tela/Niolo Cannicci
         Artesania
                            

(Líricas de um Evangelho Insano)
                 

Na olaria a ânfora
 silencia sobre o trabalho do oleiro.
 O oleiro simplesmente molda
 o cheiro forte da terra
 e guarda nas mãos o vértice
 dos grãos...
 O oleiro simplesmente projeta
 sobre o cálice a geometria da cruz,
 e marca a boca da taça,
 com o vinho do amanhã 
 insondável...
 
Suas mãos deslizam sobre as travessias.
 sobre os poros e os cabelos do pó... 
 suas mãos retém as partículas da argila,
 e assim a ânfora guarda do oleiro o pensamento,
 do coração os sentimentos,
 da profunda noite,a  escuridão do olhar...
 do amor, as ciências, o fermento,
 o tormento das vinhas





Disponível em áudio/voz da autora


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