ANTIDIÁRIOS DE JUNHO IX

Faço desta manhã um bosquejo rude de palavras

e resfrio o hálito da calçada que está desocupada,

onde só as folhas se movem no entorno da fumaça

que sopro, depois de retida, no limite da baforada.

Abro o portão — respiro o vento arredio alavandado

e mexo no bolso a fim de sacar, do vazio, uma prata

de outra esperança, pois a anterior já foi consumida

e necessária — estou nos dias pelas golas da alegoria,

por insistir em ficar de pé fincado no trevo da esquina

e rodar a cabeça entre nãos, grunhir e voltar à escrita.

Sou feito de risos perseguidos e daquela ganja imaginária

— uma bagana que ressuscita, mesmo estando molhada.