ANTIDIÁRIOS DE JUNHO VIII

A temperatura do verso a qual pretende o poeta

é a mais alta, mesmo que deite sobre a sua pele

uma camada de neve; que na alma haja o iceberg

nascido no alçapão profundo dos miolos discretos.

Lívida é a noite fresca… E no limiar desta véspera

dos ofícios sempre repetidos — e que estabelecem

de lufada em lufada o seu concentrado cru de metas.

O vírus surpreende e sugere: o estarmos a esmo tece

uns estranhos emaranhados silenciosos que crescem

no ar póstumo das horas de um raio que desaparece

sem que os olhos atestem a morte lenta da sua prece.

Não sei o que vejo. Não quero morar entre os alicerces.