; ela durante a flagelação gritava: 'mais forte! mais forte! ' e blasfemava se assim não fizessem. Dum estabelecimento em Londres, do qual eu suprimo o nome, vinham vinte meninas que passavam por todas as fases do chicote até se tornarem professoras.”

Numa noite de setembro de 1836, a famosa casa de Miss Berkley estava silenciosa. Nem um grito, nem uma visita, madame Berkley havia falecido. Foi uma morte súbita e inesperada, pois era um tanto jovem. Durante oito anos ela não só governou seu bordel com maestria, como foi uma completa mulher de negócio, acumulou durante esse tempo uma considerável soma de dinheiro...

Nessa mesma noite, chega ao número 28 da Rua Charlotte, apressado e aparentando estar nervoso, o Dr. Vance, responsável pelo testamento. “Onde está o cofre de Theresa”? Pergunta para um criado. Era nesse cofre que Theresa guardava todas as cartas, nomes e recibos dos clientes de seu bordel. O doutor, sem nenhum remorso, queimou toda a papelada.

Conta-se que algumas das figuras (masculinas e femininas), de maior destaque da nobreza britânica eram clientes exclusivas do local. Como, por exemplo, o rei da Inglaterra, George IV. Portanto, a história da Inglaterra poderia ser outra, se o doutor não tivesse ateado fogo aos papéis.

Logo após a morte de Theresa, seu irmão, missionário durante 30 anos na Austrália, chegou à Inglaterra, mas quando ele tomou conhecimento de que sua irmã lhe havia deixado a mais famosa casa de flagelação da Inglaterra, como herança, renunciou a propriedade e voltou imediatamente para a Austrália. Na falta do herdeiro a propriedade passou ao Dr Vance; o médico e testamenteiro dela; mas ele também recusou administrar o bordel, e tudo ficou para a coroa inglesa.

Por essa época, já havia em Londres diversas casas especializadas em flagelação, como as da senhora Collett e da senhora Emma Lee. No entanto, em matéria de dor como êxtase, Miss Berkley foi, indubitavelmente, a rainha de sua profissão, ninguém a superava. ®Sérgio.

Veja Também: (clique no link)

Herman Melville: Moby Dick - Grandes Prosadores

Alexandre Dumas (Pai) – Grandes Prosadores.

Daniel Defoe: Robinson Crusoé – Grandes Prosadores.

Robert Louis: O Médico E O Monstro - Grandes Prosadores.

Mary Shelley: Frankenstein - Grandes Prosadores.

Júlio Verne – Grandes Prosadores.

Victor Hugo: Os Miseráveis - Grandes Prosadores.

_________________________________________________

Para copiar este texto: selecione-o e tecle Ctrl + C.

Fonte: http://public.diversity.org.uk/deviant/ssflg1.htm

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquercomentário.

Se vocêencontrarerros (inclusive de português), porfavor, meinforme.