No frescor de outrora quis
ser um espelho d’alma,
o flash da fotografia,
o raio-x
para o amor refletir
a ilusão registrar,
e a essência descobrir;
Porém o tempo escasseou, passeou em mim,
e se passaram muitos fevereiros,
molhei-me em tantas auroras,
encantei-me com a vastidão dos canteiros
dos jardins dos sonhos perdidos,
perdi-me então à sombra da vida;
Hoje vejo e revejo muitos conceitos,
o espelho partiu não reflete,
a fotografia perdeu cor, traços desfeitos,
a ilusão evaporou condensou acima,
chuva de lamentação é o reflexo;
E o que restou?
Restou a experiência vivida,
a dor do “quase”
a esperança do “se”
e a lágrima de não ter você.
ANDRADE JORGE
FEV/06