ANTIDIÁRIOS DE JUNHO X

O meio-dia brota bem na meia-noite que o principia

e contorce o esqueleto delgado da madrugada oliva

— uma esparsa floresta suspensa que predomina —

desde o violeta profundo dos cantos da sua espinha

até às onze e cinquenta e nove e cinquenta e cinco...

E cinquenta e nove — quando morre a metade do dia.

E a meia-noite também começa a partir do meio-dia

que a reduzia em pedaços — e inferniza a tarde cinza

grafite da colina que asperge nos bordos de suas linhas

este azul de metileno desbotado das dezesseis e trinta.

Escondo na minha canastra o deboche das horas frias

que renasceram no outro tempo do meio da pandemia.