A caneta se apaixonou pelo papel
No deslumbre de escrever sua dor
Confessou seu amor como um réu
Na luz refletida da sua cor
A caneta fez do papel seu véu
Em letra cursiva escreveu seu louvor
O papel aceitou todo seu amor
Recebeu o sentimento doado
Fez canção do sol a se pôr
Na escrita eternizou o momento
O seu branco corpo seu arpoador
Com sua tinta em ti percorrendo
Mas infiel é o papel
Nele tudo aceita ser escrito
E o amor da caneta era um mel
Doce amor acabou num minuto
A caneta viu desabar seu céu
E o papel prosseguiu seu falso instinto
Um dia o papel conheceu a tesoura