DE JORNALEIRO A JORNALISTA - uma história de vida (EDITOR GERAL DO JORNAL DO COMÉRCIO)
Embora tenha trabalhado três anos como Editor Geral do Jornal do Comércio, tenho poucas lembranças. Os melhores amigos que tive foram a repórter Auxiliadora Tupinambá e Carlos Mirrya, que fazia charges do Jornal do Comércio.
Era governador do Estado, nesta época, Amazonino Mendes. Comen-tei uma notícia em uma coluna não assinada do Jornal do Comércio, sobre distribuição de ranchos em Manaus e o Governo rebateu. Eu tinha escrito que é melhor “ensinar a pescar” do que “dar o peixe”, referindo-me à necessidade de distribuir os ranchos, empregar as pessoas ou fazer cursos de formação profissional, a fim de que elas pudessem comprar seus próprios alimentos. O Governo não entendeu dessa forma e, no dia seguinte, chegou uma notícia rebatendo o meu comentário.
Durante os anos em que fui editor geral do Jornal do Commércio, sempre escrevi e publiquei crônica, mas não me afastei da linha crítica que sempre adotava. Só que nem sempre os administradores públicos entendiam meus contundentes comentários.
Não lembro nem os nomes dos repórteres que trabalhavam na reda-ção.
Deixei a Editoria para tratar-me de uma “gastrite aguda erosiva”.
Viajei para São Paulo, onde repeti o mesmo exame feito em Manaus pelo Dr. Agostinho Massulo. Nada deu e voltei para Manaus. No dia seguinte, sangrei novamente pela boca e senti muitas dores no estômago. Retornei com o Dr. Agostinho Massulo, informei-lhe que no exame feito em São Paulo nada tinha sido constatado. Ele decidiu fazer um filme da endoscopia e voltei novamente para São Paulo.
Fui fazer exame na mesma clínica e novamente nada foi constatado. Mostrei a filmagem da minha endoscopia feita em Manaus. Nada mais existia no meu estômago e voltei para Manaus, onde novamente sangrei pela boca.
Decidi contrariar meu médico de Manaus e, aproveitando a licença que havia tirado, viajei para Belo Horizonte, onde passei a comer todo tipo de comida não recomendada pelo meu médico de Manaus. Nada senti.
Visitando a “Casa do Jornalista”, em Belo Horizonte, conheci uma jornalista e psicóloga. Contei meu problema e ela respondeu que já tinha pego um caso como o meu e que, provavelmente, eu tinha “stress” de redação e decidiu vir comigo para Manaus. Comprei a passagem e ela me acompanhou.
Ao chegar em casa, voltei a sangrar novamente.
A jornalista decidiu que eu tinha que fazer mudanças em mim, na mi-nha casa, na posição dos meus móveis e mudar de emprego. Então, deci-di cortar o cabelo, operar minha visão, tirar minha barba , mudar a posi-ção da minha cama e repintar toda a minha casa.
Melhorei bastante com essas mudanças e decidi voltar ao jornal Diá-rio do Amazonas. Entrei como repórter. Fui promovido a pauteiro, editor de cidade e depois editor geral.