DE JORNALEIRO A JORNALISTA - uma história de vida ("UM DIA FUI JORNALEIRO")

“UM DIA FUI JORNALEIRO”

Como citado anteriormente, Manaus era uma cidade muito pequena, mas cheia de carros importados. No início da Zona Franca, eram vendi-dos em Manaus carros do tipo Mustang, da Ford, Citroen, que tinha uma concessionária no mesmo local onde hoje funciona a “Livraria Valer”. Os carros do tipo “Mustang” eram os proferidos do filho do empresário hoteleiro, morto em uma pescaria, Jonas Martins Lopes, senhor Jonas Martins. Ele apostava corridas e sempre que um se acidentava, ligava para a concessionária e pedia outro. Sempre era atendido.

A Praça da Igreja da Matriz era toda cheia de palmeiras imperiais, em meio a trilhos de bondes, toda com paralelepípedos. Em frente da Igreja, embaixo das escadarias laterais, havia um zoológico.

O comércio de artigos importados instalado na Rua Marechal Deodo-ro era quase todo dominado por turcos e árabes e fechava sempre no mesmo horário. Era ora de parar de vender jornais e ir prestar contas.

Na Avenida Getúlio Vargas e ao final da Rua da Instalação, havia du-as construções, no meio a pista: eram os “Pavilhões São José” e o “Tabu-leiro da Baiana”, respectivamente.

Comecei a freqüentar cinemas. Os filmes tinham início às 12hs, e só parava quando assistia ao último filme, às 20h. Toda semana, a diversão era juntar dinheiro para ir ao cinema no domingo. Se não conseguísse-mos o dinheiro todo, catávamos garrafas do tipo escuro e as vendíamos em frente ao cinema Guarany, para o dono do “Pavilhão São José”, que pagava bem se a garrafa fosse preta. Com esse dinheiro, entravávamos no cinema eu, Jorge Lopes da Silva, às vezes o João da Silva Couto ou outro amigo que convidávamos.

Comecei vendendo os jornais “A Crítica”, “A Notícia” e o “Jornal do Commércio”, os únicos que existiam em Manaus, na saída do Porto de Manaus, em uma banca coberta; depois, na esquina das Ruas Marechal Deodoro com Theodoreto Souto. Em seguida, na Avenida Leopoldo Peres, na calçada da Fábrica de Cigarros Gaivota; no interior do mercado municipal Walter Rayol e, por fim, em uma banca coberta, nas esquinas das Avenidas 7 de Setembro com Joaquim Nabuco, na calçada da Droga-ria São Paulo. Pegava os jornais diretamente nas redações mas os reven-dia para uma pessoa conhecida por “X-9”. Muitos trabalhavam para ele e sempre prestavam contas das vendas no interior do “Tabuleiro da Baia-na”. Mais tarde, foi lançado o jornal diário “O Meio Dia”, que saia às doze horas. Eu o vendi também. Era do empresário Andrade Neto.

Durante o meu trabalho em frente a sede dos Correios, conheci uma senhora em uma Belina, de cor amarela, que todos os dias parava no início da ladeira da Rua Theodoreto Souto, pedia os três jornais e, em seguida, pedia para bater o tapete do seu carro e tirar um lanche no banco de trás do carro. Tinha suco, fruta e café com leite.

Durante a fase em que vendia jornal, conheci uma moça que traba-lhava no Supermercado Agromar. Todo dia pegava ônibus junto comigo. Ela sempre tinha uma flanela para passar no local em que eu sentava. De tanto conversar com a moça, a convidei para ir ao Motel Cobras comigo, único que existia na época.

Levei quase um ano inteiro convidando-a, até que ela aceitou.

Pedi emprestado o Fusca do meu cunhado, Edson Paixão. Mandei la-vá-lo todo e fui buscá-la. Chegando ao motel, ela tirou umas pílulas da bolsa, as tomou, tirou a roupa, ficou totalmente nua na cama e o “princi-pal” não reagiu.

Nervoso, entrei no banheiro, imaginando-a nua e linda em cima da cama, mas nada aconteceu.

Decidi ir embora. No meio do trajeto, tive ereção, mas decidi que não voltaria mais ao motel e fomos embora.

Depois desse fato, procurei-a no supermercado, falei com ela algumas vezes, mas, decepcionada, não aceitou sair uma segunda vez.

Fiquei com esse trauma durante anos, mas depois passou, natural-mente.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 06/03/2010
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