ANTIDIÁRIOS DE JUNHO VII

Transita silencioso por entre as formações e as névoas

da madrugada o desfiladeiro sem dialeto de um verso

camuflado, invisível, etéreo, contralto e quase abolido,

repleto das pausas falsas que nem têm tempo definido,

nem de outroras ou de futuros; de segredos ou de gritos

oriundos do gás do poema que irrompe no desconhecido.

O poeta não decanta os parasitas que sobram escondidos

e que compõem o fumaceiro colorido e volátil deste signo.

O meio-dia do domingo avança nos cinzas da tarde aflitiva

disfarçada nesta calmaria floral do grilhão rarefeito do vírus,

onde há tropeços na pedraria feito o junho das horas vazias...

— E somente a ardósia do morro me diz agora o que é poesia.