DE JORNALEIRO A JORNALISTA - uma história de vida (FATOS QUE DEVEM SER CONTADOS)

FATOS QUE DEVEM SER CONTADOS

Durante um ano que estudei no Colégio Pedro II, eu e alguns amigos, costumávamos freqüentar às sextas-feiras, a “Feira das Frutas”, também chamada de a "Feira das Putas”, dada à grande quantidade de ‘mulheres da noite’ que lá frequentavam.

Numa certa sexta-feira, sete homens lisos, incluindo eu, foram à “Fei-ra das Frutas” atrás de sexo. Todos entre 18 e 19 anos. Menos eu que tinha 16. Encontramos uma freqüentadora, de nome Raimunda, que acei-tou sair com todos:

- Desde que entre um de cada vez! Avisou.

Entrou o primeiro, o segundo, o terceiro. Depois, entramos todos juntos, na maior baderna. Ela parou, olhou e perguntou:

- Vocês vão querer me currar, é?

Não a curramos, mas todos pegaram uma carga de “chato”.

Na segunda-feira, ficamos nos coçando em sala de aula. Eu fui logo procurar o Dr. Menescal de Vasconcelos, em sua drogaria. Cheguei todo desconfiado, encostei-me no balcão. Ele perguntou:

- Pegou gonorréia, foi? Essa era a doença mais comum da época.

- Não doutor. Estou me coçando todo e não sei o que é!

- Entre aqui no consultório que vou lhe examinar.

Baixei o short que usava na ocasião. Ele olhou. Olhou de novo e dis-se:

- Eu tenho uma injeção infalível!

Decidi tomá-la. Doeu muito quando ele aplicou-me nas nádegas. Era uma benzetacil, um dos primeiros antibióticos a ser usado que servia para quase tudo.

Fiquei bom e indiquei aos outros colegas o nome e o endereço da farmácia. Não sei se alguém procurou pelo Dr. Menescal. Só sei que uma semana depois estavam todos curados e nunca mais voltamos a procurar mulheres na “Feira das Frutas”. Alguns se depilaram todo, até no peito. Outros passaram creolina, gasolina e Neocid e nada resolvia.

Tivemos um professor de Física, o Wandler que, ao saber que um co-lega nosso tinha descoberto por onde passava a fiação do segundo andar do Colégio Pedro II, perguntava sempre às sextas-feiras:

- Será que vamos ter aula hoje? Acho que não vai ter energia elétrica.

Era o sinal para o colega desligar o fio. Tínhamos que esperar por quinze minutos. Se a luz não voltasse, as aulas eram suspensas e a turma liberada.

Seguíamos para o “Bar Amarelinho”, onde o professor fazia a cha-mada.

Aliás, as sextas-feiras era o pior dia que tínhamos para estudar. O primeiro e o segundo tempo eram de física; depois vinha o professor Pedro Ivo, a “bomba de nêutron”, com a aula de química, e o último tempo era de matemática.

O apelido “bomba de nêutron” para o professor Pedro Ivo é porque ele sempre carregava uma pasta tipo OO7. Antes de abrir a pasta e iniciar sua aula, sempre dizia que “a arma mais perigosa e letal que existe era a bomba de nêutron”.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 06/03/2010
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