SOLIDÃO SOCIAL
O ser humano é um ser social e sociável. Ou seja, vive em grupos e gosta disso. Entretanto percebo que isso está ficando fragilizado e tomando um rumo pouco saudável. Façamos uma breve consideração sobre o tema.
Quando eu fui morar numa pequena cidade do Estado do Pará e tive de mudar da capital do Estado para esse município, pouco tempo depois foi disponibilizada uma estação de televisão com sinal de outra cidade próxima para essa cidade.
Nesse tempo, costumávamos nos reunir à noite em casas de pessoas amigas ou parentes, a fim de ocupar o tempo e interagir com alguns membros da sociedade política. Havia, além da casa do prefeito, outras como de um ex-vereador.
Lá falávamos de tudo. Desde passagem de gado até ocorrências de grande importância na política nacional.
Nesse tempo, eu fiz uma previsão do que iria acontecer após a chegada da tv para a cidade. Eu disse que o movimento que ocorria todas as noites na principal praça da cidade iria diminuir consideravelmente, principalmente no horário das novelas. Também que haveria mudança de hábito por causa dos noticiários televisivos em rede nacional.
A televisão passou a substituir as reuniões, e as amizades cotidianas foram trocadas por companhias virtuais. As pessoas passaram a ficar reclusas em suas casas, por causa da televisão.
Mas eu não imaginava que viria outra onda ainda mais forte para isolar o homem do convívio e das reuniões sociais presenciais. E isso ocorreu com o advento da internet e com as redes sociais, como Orkut, face, twitter, etc. E que esta onda seria pior que as demais, pois faria que as pessoas se isolassem num mundo ou universo só seu.
Alguns andam com os seus smartphones e tabletes ligados o tempo todo se comportando como se fossem zumbis. Aonde podem e tem um lugar para sentar, e até em pé mesmo, estão ligados com o seu mundo virtual. E isso como se aquelas pessoas lá de longe, as quais fazem parte do seu universo, fossem diferentes das que estão em sua volta, das quais não tomam conhecimento e até preferem ignorar, seja pais, irmãos, colegas, amigos, etc. Vivendo, assim, um mundo ilusório, de fantasias, de quimeras e devaneios. E isso é como um vírus, contagiante. Pois faz que alguns se esqueçam dos seus deveres e afazeres, e até de comer.
O que será que está ocorrendo com o ser humano? O que ele busca? Será que há algo que possa suprir esse vazio que há na sua vida cheia de tropeços?
Tem coisas proveitosas na web, as quais muito podem ajudar o ser humano. Mas a maioria busca coisas que de nada aproveita. O tempo dispendido em busca de coisas vãs é muito grande. É preciso reconsiderar isso. O pior é que tem mais lixo do que coisas proveitosas. E isso mostra bem que a maioria dos que acessam a rede é menos qualificada.
Para muitos, a rede é um momento de catarse, diversão e entretenimento. Nela, poucos são os que dedicam o tempo que dispõem na busca de alimento para fazê-lo crescer. Aliás, nela há muita coisa que corrompe, intoxica e perverte.
Que fazer? Se isolar dela? Ela já é uma demonstração da solidão humana e da grande necessidade de ter o coração preenchido com coisas vindas do alto. Pois, de coisas de baixo, o nosso céu está cheio, e elas estão desabando sobre as nossas cabeças, entrando pelos olhos e ouvidos, iludindo os navegantes desavisados.
Mao-AM, 24/03/2014
By Oli Prestes