O meu verso frequenta o instante do que já é passado;
jamais entenderá a morte seca deste presente deletado
e desconhece: será que estamos há muito no lugar errado?
Ele é um terço, uma novena vitalícia rezada ao contrário
ou, quem sabe, não seja nada além de um amplo nada
de fato. A poesia não prometeu comida e roupa lavada.
O tempo das horas se transforma em inúmeros atalhos,
a fim de que eu possa reencontrar o meu próprio rastro
e desenhá-lo nesta imagem oculta que caiba, não exata,
no raso do poema que vaza na primeira brisa que passa.
O beijo do poeta mora no refrigério veloz daquela rajada
— no bucho atado e preso no nó cego que nunca desata.