OSCAR WILDE: QUESTÃO DE HONRA
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Notas Biográficas
Em 1891, Oscar Wilde tornou-se amigo de Lorde Alfred Douglas, um jovem poeta que traduziu a escandalosa comédia de Oscar Wilde, Salomé (originalmente publicada em francês) para o inglês. Alfred era filho do Marquês de Queensberry, perseguidor implacável da moderna e mimada escola dos "dândis", com seu refinamento estético e pose de perversão. O Marquês "andava" enfurecido porque seus próprios filhos eram discípulos dessa escola. Quando o "coleguismo" de seu filho transformou-se em amizade íntima com Wilde e os rumores, as fofocas, começaram a se espalhar por Londres, o Marquês tentou inutilmente cortar o relacionamento do filho com Wilde.
Em junho de 1894, ele apareceu na casa de Wilde, afirmando: "Se eu apanhar você e meu filho juntos em qualquer restaurante público, eu os arrebento". No que Wilde respondeu: "Eu não sei quais são suas regras, mas a regra de Oscar Wilde é atirar à vista – saia!"
Wilde também tinha sua cota de inimigos que o invejavam e odiavam. Estes se uniram ao Marquês e passaram a intrometer-se na vida privada de Wilde, até a primavera de 1895, quando Oscar e Lorde Alfred, trocaram a Inglaterra pela Argélia. Mas no exílio auto-imposto, Wilde sentia-se infeliz. Em pouco tempo retornou a Londres. No retorno, o porteiro do Clube dos Escritores entregou a Wilde um cartão do Marquês, onde se lia: "Para Wilde posando de sodomita". O cartão continha, em termos rudes, acusações difamatórias. Oscar, para salvar sua honra, recorreu aos tribunais, processando o Marquês por calúnia. Entretanto, o tiro saiu pela culatra. As acusações foram comprovadas e Wilde, após o julgamento, foi preso, acusado de publicar livros imorais, exercer má influência sobre seus amigos e levar um modo de vida depravada. Como prova da imoralidade de seus escritos, além do romance Dorian Gray, a acusação apresentou um soneto de amor, em forma de carta, dedicado a Alfred Douglas. Foi aí, que ele proferiu a famosa frase, referindo-se ao amor homossexual: "o amor que não ousa pronunciar o seu nome".
Na prisão, Wilde sofreu terrivelmente. Sua magnífica cabeleira à Nero foi raspada sem a menor cerimônia e foi forçado a vestir o uniforme da prisão. A única coisa que mantinha seu espírito elevado eram as visitas diárias de Lorde Douglas. A sociedade inglesa baniu as obras de Wilde. Sua peça grandemente aclamada, A Importância de ser prudente, foi cancelada. Os livreiros recusavam-se a vender seus livros, consequentemente, o escritor viu-se rapidamente em plena e completa ruína econômica.
Wilde saiu da prisão, aos quarenta anos de idade, um homem acabado. A Inglaterra recusava-se a perdoar-lhe e esquecer-lhe, tratando-o como uma pessoa desprezível. Wilde, então viajou para a França, onde tentou, em vão, reconciliar-se com a esposa e filhos. Logo depois sua esposa veio a falecer.
Durante esse tempo, Lorde Alfred, enviava-lhe, incansavelmente, cartas e telegramas, implorando pela continuidade do relacionamento. No entanto, somente anos mais tarde, Wilde visitou-o em uma vila italiana, reatando o relacionamento. A família de Alfred tentou impedir o relacionamento, oferecendo a Wilde um bom salário se ele prometesse abandonar Alfred. A oferta foi recusada e a família cortou a mesada do jovem amante, o par, entãp, passou a viver na miséria. Depois de haver vendido todos os seus pertences e empenhado até as roupas, eles desistiram e separaram definitivamente.
Começou então para Wilde, o mais penoso e miserável período de sua vida. Abandonado, sem dinheiro e sem amigos em Paris, tentou preservar sua dignidade adotando o nome de Sebastian Malmoth.
Um pouco antes de sua morte, em 30 de novembro de 1900 (Paris), aos quarenta e seis anos, após uma mastoidectomia (desobstrução de otite) Oscar Wilde foi convencido pelo amigo e poeta Ernest Dowson, a ir num famoso prostíbulo para o que seria, em dez anos, a sua primeira relação heterossexual. A experiência não foi exatamente um sucesso: "A primeira nestes dez anos, e a última. Foi como mastigar carne de carneiro fria, mas conte isso na Inglaterra, que vai recuperar totalmente meu caráter". Wilde era por natureza ostentoso. ®Sérgio.
Veja também a 1ª parte: Oscar Wilde: Pose de Dandi Moderno.
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Fontes: Keyes, R. Oscar Wilde, Gramercy Books: Random House, Nova Iorque, 1996.
Lewinsohn, R. A History of Sexual Customs, Haper, Nova Iorque, 1958; in Centaurus: V. III.
Holland, M. The Wilde Album; Fourth Estate, Londres, 1925; in Centaurus: V. III.
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