É o outono da vida, o cais onde aportam todos os momentos que trazem o perfume singular e sublime da história de cada um, ali no silencio da viagem que se faz para dentro de si é o tempo de folhear o livro da existência, não para corrigir trajetos e nem para definir o que foi importante ou não, e sim para contemplar o amarelado do tempo com seus personagens e todos os momentos que ornaram de flores ou espinhos os nossos caminhos.
A saudade, é um vício, o rasgo que se faz na aquarela da existência para buscar no inanimado do tempo, momentos que gostaríamos que estivessem há dois dias.. Dois anos de nós, mas para serem ainda vividos, é um sal consumido pelas chuvas da vida, um adocicado que o sereno da existência feneceu, o madeirame envelhecido de algo perdido na floresta dos dias, nada mais poderá novamente lhe nominar, senão de... Saudade.
Nem a poesia, ou as orações desenhariam outra sina para as nossas memórias, elas têm olhos tristes, são monumentos no preto e branco da mente que existem para falar-nos do que existe além de uma fronteira que jamais poderemos galgar um retorno, nela os risos são pardos, o inerte da vida nos chega em apertos no peito, e em lágrimas no coração, pois no silencio que a introspecção do pensamento em direção ao passado causa no ser humano, só tem uma causa, imutável, intransferível, posto que é natural de cada um, e que por todo o sempre chamar-se-á para todos, saudade!