PERGUNTAS À LUCIDEZ

PERGUNTAS À LUCIDEZ

 

Estava de pé num passeio,

Querendo atravessar uma rua,

Foi quando um amigo ligeiro,

Me olhou com sua mente nua.

 

Soube disso logo adiante,

Que foi vítima da senilidade,

E nem sabe se segue avante,

Ou se esta é a sua cidade.

 

Como é ser criança de novo,

Se ainda estou no caminho?

Como ver o sabor de um bolo,

Se a mente deixou-me sozinho?

 

São perguntas à lucidez,

Pois só essa virá respostar,

Já que a vida tem dia por vez,

E o direito de até duvidar.

 

Tudo passa se a vida descende,

E continua nos filhos que tem,

Pois a sina só sabe quem sente,

Com alma nua, ao sol que já vem.

 

Mas a graça é que tudo gira,

E as noites teimam em fugir,

Como luz que o vento suspira,

Ou se um arco-íris surgir.

 

Ser de sete cores é profundo,

Pois nem toda estrela sugere,

Como amores veem o segundo,

Tão eterno que às vezes fere.