Desejei ser conceito.
Simples e Determinado.
Algo assim: Karla é isso - e ponto final.
Sem àquelas entranhas e estranhezas que possuo,
Que sei ser.
Não sentir em considerações poéticas
Camufladas nas figuras lingüísticas de expressões adornadas.
Cobicei ser som.
Trepidante e Reconhecível.
Não este vulto maluco de emocionalidade.
Passível de urros inúteis, ou de sussurros capciosos.
Envolvendo-me numa aura inaudível.
Imprevisível. Cansativa.
Almejei ser verbo.
Regular e Concordante.
Não muito além do primitivo, da essência pura da humanidade.
Sem meus floreios instáveis de mulher.
Sem ilusões constantes de apaixonada, que distingo e, quiçá, desgosto.
Queria ser decifrável e comum.
Não ter em mim alma de poeta.
Alma de quem sente o mundo demais.
De quem saboreia o vento em versos,
A chuva em letras,
A paixão em sonetos.
Ansiei ser maleável.
Não amar quando apenas gostam.
Não cair quando outros somente tropeçam.
Não sonhar quando só metas traçam.
Não me cerrar em termos quando aberto em gestos o planeta segue.
Quem sabe se fosse eu uma humana com espectro humano, ao invés desta arrebatada...
Uma mortal, não um anjo sem asas...
Uma pessoa racional, ao contrário de um eu feito de esperanças confusas...
Talvez, desta forma, seu amor por mim surgiria.
E eu, não mais solitária, cresceria em poemas.
Adorando os dias em que me fizeste ser tudo aquilo que jurei ser.