A temperatura do verso a qual pretende o poeta
é a mais alta, mesmo que deite sobre a sua pele
uma camada de neve; que na alma haja o iceberg
nascido no alçapão profundo dos miolos discretos.
Lívida é a noite fresca… E no limiar desta véspera
dos ofícios sempre repetidos — e que estabelecem
de lufada em lufada o seu concentrado cru de metas.
O vírus surpreende e sugere: o estarmos a esmo tece
uns estranhos emaranhados silenciosos que crescem
no ar póstumo das horas de um raio que desaparece
sem que os olhos atestem a morte lenta da sua prece.
Não sei o que vejo. Não quero morar entre os alicerces.