ANTIDIÁRIOS DE JUNHO V

Range aquele moinho na gasolina do vento

instável do quintal vazio. E mó a mó e lento

refrigera o sonho vindo do portão de dentro

— onde o cadeado, entre ossos, está suspenso.

Tudo passa na pedra: orgulho, dó e lamento;

são tão grandes, mas terminam bem pequenos

no fim da linha do massacre da serra da rotina

que lacera o íntimo e depois expõe a alizarina

da tarde que parecia um alumínio elétrico de cinzas

escorados no gás de chumbo, da rajada que insistia

nos flancos, pronta para a utopia que se aproxima:

pôr o verso, coar o poema e não adivinhar a poesia.