AI DE VÓS

O ser humano na sua condição carnal se compraz em, fazendo o que aos seus olhos parece bom, ser ou ter esse ato reconhecido, publicado, trombeteado. É tido como tão natural, que, embora os homens reconheçam como fraqueza, louvam-no. Entretanto a filosofia cristã é contrária a isso. Contrária não só no sentido de condená-la e não estimular a notoriedade, como até de esperar recompensa contrária. Ou seja, faz-se um bem aos homens sabendo que se recebe deles um mal. Pois nestes tempos os homens estão ingratos.

Não obstante a filosofia de Cristo ser reconhecida como igualitária, as próprias pessoas que assim pregam, não raro, ainda são incapazes de praticá-la. Veja o que disse Jesus: “E, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam. E, se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo. E, se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis?

Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receber outro tanto. Amai pois a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do altíssimo; porque Ele e benigno até para com os ingratos e maus. Sede pois misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.” Lc. 6:33-36.

O que vemos, entretanto, é que, quando ofendidos, revidam; quando injuriados, amaldiçoam; quando fazendo um bem recebem um mal em troca, se escandalizam.

Fazemos ou pretendemos fazer um bem, e nos surpreendemos se recebemos um mal em retribuição. Por que recebemos um mal em troca de um bem que fazemos? Por que nos escandalizamos?

O homem natural, que não vive segundo os ensinos de Deus e consequentemente não guiado pelo Seu Espírito, age não segundo esse Espírito, mas por conveniência. Sem a operação de Deus, o que o homem fizer não pode ser bom, um bem. Pois o faz movido por seus próprios interesses. O homem é semelhante a um vaso, no qual o seu possuidor coloca o que lhe convém. Quem é de Deus, e portanto pronto para toda boa obra, é usado por Ele para o fim que lhe convém. De Deus provém todo o dom perfeito, e toda a bondade. O querer e o efetuar no cristão, é uma operação de Deus. As obras de justiça que fizermos serão sempre condenadas por aqueles que estiverem andando segundo a carne. Mas assim como o filho da escrava (filho de Agar com Abraão) perseguia o filho da livre (Sara), assim é agora, o que é segundo a carne persegue o que é segundo o Espírito. Fl. 2:13; Gl. 4:29; II Tm. 2:21.

Mas não é melhor ser benditos pelos homens? Disse Jesus: “Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas.” Lc. 6:26. “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.” Mt. 23:13.