ANTIDIÁRIOS DE JUNHO VI

Clico, pressiono e deslizo e tudo mira o arquivo

todo em branco do aplicativo; e um teclado vivo

que pula na tela instantaneamente, sem convite,

a fim de que o poeta cumpra o que fez prometido:

escrever o verso do cotidiano deste tempo sombrio

que passou a rasteira no homem e chegou sem aviso.

Vejo a multidão cibernética de antis issos e aquilos

e ouço os ocos do martelo e a sentença dos destinos.

No granito da manhã há uma pérola cinza escondida

entre o limite do morro e do cruzeiro que o identifica.

Higienizo as mãos, todavia é a alma que está poluída

na solidão decretada pelo vírus que mata mil por dia.